Thor: Amor e Trovão (Thor: Love and Thunder, 2022)

É uma comédia... e funciona.

Mjölnir escolhe uma nova dona e, assim, conhecemos A PODEROSA THOR. “Thor: Amor e Trovão” é uma aventura diferente do herói, e Thor Odinson, em posse ainda do Stormbreaker, divide o protagonismo com Jane Foster, sua antiga namorada que ouve o chamado do Mjölnir e se torna, também, uma heroína… eu vi tanta crítica negativa ao filme antes de assisti-lo que eu não sei se eu baixei minhas expectativas demais ou se eu apenas comprei a galhofa, mas eu me diverti enquanto assistia a “Thor: Amor e Trovão”. Não é um filmaço como outros títulos da Marvel, como “Capitão América 2: Soldado Invernal” ou “Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis” (dois dos meus favoritos no estúdio!), mas é uma comédia pastelona competente – uma grande palhaçada que não se leva a sério, mas a partir do momento em que você aceita que essa é a intenção do filme, você se diverte.

E, pensando nisso, eu fico pensando no que há por trás de algumas das críticas que eu vi… entendo e aceito críticas ao filme pelo roteiro, pelo CGI que muitas vezes não é bom, pelo tom excessivamente de comédia que beira uma produção de Monty Python, mas também vi pessoas que provavelmente nem viram o filme reclamando do fato de Jane Foster ter ganhado os poderes de Thor, usando termos do “cidadão de bem” para criticar tudo o que eles chamam de “lacração” – particularmente, eu estava empolgadíssimo para ver a Jane como Thor, e essa é uma das coisas de que mais gostei no filme, além de ter rendido alguns bons momentos do Thor com ciúmes do Mjölnir. “Thor: Amor e Trovão” é, sim, uma comédia exagerada, pastelona e pode passar do ponto em alguns momentos, mas é um grande besteirol como tantos outros que existem.

Talvez as pessoas não quisessem o “Thor” assumindo esse tom. Eu, por outro lado, me diverti muito.

Acredito que o filme sofre um pouco no quesito técnico, porque temos algumas sequências de ação problemáticas, CGI bem fraco e efeitos que deixam a desejar – o que pode ser um problema para um filme lançado em 2022, e com o orçamento de uma empresa como a Marvel. Os bodes gigantescos, por exemplo, eram de uma computação gráfica digna dos anos 2000 (mas não vou negar que os gritos dos bodes me divertiram), e algumas cenas de ação foram sofríveis, com exceção, talvez, daquela sequência em preto-e-branco da qual gostei bastante. E, no geral, eu achei o filme bonito visualmente, a não ser por alguns efeitos: para os cenários, o CGI funcionou bem, e passei grande parte do filme verdadeiramente encantado com o novo uniforme do Thor… a junção de azul, prata e dourado na armadura, em contraste com a típica capa vermelha, funcionou perfeitamente.

Ficou muito muito bonito!

Thor já se tornou o personagem mais canastrão do Universo Cinematográfico Marvel, e isso não é característica apenas desse filme… a narração de Korg e um teatro quase infantil e bizarro na Nova Asgard são estratégias usadas para relembrar a audiência do que vimos nos demais filmes protagonizados pelo personagem – as batalhas contra Loki e a morte dele, Hela destruindo o Mjölnir e assim por diante… vemos Thor pela primeira vez nesse filme ao lado dos Guardiões da Galáxia, com quem ele já tinha se juntado anteriormente, e a dinâmica funciona bem. Durante a primeira batalha do filme, então, temos uma influência clara do estilo de luta dos Guardiões da Galáxia, com uma trilha sonora impecável (inclusive, a trilha sonora é um ponto alto de “Thor: Amor e Trovão”, com Guns N’Roses, Abba, Enya, etc.), e conhecemos uma espécie de “Thor roqueiro” ou algo assim.

Jane Foster, por sua vez, é reintroduzida na trama fazendo quimioterapia para um câncer em estágio 4 que não está recuando… e, enquanto sua vida corre perigo, ela não deixa de fazer suas pesquisas – até porque talvez possa descobrir algo. Quando a ciência não encontra nada que possa salvá-la, Jane Foster resolve recorrer à “magia asgardiana”, e acaba em Nova Asgard, ouvindo o chamado de Mjölnir que, de certa maneira, foi instruído por Thor a cuidar dela, há muito tempo… infelizmente, o filme não chega a mostrar o primeiro momento em que Jane Foster segura o Mjölnir e se torna a Poderosa Thor (e eu queria ver isso), e vamos encontrá-la já em sua nova função e cheia de poderes mais tarde, durante uma batalha para a qual Thor também foi “convidado”. E é um reencontro cheio de climão – e por mais de um motivo, na verdade…

O vilão do filme é o Carniceiro dos Deuses, um homem que se voltou contra o deus que venerava e, consequentemente, todos os outros deuses, quando sua filha morreu sem ajuda – e, agora, ele está vindo atrás de Thor Odinson… quando as “crianças asgardianas” são sequestradas em uma armadilha do Carniceiro dos Deuses, Thor, Jane, Korg e Valquíria rumam para a Cidade da Onipotência, um lugar onde os deuses se reúnem sob a liderança de Zeus, para pedir ajuda. Não é uma cena séria e/ou dramática: é uma grande esquete de humor, e eu me diverti (e não vou negar que a nudez gratuita de Chris Hemsworth dá um brilho a mais à cena), mas os heróis não conseguem a ajuda que esperavam, porque Zeus acaba sendo um babaca. De qualquer maneira, a batalha termina com a aparente morte de Zeus, quando Thor se volta contra ele por Korg, e Valquíria rouba o seu raio.

(Agora o Percy precisa recuperá-lo antes do solstício).

Thor, Jane, Valquíria e Korg formam uma boa equipe, que vai até a origem da escuridão para poder salvar as crianças sequestradas, em uma sequência inusitada de ação em preto-e-branco, porque “até a cor tem medo de entrar ali”, efeito quebrado apenas pelas luzes que emanam azuis do Mjölnir e do Stormbreaker e reflete nas capas vermelhas, ou o raio amarelo da Valquíria… achei um conceito visualmente interessante, mas a batalha não leva a lugar algum, e as crianças estão em outro lugar. Quem as salva, por fim, é o Thor, que “precisa seguir sozinho” e concede os seus poderes temporariamente às crianças – uma sequência zoada, mas que, por algum motivo, me fez pensar em “Shazam!”. As crianças são resgatadas, mas o Carniceiro dos Deuses consegue o seu objetivo, que é usar o Stormbreaker para abrir um portal até a Eternidade, onde poderá fazer um pedido.

A conclusão do filme foi, provavelmente, o que eu menos gostei em “Thor: Amor e Trovão”. Toda a parte de Jane Foster foi bonita e emocionante, e eu não esperava que ela fosse mesmo morrer, mas foi uma morte digna e heroica que lhe garantiu a entrada em Valhalla, e eu acreditei no seu sacrifício… o que me pareceu meio forçado e estranho foi a súbita mudança de opinião e de atitude do Carniceiro dos Deuses, e mais pela forma como foi feita e atuada do que, de fato, pelo que estava acontecendo, porque é uma conclusão baseada no diálogo e na emoção, e eu poderia ver isso tranquilamente em uma HQ, mas alguma coisa da sequência fez com que faltasse verdade, para mim… assim como o “epílogo” com o Thor todo paizão cuidando de Love, que parece ter tentado vender uma relação de pai e filha que, infelizmente, nós não compramos, porque não tivemos tempo para isso

Mas, de todo modo, Thor retornará. E vamos ver como.

 

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