Doctor Who (3ª Temporada, 1966) – Arco 026: The Savages

“Very well. I will stay”

UMA DAS MINHAS HISTÓRIAS FAVORITAS NA TEMPORADA! Escrito por Ian Stuart Black e dirigido por Christopher Barry, “The Savages” é o nono arco da terceira temporada de “Doctor Who”, e foi exibido entre 28 de maio e 18 de junho de 1966, em quatro episódios – e é o primeiro arco da série no qual os títulos individuais dos episódios são abandonados. Com uma história intrigante que começa quando o Doctor anuncia a chegada a um “tempo de paz e prosperidade”, mas que acaba sendo um lugar utópico que claramente esconde algum segredo perverso, “The Savages” traz momentos marcantes baseados na ficção científica e na perversidade humana, em qualquer tempo, e uma despedida emocionante para Steven, que recebe uma honra e uma missão.

A TARDIS se materializa em algum momento do futuro, levando o Doctor, Steven e Dodo para uma civilização próspera que estava esperando pela chegada do Doctor, e ele é acolhido por Jano, o líder de um Conselho de Anciãos que está animado em falar sobre tudo o que eles conquistaram e têm a oferecer… e eu gosto de como a história não tarda em nos apresentar a “pegadinha”: já no primeiro episódio do arco, descobrimos qual é a fonte de tamanha “evolução”, e entendemos que os Anciãos sugam a energia vital (bem como o intelecto e os talentos) de outros seres humanos que vivem fora da comunidade e são chamados de “selvagens”. A premissa tem um quê sinistro e quase irônico, mostrando a “perfeição” da cidade em paralelo a uma “selvagem” tendo sua vida sugada…

Curiosa e atrevida, Dodo é a primeira a descobrir o que está acontecendo. Embora seja oferecido a ela e a Steven um tour guiado pela cidade, Dodo se incomoda com os lugares aos quais não pode ir e com as perguntas que não são respondidas, então ela acaba explorando sozinha, e isso a leva até o laboratório onde Nanina estava aprisionada, e ela quase é sugada como uma “selvagem”, mas é resgatada a tempo. É incerto o quanto Dodo entendeu dessa primeira visita ao laboratório, mas ela certamente tem perguntas com todos aqueles equipamentos, e os Anciãos estão preocupados com o que ela pode ter visto… quando ela tenta falar com o Doctor sobre isso, no entanto, ele parece “pouco interessado”, porque está em uma conversa com os Anciãos.

Gosto de como o Doctor é muito inteligente… não é que ele não queira ouvir o que Dodo tem a lhe dizer, mas ele não quer fazer aquilo ali, na frente dos Anciãos; e mostrar-se interessado pelo que os Anciãos têm a contar também pode levá-lo a respostas. Ele mesmo desconfiou, desde o primeiro momento, que alguma coisa estava errada, e ele encontra uma maneira de tirar Steven e Dodo da cidade, rumo à TARDIS, para que eles possam conversar sem ninguém por perto para escutar – e, no meio do caminho, eles encontram um “selvagem” quase morto, o mesmo que Dodo vira no laboratório mais cedo, e o Doctor faz de tudo para ajudá-lo… e aquela é a prova definitiva de que ele precisava para finalmente entender o que os Anciãos estão fazendo naquele lugar.

Por que a cidade é tão “grandiosa”.

Dodo e Steven acabam ficando sozinhos com Wylda, o “selvagem”, quando o Doctor é levado por Edal, um guarda, de volta para a cidade – e, como é natural nessa era de “Doctor Who”, o grupo se separa. Enquanto os companions se unem aos selvagens, com a ajuda do próprio Wylda, que assegura que eles são amigos, o Doctor é ele mesmo COLOCADO NA MÁQUINA DE TRANSFERÊNCIA, o que eu preciso dizer que me causa um pouco de angústia… é assustador ver o Doctor tendo sua energia vital sugada, e os Anciãos estão empolgados, falando sobre “uma fonte de energia de grande valor”. Curiosamente, o erro de Jano foi justamente não querer dividir essa energia do Doctor com os demais, como normalmente acontece, porque ela é incomum e ele vai “se arriscar” sozinho.

E, então, temos uma reviravolta curiosa: é como se o Doctor estivesse “vazando” através de Jano. Não apenas parte do seu intelecto foi transferido ao Jano, mas também suas crenças e consciência, e então o Jano muda a sua maneira de falar, se parecendo muitíssimo com o Doctor, além de se preocupar com Dodo e Steven e quase destruir o equipamento que foi usado naquela sociedade por tanto tempo… ironicamente, eles serão derrotados por sua própria ganância. Enquanto isso, Dodo e Steven se preocupam em retornar à cidade para resgatar o Doctor, e Steven tem um momento maravilhoso usando a arma de luz de Exorse, um guarda, contra ele mesmo… é do que ele precisa para que ele e Dodo possam voltar à cidade e enfrentar os guardas no caminho.

O Doctor demora um pouco para “voltar a si”, mas é um alívio quando isso finalmente acontece, depois de acompanharmos cenas do Doctor em estado quase vegetativo. Antes de retornar para a TARDIS, no entanto, o Doctor quer “fazer alguma coisa”: ele não pode ir embora e deixar que aqueles seres humanos fiquem naquele estado de opressão… então, ele precisa destruir o laboratório dos Anciãos. Para isso, Jano é a chave, porque o intelecto e a consciência do Doctor o trouxeram para o lado dos “selvagens”, então é ele quem lidera com facilidade uma “invasão” ao laboratório, junto com os estrangeiros que finalmente mudaram tudo… é recompensador poder presenciar o momento em que aquelas máquinas símbolo da dominação dos Anciãos são destruídas.

E, agora, o planeta precisará se reerguer, com os dois grupos encontrando uma maneira de trabalharem juntos… e, para isso, o ideal era que eles tivessem alguém como o Doctor: um mediador que zelasse pela justiça e pelo bem-estar de ambos os lados. Então, Steven recebe a proposta de ficar para desempenhar esse papel, e embora inicialmente ele não se sinta plenamente capaz de aceitar tal honra, ele percebe o quanto estão confiando nele e resolve aceitar o convite – é uma responsabilidade e tanto, mas eu acho que é um final bonito para o Steven, que deixou de lado as aventuras na TARDIS por um bom motivo, e certamente fará história naquele lugar. Eu gostava bastante do Steven, então eu vou sentir a sua falta, mas “Doctor Who” é sobre isso: se despedir e recomeçar.

Agora, vamos ao último arco da temporada!

(E mais uma despedida)

 

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