The Sandman 1x10 – Chapter 10: Lost Hearts

“It was a privilege being human with you”

QUE BELA FINALIZAÇÃO DA PRIMEIRA TEMPORADA! Ainda temos, pela frente, um episódio especial que adaptada duas excelentes histórias do Volume 3 de “The Sandman”, “Calíope” e “Um Sonho de Mil Gatos”, mas como esse é um episódio “extra” lançado alguns dias depois do fim da temporada, considero que “Lost Hearts”, que é a finalização de “Casa de Bonecas”, segue sendo o primeiro Season Finale de “The Sandman” – e, agora, ficamos esperando a adaptação de “Estação das Brumas” na segunda temporada. Adaptando com maestria os dois primeiros arcos da HQ de Neil Gaiman, “The Sandman” conseguiu entregar uma obra visualmente belíssima, e que emocionou e empolgou os fãs do material original, ao mesmo tempo em que chamou a atenção de quem nunca tinha lido a HQ antes, arrebatando toda uma nova legião de fãs.

É um sucesso impressionante e merecido!

“Lost Hearts” tem alguns momentos “independentes” – coloco entre aspas porque eles não são, de fato, independentes, mas são três atos bem definidos da conclusão dessa história. Primeiro, retornamos ao hotel no qual a “Convenção de Cereais” está acontecendo, para acompanharmos à conclusão de “Colecionadores”, que foi retirada do episódio anterior (o que me deixou surpreso ao assistir, porque estava esperando por Morpheus fazendo os assassinos “despertarem” para seus atos), e é excelente! A sequência traz Coríntio contando a Rose Walker o porquê de Sandman a estar observando de perto e o porquê de ele querer, supostamente, “salvá-la”, e o embate de Sandman e Coríntio foi muito interessante de se acompanhar, enquanto Rose começava a “derrubar as paredes entre os sonhos”, aqui entre os sonhos dos serial killers.

Quando Coríntio, o segundo arcano fugido do Sonhar, é capturado (e destruído, porque Sandman não pode apenas prendê-lo, depois de tudo o que ele causou na humanidade), Morpheus se dirige a todos os “Colecionadores” que estão presentes na Convenção de Cereais, e então ele retira deles a ilusão de que eles são vítimas e de que seus atos são justificados, fazendo com que todos eles percebam o horror de suas ações, que sintam a dor de suas vítimas e o luto daqueles que ficaram para trás… que percebam a monstruosidade de tudo aquilo que até então se orgulhavam. Sempre gostei muito dessa finalização de “Colecionadores”, porque, infelizmente, não desfaz as ações de todas aquelas pessoas, mas lhes causa um sofrimento perverso equivalente ao que fizeram, enquanto eles se desprezam e precisam lidar com a dor e a culpa.

É algo sombrio, se pensarmos sobre isso.

Depois de ter escapado de Coríntio e salvado o irmão, Rose Walker tem um dia normal, sabendo que, naquela noite, quando dormir, o Senhor dos Sonhos virá atrás dela porque ele precisa matá-la – o Vórtice precisa ser destruído antes que ele destrua todo o Sonhar e o Mundo Desperto. E, então, entramos em uma sequência que foi incrível de se ler nas páginas da HQ, e que ficou interessantíssima de se assistir na série: o momento em que Rose Walker derruba as paredes entre os sonhos e os torna todos um único grande sonho… eu adoro a atmosfera de sonho que “The Sandman” evoca, amo a estranheza, o exagero, a mescla paradoxal de utopia e horror, e o Vórtice começa a causar todo o estrago prometido, e a própria Rose sabe que ela precisa deixar que Morpheus faça com ela o que precisa ser feito: qualquer coisa para salvar aqueles que ama.

O confronto sereno do Sonho e do Vórtice é belíssimo, poético… e visualmente impressionante. Amo aquele cenário branco e inóspito em contraste à capa preta esvoaçante de Sandman, amo a “despedida” de Gilbert, dizendo a Rose que “foi um prazer ser humano com ela”, voltando a ser o que costumava ser: Verde do Violinista, um lugar… o lugar onde, agora, Sonho está pronto para destruir o primeiro Vórtice dessa era, mas ele não sabe que ainda existem surpresas por vir: uma nova visitante que chega ao Sonhar e que pode salvar a vida de Rose Walker: Unity Kincaid, aquela que estava destinada a ser o Vórtice dessa era, mas que caiu num sono profundo por causa da Doença do Sono quando Sandman foi aprisionado, e que agora está pronta para reassumir esse “papel”, que devia ter sido seu há muito tempo, para salvar a vida de sua bisneta e o mundo.

É razoavelmente simples, mas bonito, e o conflito se resolve… Rose Walker retorna para uma vida normal, ao lado do irmão e dos amigos que fizera nos últimos episódios, enquanto Morpheus tem uma última coisa a resolver, graças a algo que percebera na fala de Unity Kincaid a respeito de como seu bebê foi gerado: aparentemente, era obra de Desejo, que planejou que Rose Walker se tornasse o Vórtice de Sonho, tentando forçar o irmão a matar alguém “da família”. É perfeitamente intensa e eletrizante a cena em que Sonho visita Desejo, tentando deixar bem claro que, por mais que tente, Desejo não tem poder o suficiente contra ele, a Morte e o Destino… mas isso não quer dizer que Desejo não vá continuar provocando – afinal de contas, é um confronto entre Sonho e Destino que coloca em andamento o próximo arco de “The Sandman”.

Por ora, no entanto, Morpheus retorna para o Sonhar, porque ele tem coisas a fazer por lá – e pode deixar que Lucienne fique a cargo de algumas coisas além da biblioteca enquanto ele estiver ocupado… afinal de contas, ele estivera fora por mais de um século. Amo ver o Morpheus aos poucos começando a “mudar”, algo que talvez não parecesse possível antes, mas ele está entendendo que não pode esperar que tudo seja como era antes de ele partir… muito tempo se passou. Sua cena com Lucienne e com Gault, agora oficialmente convertida em um sonho, é uma das mais bonitas do episódio, sem qualquer dúvida! “The Sandman” ainda tem muita história a contar, e o fim de “Lost Hearts” brinca com isso ao nos levar brevemente de volta ao Inferno, onde parece que Lúcifer tem um plano… algo que ele nunca fizera antes, e que vai abalar a todos.

É hora de “Estação das Brumas”.

 

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