Thunderbolts* (2025)
*The New Avengers
A primeira
coisa que eu gostaria de dizer é que eu
não esperava que eu fosse gostar tanto! Lançado em maio de 2025, “Thunderbolts*”, que vem mesmo com esse
asterisco nada discreto no título do filme, traz ao Universo Cinematográfico
Marvel uma equipe diferente e na
melhor época possível: encerramos um ciclo com “Ultimato”, o mundo está “precisando de Novos Vingadores”, e os
Thunderbolts – que surgiram nos quadrinhos pela primeira vez em 1997 – são uma
equipe inusitadamente competente… eles não são os super-heróis tradicionais aos
quais estamos habituados, e eles nem virão a ser, e sabe o que é mais legal? Eles não precisam ser. É justamente a
aparente disfuncionalidade da equipe que os torna tão interessantes de se acompanhar.
Os
Thunderbolts não escolhem ser uma equipe, nem são “recrutados” como o Nick Fury
fizera com os Vingadores – eles são mais forçados a trabalhar juntos para fugir
de uma situação no mínimo complicada
e, quando percebem, eles já meio que são uma equipe… marcados pela imperfeição,
certo egoísmo de fachada e muito problema para lidar com os próprios fantasmas,
eles funcionam assim mesmo, dessa maneira meio quebrada que rende tão bons momentos e que inevitavelmente torna a
equipe e o filme carismáticos. Em algum momento, eu estava tão fascinado por
cada interação entre eles que eu já nem me importava com mais nada… eu estava
ali para curtir a dinâmica entre aqueles personagens. Agora, eu mal posso
esperar para voltar a vê-los!
Como líder
dessa nova equipe temos Yelena Belova, uma Viúva Negra marcada pela morte de
Natasha e que está trabalhando para Valentina Allegra de Fontaine, apagando
vestígios de atividades ilegais e experimentos em humanos que podem causar um impeachment, e quando ela não é mais útil para Valentina, ela é enviada até o
Cofre com uma “missão” – na verdade, é a forma encontrada por Valentina para se
livrar não apenas de Yelena, mas de dois antigos empregados: John Walker, o
Agente Americano, e Ava Starr, a Fantasma. Os três foram enviados para matar
uns aos outros e, como precaução, morrer incinerados eventualmente, caso a
matança não desse certo… Valentina não contava com uma variável, no entanto: um
cara chamado Bob.
Bob é, de
certa maneira, o protagonista do filme a meu ver – é ele quem conduz toda a
trama através de seus três “momentos”. Primeiro como “apenas Bob”, um rapaz
confuso que despertou naquela instalação sem nenhuma memória de como veio parar
ali; depois, assumindo o seu nome de Robert Reynolds e sendo “transformado” no
Sentinela por Valentina, como a arma mais poderosa que ela poderia ter criado e
que, para seu assombro, não está sob o seu controle; e, por fim, como o Vácuo,
que é a entidade que ele se torna quando seu
outro lado sai de controle. É um personagem que funciona muito bem, e eu
gosto de como “Thunderbolts*” explora
a sua relação com Yelena desde o início,
dando substância ao que acontecerá no clímax do filme.
Yelena,
Walker e Ava são forçados a trabalhar juntos a partir do momento em que percebem
que Valentina está tentando matá-los – e eles podem ser pessoas não tão boas
que cometeram erros no passado e fizeram coisas erradas, e podem até não se
importar uns com os outros, mas eles precisam
se ajudar se quiserem salvar a própria vida… e Bob funciona bem com o trio.
Sinto que a escalada dos quatro foi o momento em que eu tive certeza de que gostaria da equipe e do filme. Quando
Valentina descobre que “o tal de Bob” é um sobrevivente do seu Projeto
Sentinela, ela faz de tudo para colocar as mãos nele, e acaba sendo “fácil”
quando ele se sacrifica para que os outros três consigam escapar da instalação…
e ele revela poderes que nem ele sabia que tinha…
E um tanquinho delicioso que nós também
não sabíamos que ele tinha.
Com
Valentina levando Bob com ela para fazer sabe-se lá o quê e os outros três
tentando fugir da perseguição, a equipe aumenta – ganhamos a companhia de
Alexei Shostakov, o Guardião Vermelho que também é pai de Yelena, e Bucky
Barnes, o Soldado Invernal que os captura como testemunhas para o impeachment
de Valentina… não demora muito para que ele entenda que eles estão dizendo a
verdade com essa história toda do Bob, e os cinco precisam “ser uma equipe”,
nem que temporariamente, para deter Valentina e resgatar Bob. O problema, é
claro, é que Valentina já transformou Bob no Sentinela: E QUANTO PODER! Ela
mesma fala sobre como ele é mais poderoso
que todos os Vingadores juntos, e ele derrota os Thunderbolts praticamente
sem sair do lugar.
A
transformação de Bob é causada pelo excesso de poder, as palavras de Valentina
e os fantasmas do passado que sempre fizeram com que ele se sentisse sozinho…
com que ele sentisse um vazio, um vácuo dentro de si. Quando ele se recusa
a fazer o que Valentina pede, porque “não precisa obedecer a ela”, ela tenta
“desligá-lo”, mas ela não tem ideia do que criou com os seus experimentos. Bob
retorna não como o Sentinela, mas como o Vácuo… uma criatura sombria que parece “apagar pessoas da existência”. Os
Thunderbolts estavam no meio de uma crise
e de reconhecer que eles não são uma equipe e não podem fazer nada – até
que eles são obrigados a fazer alguma
coisa. E temos uma das melhores cenas de ação dos Thunderbolts no filme…
No fim, eles
agem como heróis.
Enfrentar o
Vácuo, no entanto, não é necessariamente uma cena de ação, não é algo que se
resolve com socos e tiros… é necessária uma espécie de viagem ao subconsciente.
As pessoas que estão “desaparecendo” não estão morrendo nem sendo consumidas,
mas estão sendo “aprisionadas” em algum tipo de universo compacto no qual
enfrentam suas piores memórias, vergonhas, medos e traumas. Respirando fundo,
Yelena entra por vontade própria nesse “universo”, em busca de Bob – do verdadeiro Bob, e não dessa versão
distorcida dele. A jornada de Yelena por seu passado traz momentos de seu
treinamento como Viúva Negra e de problemas com bebida, até que ela chegue em
Bob, encolhido e escondido no seu quarto de infância, em sua própria memória
ruim…
Gosto
muitíssimo da sensibilidade da cena e de como há humanidade no roteiro! Todos os
outros Thunderbolts também entram voluntariamente nesse mundo de sombras – seja
por Bob, seja por Yelena… mas estão todos ali, eles são uma equipe. É bastante
simbólico o caminho que eles fazem para fora
do Vácuo, porque eles precisam ajudar o Bob a enfrentar seus próprios fantasmas
e a não sucumbir ao que seu alter ego
deseja… ele quase perde o controle e é consumido pelo Vácuo em uma memória em
um laboratório na Malásia, quando entrou para o Projeto Sentinela, mas Yelena e
o restante da equipe conseguem trazê-lo de volta mostrando e o convencendo de
que ele não está sozinho… ele parece o Bob do início do filme quando volta à
realidade.
Talvez o
filme termine “sem final” se pensarmos que Valentina não foi presa nem
denunciada pelos seus crimes no fim das contas – ela é astuta demais para isso.
Ela tem a imprensa na sua mão e pega os Thunderbolts desprevenidos quando os
anuncia como OS NOVOS VINGADORES depois de eles terem salvado toda a cidade e
tudo o mais… mas Yelena é clara quando diz que ela está na mão deles agora. De todo modo, eles estão oficialmente
trabalhando como os Novos Vingadores agora, ocupando a antiga torre de Tony
Stark, que foi comprada por Valentina, e uniformes com o “A” de “Avengers”, e
se perguntam sobre questões de copyright
e conflitos de nome com uma equipe convocada por Sam, por exemplo. Independente
do nome, no entanto, foi uma EXCELENTE apresentação dessa nova equipe!
Ainda os
veremos novamente!
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