Sítio do Picapau Amarelo (1978) – O Minotauro: Parte 1

“Estou sentindo cheiro de Minotauro”

“O Minotauro” é uma das histórias mais célebres do “Sítio do Picapau Amarelo”, e até hoje uma das lembradas com mais carinho pelos fãs do programa, especialmente pela maneira como a Globo a manteve viva com lançamentos em DVD, no Globoplay e uma reprise no Viva em março desse ano – eu só acho uma pena que a Globo insista nas mesmas três histórias para qualquer lançamento, enquanto outras histórias que adoraríamos ver ficam engavetadas… ou perdidas? “O Minotauro” conta a história de como o monstro da Mitologia Grega invadiu o Sítio de Dona Benta para sequestrar a Tia Nastácia e levá-la para seu labirinto na Ilha de Creta, onde se torna sua cozinheira particular, fazendo bolinhos para saciar sua fome. Assim, o pessoal do Sítio acaba partindo em uma missão de resgate e, é claro, se envolvendo na história de como Teseu derrotou o Minotauro.

O clima de “O Minotauro” é uma delícia, e traz um pouco do que eu mais amo no “Sítio do Picapau Amarelo”, que é isso de a Dona Benta estar contando histórias ou ensinando coisas. A história nos convida a entrar na Mitologia Grega, e eu adoro como ela parece instrutiva em vários momentos… o início da história se passa na sala do Sítio de Dona Benta, com a vovó contando histórias para as crianças, e a minha sensação é de que eu poderia ficar sentado ali a ouvindo falar durante os 18 capítulos e adoraria cada segunda da experiência. Antes de escolher a próxima história que vai contar, Dona Benta pergunta às crianças o que elas querem ouvir, e cada uma quer uma coisa… Pedrinho quer uma história de aventura; Narizinho quer uma história de amor; Emília quer uma história de esperteza; e o Visconde quer uma história da qual se possa tirar algo.

Então, Dona Benta pensa em tragédias gregas, mas começa perguntando às crianças se elas sabem o que é uma “tragédia”, e o diálogo é delicioso de se acompanhar, uma dinâmica incrível entre esse elenco tão carismático. Nos sentimos, também, netos de Dona Benta, e a ouvimos com deleite. Dona Benta explica o que é uma tragédia, fala de sua origem, e é o Pedrinho quem se lembra do Minotauro e pede que a Dona Benta fale sobre isso… enquanto isso, Tia Nastácia vai sozinha para a cozinha para fritar uns bolinhos. A conversa sobre o Minotauro traz alguns momentos de diálogos MEMORÁVEIS, como quando Narizinho pergunta se o Minotauro existiu de verdade, e o Visconde diz que não, que é “apenas uma lenda”, e Dona Benta concorda com ele, mas Emília não deixa passar, e pergunta se ele é apenas uma lenda assim como o Saci, a Cuca, o Curupira…

Até Dona Benta fica sem ter o que responder.

Essa bonequinha é astuta!

Dona Benta diz que se o Minotauro existiu de verdade, ele morreu nas mãos de Teseu, e então adentra na história do monstro que foi aprisionado dentro de um labirinto na Ilha de Creta, construído por Dédalo e seu filho, Ícaro, a pedido do Rei Minos. E quanto mais Dona Benta fala sobre o Minotauro, sobre o Rei Minos, sobre a Grécia Antiga, mais a história se torna real, porque vemos o próprio Minotauro chegando assustador no Sítio, causando medo em todos, embora ninguém o veja a princípio… mas eles escutam mugidos e barulhos misteriosos durante a noite, e isso causa arrepios. Emília, rapidamente parece identificá-lo: “Espere aí. Tô sentindo um cheiro assim. Um cheiro meio de homem, meio de touro”. Naturalmente, ninguém dá atenção à Emília, e o Visconde é o primeiro a dizer que isso é só “fruto de sua imaginação”, mas Emília tem certeza…

É cheiro de Minotauro.

Dona Benta continua contanto sua história, falando sobre as oferendas que são dadas continuamente ao Minotauro, sete moços e sete moças, que o monstro caça dentro do labirinto, por diversão. Curiosa, Narizinho pergunta à vovó como Teseu venceu o monstro, e Dona Benta diz que ele foi ajudado por uma linda jovem chamada Ariadne, que lhe entregou um novelo de lã para que ele pudesse encontrar o caminho para fora do Labirinto depois de enfrentar o Minotauro. Enquanto isso, o Minotauro chega à cozinha de Tia Nastácia, prova um dos seus bolinhos, E A SEQUESTRA. Emília sente o “cheiro de Minotauro” mais forte do que nunca, mas eles só se levantam para ir atrás da Tia Nastácia quando percebem que ela está demorando mais do que o normal para voltarem. A cozinha está vazia, sem sinal nem de Tia Nastácia nem dos bolinhos que ela fora fazer…

“O cheiro que eu estava sentindo! Só pode ser. A Tia Nastácia foi sequestrada pelo Minotauro”

O pessoal até escuta os gritos de Tia Nastácia pedindo socorro, mas ela já foi levada, e eles não sabem por quem – quer dizer, a Emília sabe, mas ninguém quer acreditar nele. Eles vão atrás do Saci, por exemplo, achando que isso tudo foi apenas uma traquinagem dele… afinal de contas, mais cedo, ele estava assustando o Tio Barnabé e o pessoal com a mula-sem-cabeça e tudo o mais, mas ele diz que não foi ele e que viu mesmo um vulto levando a Tia Nastácia embora… enquanto o pessoal do Sítio começa, então, a “investigar o sumiço”, Tia Nastácia é uma prisioneira no Labirinto do Minotauro, mas ela não pode nem mesmo cozinhar para ele, porque, como ela diz, ela não tem ingredientes nem panelas o suficiente… então, o Minotauro prende Nastácia dentro de uma cela, a fecha lá dentro e sai novamente do Labirinto: ele vai em busca de ingredientes!

Assim, o Minotauro retorna à cozinha de Tia Nastácia lá no Sítio do Picapau Amarelo, porque precisa de ingredientes para que ela faça os bolinhos, e então a Dona Benta o vê e não pode mais negar o que Emília está dizendo desde o começo: foi o Minotauro que levou a Tia Nastácia. Com a vovó preocupadíssima, as crianças tentam acalmá-la dizendo que está tudo bem com a Tia Nastácia, porque se o Minotauro veio até ali para pegar coisas de sua cozinha, isso só pode querer dizer que ele a levou para que cozinhasse para ele. Assim, eles só precisam encontrar uma maneira de salvá-la das garras do monstro e, para isso, eles precisarão ir pessoalmente até a Grécia Antiga… e Dona Benta não pode estar mais emocionada com a possibilidade de visitar o Século de Péricles, conhecer pessoas sobre quem ela sempre leu nos livros e quem ela sempre admirou…

Usando a palavra mágica, PIRLIMPIMPIM, as crianças, Emília, Visconde e Dona Benta chegam à Grécia Antiga, e observam encantados tudo ao seu redor, com direito à Dona Benta dando mais aula, dessa vez a respeito das vestimentas que os gregos usavam. Quando um dos homens ali vem finalmente conversar com eles e Dona Benta apresenta todo o recém-chegado grupo, ela quase desmaia quando descobre com quem está falando: Fídias, um grande escultor da Grécia Antiga. Tudo é tão gostosinho nessa chegada à Grécia Antiga, eu adoro! A emoção deles por estarem ali e a curiosidade dos gregos, por terem pessoas tão diferentes dizendo coisas tão “sem sentido” quanto eles: “É isso mesmo, seu Fídias, nós estamos chegando do futuro”, Dona Benta explica, dizendo que são do ano 1978 depois de Cristo – o que, para os gregos, não fazia nenhum sentido.

E que comece a aventura na Grécia!

 

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