A Casa das Sete Mulheres (2003)
“Sete cartas, sete destinos se fundem num só”
Exibido
entre 07 de janeiro e 08 de abril de2003, em 51 capítulos, “A Casa das Sete Mulheres” é uma das minisséries mais marcantes da
Rede Globo, contando a história da Revolução Farroupilha ao longo dos quase 10
anos que durou a guerra, não apenas a partir do ponto de vista de republicanos
e soldados imperais, mas especialmente da perspectiva daquelas pessoas que
ficaram à margem da guerra e tiveram suas vidas igualmente marcadas por ela…
mulheres que tiveram que se retirar de lugares próximos aos campos de batalha e
se isolar em estâncias da família no interior, onde aguardaram, ouviram histórias
da guerra (o que era um dos poucos remédios contra o tédio), e viveram tudo
mais intensamente do que o viveriam em tempos de paz.
Adaptado do
livro homônimo de Letícia Wierzchowski, de 2002, a minissérie foi adaptada por
Maria Adelaide Amaral e Walther Negrão, que fizeram uma série de alterações em
relação à obra original, mas mantiveram o conceito de voltar-se àquelas pessoas
isoladas e que aguardavam, rezavam e torciam para que a próxima notícia de
morte não fosse de um dos seus… assim, acompanhamos as mulheres da família de
Bento Gonçalves, que se retiram de Pelotas para a Estância da Barra (com a
Estância do Brejo, da “Tia Antônia”, também sendo um cenário recorrente de “A Casa das Sete Mulheres”), sob o olhar
e o protagonismo de Manuela, a Noiva de Garibaldi, que registrava os eventos da
guerra e sua própria história e de sua família em diários.
(Pelo menos
na minissérie)
As sete mulheres a que se refere o título
da minissérie são: Dona Caetana, interpretada por Eliane Giardini, a esposa de
Bento Gonçalves; Dona Ana, interpretada por Bete Mendes, e Dona Maria,
interpretada por Nívea Maria, as irmãs de Bento Gonçalves; Manuela,
interpretada por Camila Morgado, a mais velha das filhas de Dona Maria e
Anselmo, e suas irmãs Rosário (Mariana Ximenes) e Mariana (Samara Felippo),
todas sobrinhas de Bento Gonçalves; e, por fim, Perpétua, interpretada por
Daniela Escobar, a filha mais velha de Caetana e Bento. Embora não entre na
“contagem” das sete mulheres, por morar em outra estância próxima, também é
importante ressaltar a presença de Antônia, irmã de Bento Gonçalves,
interpretada por Jandira Martini.
Todas
desempenham papéis importantes na história, e vivem intensamente os romances,
as perdas, as amarguras, as esperanças e as dores proporcionadas pelo tempo de
guerra. Maria vive marcada por um passado infeliz que a faz “descontar” a sua
infelicidade nas três filhas; Perpétua se apaixona por um homem casado, sem
saber que ele é casado, e precisa vencer a própria culpa antes de ser feliz; Rosário
se apaixona por um soldado caramuru, em um romance belo, intenso e trágico como
as histórias shakespearianas; Mariana anseia por um casamento, qualquer que
seja, até encontrar o amor de verdade ao lado de um peão que é detestado pela
mãe; e Manuela se apaixona por Giuseppe Garibaldi, um estrangeiro bonito e
heroico que passa por ali…
Impossível
não amar Manuela e não torcer por ela, mesmo quando sabemos que a história não
está ao seu lado, e que a eterna “Noiva de Garibaldi” vai viver os seus dias
esperando por Giuseppe e sonhando com ele, mesmo muito depois de ele partir do
Rio Grande do Sul… o romance intenso e verdadeiro que dura apenas algumas
semanas deixa, sim, marcas eternas, mas também deixa de ser concreto quando
Garibaldi parte para Laguna, em Santa Catarina, conforme a revolta dos
republicanos contra o Império do Brasil se espalha pelo sul do país, e ele
conhece Anita Garibaldi, sua futura esposa e mãe dos seus filhos. Há muito
drama e muita dor à qual somos convidados a compartilhar, e o fato de Manuela
ser “sensitiva” torna tudo ainda mais
intenso.
“A Casa das Sete Mulheres” foi um grande
sucesso, e é amplamente reconhecida como uma obra-prima da teledramaturgia
brasileira. Tanto as atuações quanto a direção e o texto contribuem para a
criação de uma obra memorável que marcou uma época, contando a história da
maior guerra civil que o Brasil já conheceu, com liberdade criativa o
suficiente para aproveitar figuras históricas e familiares em uma obra de
ficção que pode, porque a ficção assim o permite (!), romantizar elementos e
ficcionar eventos e pessoas. Assim, nascem personagens que vivem histórias que,
verdade ou não, são representações belíssimas (e potencialmente dolorosas) a
respeito dos efeitos que a guerra tem sobre a vida e o psicológico das pessoas,
e as relações entre elas.
Para mais
postagens de “A Casa das Sete Mulheres”,
clique aqui.
Visite também “Teledramaturgia
Brasileira” em nossa página.
.jpg)
Comentários
Postar um comentário