Máscaras de Oxigênio Não Cairão Automaticamente – Episódio 3: Fera Solta no Peito
Novo esquema.
O plano de
trazer AZT escondido para o Brasil precisa de ajustes e mais pessoas se
envolvem no “esquema”, por motivos distintos. Exibido em 14 de setembro de
2025, “Fera Solta no Peito” é o
terceiro episódio de “Máscaras de
Oxigênio Não Cairão Automaticamente” e, novamente, eu preciso dizer: QUE
EPISÓDIO EXCELENTE. Nando ainda está tentando processar a rejeição em um ato
covarde de Caio que não permitiu que a história deles tivesse um desfecho de
verdade, qualquer que fosse ele, e Lea tenta “animá-lo” falando sobre todas as
pessoas que eles vão ajudar com os remédios que estão trazendo dos Estados
Unidos, enquanto continua a batalha constante contra o preconceito, a
desinformação e o desinteresse do governo.
Nando está
seguindo com sua vida… tomando AZT e trazendo medicamento para um monte de
outros pacientes, ele pensa no futuro e anuncia um casamento com Lea, por
exemplo. É um casamento de fachada com sua melhor amiga, mas que vai dar um pai
para a criança que ela está esperando, já que Barcelos não vai assumir a
criança, que ele acredita que foi tirada em uma clínica em Nova York. O esquema
do AZT vai crescendo: Fernando pede receita para ele e para outros 18 pacientes, e pede que a Dra.
Joana cobre um pouco mais caro dos
pacientes para quem ela está vendendo o remédio, para que ele possa ter
dinheiro para comprar para pessoas que precisam e não podem pagar, como ficou
combinado com o Raul… e, por ora, funciona.
Uma das
melhores cenas do episódio vem na forma de uma entrevista dada por uma atriz
com HIV positivo na televisão: ela é rebelde e esclarecida e diz o que precisa
ser dito. Ela já começa refutando o termo “câncer gay” com os dizeres: “Falar que só pega viado é muito conveniente
para a família brasileira. A pessoa pra acreditar nisso tem que ter a cabecinha
desse tamanho, né?”. A entrevista é tudo o que queríamos ouvir: ela traz
informação, falando sobre os modos como se infecta e como não se transmite, e confronta preconceitos e verdades que a maior
parte da população se recusa a reconhecer. Ela ainda diz que o preconceito e a desinformação também matam.
Essa entrevista faz com que Iara repense algumas atitudes e vá visitar o irmão
que está morrendo no hospital, por exemplo…
Toda a trama
de Iara e Guga no episódio é muito boa!
A atriz, que
estava dando uma entrevista praticamente perfeita até então, estraga tudo
quando fala sobre as pessoas que estão
lutando para viver e menciona que “tem comissário de bordo trazendo AZT na
bagagem”, e essa divulgação coloca o esquema em perigo, é claro… agora, eles
estão visados, as bagagens serão revistadas mais minuciosamente e regras mudam:
todos os prontuários precisam ser entregues à companhia, por exemplo. Nando sabe que isso significa que “ele vai
ser aposentado”. Com o esquema furado, ele e tantos outros ficarão sem
remédio… parece que tudo está começando a ruir, e a invasão da Paradise e a
prisão de tantas pessoas é a materialização disso. A única coisa boa no meio
disso tudo é o Nando indo falar com Caio e tendo o seu “desfecho”.
Caio age
como um filho da puta, mas Nando
precisava e merecia um desfecho.
A falta de
esperança encontra uma luz, curiosamente, em consequência da trama de Paca, que
foi diagnosticado com tuberculose e cujo médico dissera que “essa é uma doença
comum em pacientes com AIDS”. Paca é filho de Barcelos, e ele sabe de toda a coisa de trazer AZT dos
Estados Unidos – afinal de contas, Lea foi pega no aeroporto no episódio
anterior e ligara para ele em busca de ajuda. Agora, ele quer a sua ajuda. Barcelos decide entrar no esquema para
conseguir remédio para o filho, e ele é exatamente a ajuda de que eles precisam
agora: como piloto e com mais influência dentro dos aeroportos, ele consegue
burlar a fiscalização. É um esquema mais elaborado, quiçá mais arriscado, mas
que parece dar resultado por enquanto, eles fazem acontecer…
Iara também
se junta, por causa do irmão.
A questão
agora é: até quando esse esquema se
sustenta? Até quando Barcelos vai seguir ajudando os demais pacientes quando o
seu filho não precisar mais do medicamento? Afinal de contas, o episódio
termina no momento em que Paca tira a
própria vida, porque, por preconceito, ele não conseguiu resistir à ideia
das outras pessoas “chamando ele de bicha”. A reação à morte de Paca fica para
o próximo episódio. Gosto demais da construção de todas as tramas em “Máscaras de Oxigênio Não Cairão
Automaticamente” e de como suas complexidades não são ignoradas: as coisas
não são tão simples quanto o preconceito tentou fazer com que as pessoas
acreditassem por muito tempo, e a série é uma representação perfeita disso.
Amando cada
episódio!
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