American Horror Stories 1x03 – Drive-In

A exibição de “Rabbit Rabbit”

ERA EXATAMENTE ISSO O QUE EU ESTAVA ESPERANDO DE “AMERICAN HORROR STORIES”, a série devia ter começado por aqui – talvez assim “American Horror Stories” não confundisse tanto as pessoas (e os fãs chatos de “AHS”) que acham que se trata de mais uma temporada de “American Horror Story” ou que o spin-off deve “servir” àquela série a cada momento. Ryan Murphy precisa se desvencilhar de “American Horror Story” para contar nesse spin-off histórias independentes e completas em 40 minutos, o que era a proposta original de qualquer maneira… incrivelmente superior a “Rubber(wo)man” (não tem nem comparação), “Drive-In” foi um episódio criativo, bem-conduzido, independente e ágil, sem deixar de ser completo – é assim que se conta histórias em séries antológicas (um conceito que eu adoro), e eu me senti assistindo a um episódio de “The Twilight Zone” – e agora eu mal posso esperar pelo próximo episódio, e espero que a série consiga manter (ou elevar) o nível, sem precisar ficar fazendo fan service para fãs de “American Horror Story” – eu sou um deles, mas a série original continua lá, deixe as autorreferências para lá.

Vamos focar em algo novo, que é o que esperamos de um spin-off.

Eu gostei muito da sinopse de “Drive-In”, e percebi que o episódio podia ser ótimo com a abertura, que provavelmente deve se manter como uma das melhores aberturas da série… gostei muito do que o episódio fez ao trazer algo nostálgico como os cinemas drive-ins para a atualidade, o que nunca fez tanto sentido depois de um ano pandêmico como o que vivemos, no qual os cinemas drive-ins realmente voltaram à alta. O episódio aproveita esse recurso, o junta com um filme de terror e algumas histórias macabras, e entrega uma história intrigante, bons momentos de terror slasher, um clímax bem claro e um finalzinho aberto que eu acho que é algo que funciona muito bem em séries antológicas… é assim que “Black Mirror” faz com que continuemos pensando nos episódios quando eles chegam ao fim, por exemplo. Eu adorei esse episódio!

O episódio tem vários momentos. Na primeira parte do episódio, vemos um grupo de amigos falando sobre a exibição de um filme em um drive-in – a ideia é que Chad possa transar com sua namorada, Kelley, basicamente, e, para isso, eles escolhem um filme de terror com uma história macabra por trás sobre uma única exibição feita em 1986, na qual supostamente as pessoas que o assistiram se tornaram assassinas… um verdadeiro caos que culminou na prisão do diretor do filme e no cancelamento de sua exibição – e destruição de todas as cópias. Agora, o filme está prestes a ser exibido novamente, tantos anos depois, e nós sabemos que, em se tratando de “American Horror Stories”, essa não vai ser apenas uma lenda urbana. Então, o episódio trabalha bem com o suspense, porque ficamos esperando pelo momento em que as coisas darão muito errado.

E dão.

A segunda parte do episódio é durante a exibição do filme, quando as pessoas de fato se tornam assassinas, começam a atacar umas às outras, e se transformam em criaturas selvagens – aquilo parece quase um apocalipse zumbi, e aqui temos uma série de cenas dignas de filmes de terror da década de 1980, com bastante sangue, tripas pra fora… e outras coisas. O conceito do episódio é bem interessante, e gostei muito da exploração do cenário de drive-in, com a missão final dos protagonistas sendo encontrar a última fita de “Rabbit Rabbit” para impedir uma nova matança como aquela no dia seguinte. O episódio equilibra bem o tom vintage com o moderno, e entrega uma ótima conclusão, com direito ao vilão explicando bastante os detalhes do seu plano, o que nem sempre é algo assim tão bom, na verdade, mas que funcionou bem nesse episódio.

Gostei bastante da sequência de Chad e Kelley no trailer do diretor, e de como o diálogo foi escrito naquela cena, fazendo várias alusões a histórias reais, a filmes que causaram convulsões, por exemplo, e ainda brincando com referências a “It” ou “Sexta-Feira 13”, e Larry falava sobre como criou um filme de terror no qual “o terror não acontecia na tela, mas na audiência”. A cena é muito boa, Chad e Kelley arrasam conseguindo a última fita e dizendo que viram um pedaço do seu filme, o que também os transformou, só não a ponto de deixá-los loucos, mas tem aquele resquício de mistério quando eles estão indo embora, achando que acabou e Larry pergunta se eles sabem por que ele tem um carro tão caro do lado de fora… e o episódio estava terminando e eu perdendo a esperança de essa resposta vir, quando vemos “Rabbit Rabbit” sendo lançado na Netflix. Acho que o mundo está condenado agora…

Foi o último toque irônico e perverso que coroou o episódio. Serviu à mesma função que as narrações finais de “The Twilight Zone”.

Excelente episódio!

 

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P.S.: Vi muitas pessoas reclamando do episódio, e acho que todos têm direito a acharem o que quiserem. No entanto, devo dizer que algumas reclamações do tipo “40 minutos é pouco tempo pra contar uma história, ficou corrido” ou “não agrega em nada a ‘American Horror Story’” e, ainda, “não tem nada a ver com nenhuma das temporadas de ‘AHS’” não cabem ao episódio… encontre outros motivos para reclamar. “American Horror Stories”, ou qualquer spin-off, não precisa necessariamente estar o tempo todo conectada à série original e ficar explicando “onde ela se encaixa”. E o fato de ser 40 minutos? Bem, foi justamente assim que a série foi vendida: uma história INDEPENDENTE a cada episódio. Séries antológicas estão aí há muito tempo para provar que o formato funciona. “The Twilight Zone” estreou em 1959 exatamente com essa proposta, por exemplo – se não conhece, são quatro séries, a mais recente (e não a melhor, mas ainda assim) de 2019.

P.P.S.: Feliz por ver a crítica no Rotten Tomatoes valorizando esse terceiro episódio. São poucas críticas e não dão ao episódio uma nota estrondosamente alta como se fosse a melhor coisa do mundo, mas enquanto os dois primeiros contam com 20% de aprovação cada um, esse terceiro conta com 60%, porque ele é superior a “Rubber(wo)man”, mas talvez os fãs mais chatos de “American Horror Story” prefiram ver um episódio que se passe na “Murder House”, mesmo que ele não seja muito bom, do que entender que “American Horror Stories” é uma nova série, e não apenas mais uma temporada de “American Horror Story”, no fim das contas.

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