[Series Finale] The Sandman 2x11 – Chapter 21: A Tale of Graceful Ends
“You are
already a new Dream”
A poesia que
mescla melancolia e beleza está vivíssima em “The Sandman”. “A Tale of
Graceful Ends” é o episódio que oficialmente encerra a série – embora ainda
tenhamos a adaptação de uma história protagonizada pela Morte em uma HQ
independente, no episódio especial lançado uma semana depois da Parte 2 da
temporada –, e traz um recomeço para o Sonhar: estamos nos despedindo de
Morpheus, o antigo Sonho dos Perpétuos, e recebendo Daniel, o novo Sonho. Novo
e diferente, mas, de alguma maneira, o
mesmo. É propositalmente paradoxal a maneira como Daniel Hall era um bebê
no dia anterior, nascido há poucos meses, e agora é Sonho dos Perpétuos, um ser
que existe desde o começo do tempo… e ele é ambos ao mesmo tempo.
Naturalmente,
tudo é muito novo para esse Sonho dos Perpétuos. Assim como aconteceu com o
Coríntio, recriado novo a partir do antigo e diferente dele, embora traga
algumas memórias, Sonho tem memórias de quando fora outro Sonho. Ele dá a Coríntio e a Nuala os seus aposentos de
volta, por exemplo, e ele corrige Caim quando ele vem pedir que ele traga Abel
de volta falando sobre o acordo que fizera “com seu antecessor”: não é seu
antecessor, o contrato de Caim é com ele,
porque ele é Sonho – embora não seja
Morpheus. Para Lucienne, Sonho confessa o quanto tudo é novo para ele, e o medo
que está sentindo porque conhecerá seus irmãos pela primeira vez naquela noite,
e ele espera poder contar com o seu apoio.
Ela, no entanto, não tem certeza se continuará ali por muito tempo…
Talvez seu lugar fosse ao lado de Morpheus.
Sonho dos
Perpétuos ainda vai levar algum tempo para entender quem é e a extensão de suas
responsabilidades e, nesse momento, ele atende ao pedido de Caim, trazendo Abel
de volta à vida, e cria um novo/mesmo Mervyn a partir de uma nova abóbora que
ele mesmo cria e esculpe. Ele se detém, no entanto, no momento em que traz
Gilbert de volta. Ele diz ao Verde de Violinista que ele é e sempre foi parte
fundamental do Sonhar, mas Gilbert diz que ele é uma ideia do antigo Sonho, e ele terá suas próprias… se ele seguir
trazendo todos de volta, suas mortes e, consequentemente, suas vidas não terão
sentido. Morpheus morreu por amor, morreu pelo filho, para que Daniel fosse o
Sonho que ele não pôde ser, e se ele o trouxesse de volta, isso não
significaria nada.
É Gilbert
quem ajuda Sonho a entender que ele precisa seguir em frente…
E que ele
pode ser um “Novo Sonho”.
Assim,
precisamos deixar Morpheus partir… seu Reino e seu legado permanecerão. No
Palácio no centro do Sonhar, acontecerá o funeral para o qual os convidados
mais diversos estão chegando. Temos Hob Gadling, o amigo com quem Morpheus se
encontrava a cada 100 anos; Johanna Constantine, que gostava dele mais do que
jamais lhe disse em vida; Alex Burgess, com quem ele consertou sua relação
antes de partir. Nuala quer acreditar que aquilo é um sonho ou um pesadelo, mas
é de fato um sonho… onde mais seria o funeral do Rei do Sonhar? Hob parece
incrédulo, porque Sonho não pode estar morto, e é linda a cena na qual ele e
Lucienne se “reconhecem” porque Morpheus falara de ambos um para o outro. O Novo Sonho observa de longe.
Sonho, o
novo, não participará do funeral. É adequado que ele surja apenas após a
cerimônia. Então, ele observa enquanto novos convidados chegam: Rose Walker,
Hettie, a corte do Mundo das Fadas… os últimos convidados esperados por
Lucienne são a família. A chegada dos
Perpétuos ao funeral de Sonho é uma das cenas mais intensas e bonitas do
episódio, repleta de verdade e sentimento a cada segundo. É forte demais ver as
lágrimas duras no rosto sério de Desejo, por exemplo, porque todos acreditavam
que isso era justamente o que Desejo queria… ile não dissera que o faria
derrubar sangue da família um dia? Destino pede que Lucienne fale no funeral,
Desespero convence Matthew a pelo menos estar presente, e Morte estende a
mortalha sob a qual o corpo de Sonho aparece.
O visual e a
trilha sonora concedem à cena o tom necessário… é um pesar coletivo, repleto de
dor e lágrimas, mas também de beleza, porque Sonho era amado por mais pessoas
do que imaginava – sua ausência será sentida. Destino fala sobre como se
lembrarão dele, lhe prestarão respeito e, enfim, esquecerão dele; Desejo fala
sobre tudo o que ele era e com o que se identifica; Desejo fala sobre como
Sonho era uma criatura de esperança; Delírio, que inicialmente não sabe o que
dizer, fala sem parar sobre sentir medo, e ela entende perfeitamente como Sonho
também sentia medo ou por que ele não gostava de perguntas. Os discursos são
sinceros e combinam com cada personagem, construindo uma cena poderosa e
sentimental.
Lucienne
fala sobre como ela não quer, não pode
e não vai esquecer Morpheus, porque ele era parte dela, assim como era parte de
cada um deles… a dor de Lucienne é palpável, o seu amor exposto sem máscaras ou
vergonha, e talvez Lucienne seja, ao lado da Morte, a pessoa que melhor
conhecia Sonho. Ela fala sobre o ter assistido mudar e fala sobre como, agora, a sua morte mudará todos eles. Por
fim, a Morte é a última a falar, a irmã que mais o conhecia e, possivelmente,
mais o amava, e ela fala sobre como todas as histórias chegam ao fim para que
uma nova possa começar. Se não querem esquecê-lo, ela pede que contem a sua
história, que deixem que a sua história o inspire… então, o barco com o corpo
de Morpheus parte em um lago do Sonhar…
É lindo, é
poético, é mágico, é arrepiante.
Também amo a
conversa que Morte tem com o Hob logo depois… e ele vai continuar vivendo.
Destruição
não aparece no funeral… mas ele faz uma visita tocante ao Sonhar para conversar
com quem fora Daniel Hall e, agora, é o novo Sonho dos Perpétuos. Destruição
fala sobre responsabilidades e sobre opções, mostrando a ele que ele tem
escolhas. Gosto particularmente de como ele conclui a conversa falando sobre o
que cada um dos irmãos “define”: a Morte define a vida; Desespero define a
esperança; Desejo define o ódio; Destino define a liberdade. Sonho pergunta,
então, o que ele define, e Destruição responde: “A realidade, talvez”. É um texto tão bom, uma cena tão linda. Esse
é o primeiro outro Perpétuo que Sonho conhece, em breve conhecerá os demais… Destruição diz que não será tão ruim quanto
ele pensa.
Daniel
também tem pendências com o Mundo Desperto que talvez precise resolver, e o faz
quando Lyta “escapa” do funeral para buscar por seu filho, mas ele não é mais
Daniel… ele fala sobre como a parte mortal de Daniel foi queimada e a parte
imortal transfigurada em Sonho dos Perpétuos quando ela, Lyta, trouxe a morte a
Morpheus. Ela o fez buscando vingança, como Sonho ressalta, e não a deixa não
perceber que foram suas atitudes que a fez perder seu filho para sempre. Mas a
conversa é importante, porque esse Sonho entende que a vingança é uma estrada
sem fim, e ele não vai se vingar: ela não tem o que temer, já sofreu o
suficiente. Ela gostaria de ter seu filho de volta, e ele diz que ela o tem e
ele estará ali sempre que precisar… ele
também precisará dela.
Sonho abraça
a mãe e a manda ir em paz e viver sua vida… eles
se verão nos sonhos.
A cena com
Lucienne é, talvez, a minha favorita. Ela falara, antes, sobre não ter certeza
de que aquele ainda era seu lugar, sobre seu lugar ser ao lado de Morpheus, mas
quando ela encontra com Sonho após o funeral, ela começa a entender a
complexidade de ele ser um recém-nascido e existir desde o início do tempo. Ele
é um novo Sonho e, de alguma maneira, também é o antigo. Lucienne o entende,
finalmente, e fala sobre como ele é o primeiro Perpétuo que também é humano, e
é essa parte dele que também é Daniel que fará toda a diferença. Então, ela
anuncia que ele não estará sozinho, se
ainda precisar de uma bibliotecária. Sonho diz que ele precisa de uma Primeira Ministra. O sorriso de
Lucienne tão repleto de emoção… eles finalmente se encontraram.
Já amo a
relação.
Depois, o
novo Sonho encontra Hob Gadling… a morte de Morpheus, seu amigo, o afeta
profundamente, mas ele decidiu que ainda tem muito a ver, o acordo feito com o
antigo Sonho segue valendo, a Morte segue tendo vencido aquela aposta – mas a
cena deixa claro que existe algo remanescente da relação deles ali, e que, com
o novo Sonho, existe uma amizade que pode continuar florescendo. Adoro a
conversa sobre Shakespeare e o flashback
que nos traz de volta o antigo Sonho e a sua fala sobre finais graciosos e sobre ele
ser uma ilha e, portanto não poder mudar… ele estava errado, ele podia
mudar, e mudou o quanto se permitiu; então, morreu por amor e deu lugar a um
novo Sonho, para que ele pudesse ser a mudança que ele não se permitiu ser, que
não se atreveria a ser.
É tão
simbólico e tão belo.
Em 100 anos, Sonho e Hob têm um encontro
marcado.
Agora, Sonho
está pronto para conhecer a família.
Gosto de como o episódio termina sem que possamos acompanhar de fato essa
primeira reunião dos Perpétuos, porque todas as informações estão ali. Tivemos
um episódio para conhecer um pouco do novo Sonho, e é lindinha a animação
contagiante com a qual os Perpétuos o recebem, todos falando ao mesmo tempo e
de maneira acolhedora – quer dizer que Sonho ficará bem. Ele está sorrindo
quase timidamente, se prestarmos atenção, e isso é algo que o outro Sonho
também pouca se permitia fazer. Sonho
está feliz. Ele é convidado a se juntar a eles e se sentar à mesa, e
Lucienne fecha as portas também com um sorriso no rosto, também satisfeita e
com a sensação de dever cumprido.
Uma
finalização perfeita. QUE UNIVERSO E QUE SÉRIE INCRÍVEIS!
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