Star Trek: Strange New Worlds 3x08 – Four-and-a-Half Vulcans

“It is”

E se a USS Enterprise tivesse quatro vulcanos e meio em sua tripulação e o “meio” fosse justamente o Spock? “Four-and-a-Half Vulcans”, exibido em 28 de agosto de 2025, é o oitavo episódio da terceira temporada de “Star Trek: Strange New Worlds” e é um episódio inusitado, com um delicioso tom de comédia, que usa características de vulcanos para nos permitir conhecer mais de personagens como o Capitão Pike, La’An, Uhura e Chapel. A tripulação da Enterprise está se preparando para umas curtas férias fora da nave, em Purmantee III, quando eles são surpreendidos por uma missão de última hora em Tezaar, um planeta que não faz parte da Federação porque a sua tecnologia ainda é pré-dobra, o que implica na Primeira Diretriz.

Segundo a Primeira Diretriz, a Frota Estelar não pode interferir em civilizações que ainda não descobriram a tecnologia de dobra por eles mesmos, e eles não podem ser vistos tampouco. Tezaar, no entanto, tem uma característica peculiar: eles já tiveram contato com Vulcanos. Isso quer dizer que eles poderiam salvar o planeta da destruição, desde que eles se parecessem vulcanos – ou melhor, “se parecer” Vulcano, não… “ser” Vulcano. Acontece que, ainda que a tecnologia não tenha chegado à dobra, os Tezaarianos são excelentes em escaneamento e vão perceber qualquer “disfarce”. Por isso, a única alternativa é usar uma versão do soro que trouxe Spock de volta ao normal quando ele virou humano (!) para transformar algumas pessoas em vulcanos temporariamente…

Assim, temos Pike, Chapel, La’An e Uhura se tornando vulcanos – o soro não tem efeito sobre Pelia, então Spock assume o seu lugar na missão, chegando aos QUATRO VULCANOS E MEIO do título. Com suas habilidades recém-adquiridas, a missão em Tezaar é resolvida no que parece ser segundos, nós nem vemos acontecer… o problema é que o efeito do soro não passa no momento esperado, e OS QUATRO CONTINUAM COMO VULCANOS. Bem, é claro que é um desespero… por parte do restante da tripulação. O próprio Spock teve que lidar com constantes lembretes de que “ele era o integrante menos Vulcano da missão”, e agora os outros quatro se dedicam a atividades do dia-a-dia percebendo e encarando o mundo de outra forma.

É um pouco assustador… o episódio é inteiramente exagerado, as características vulcanas são levadas ao extremo e se tornam comédia, mas o roteiro funciona. Uhura, por exemplo, está convencendo Beto de coisas no que parece uma lavagem cerebral. Pike pensa em ajudar Marie a conversar com Pasalk, mas parece mais um empecilho a ser enfrentado do que, de fato, uma ajuda. La’An está perigosamente tendendo à guerra, e James Kirk e Scotty precisam trabalhar juntos para lidar com ela, iniciando ali uma amizade que virá a ser importante. E Chapel decidiu que ela perdia muito tempo “socializando” e que ela pode fazer muitas mais coisas se ela cortar de sua vida toda e qualquer amizade… e relacionamento amoroso, então ela termina com Korby.

Naturalmente, o episódio é uma grande brincadeira do roteiro, e eu queria ter me divertido mais – mas fiquei com pena do Spock, porque ele não é tão chato assim! Talvez porque ele seja meio humano também. Chapel, agora Vulcana, consegue o soro que os transformaria de volta em seus verdadeiros eus, mas os quatro anunciam ao restante da tripulação que “voltar a ser humano seria ilógico” e, portanto, eles decidiram permanecer vulcanos de forma permanente. Spock, Una, Ortegas, Pelia e M’Benga formam, então, um “grupo de resistência”: eles precisam de opções, de uma maneira de convencer esses quatro novos vulcanos a voltar a ser quem eram… afinal de contas, eles nunca demonstraram vontade de “se tornar Vulcano” antes.

Assim, eles percebem que eles precisam chegar até o katra de cada um deles… a essência em seu mais íntimo que estará imutada, para convencê-los a tomar o soro – Una conhece um especialista em katra, mas é justamente a pessoa que ela não queria encontrar e por isso estava se recusando a descer de férias em Purmantee III: Doug, seu ex-namorado Vulcano. As reações de Una ao Doug são o puro suco de comédia, e para tentar escapar de qualquer tentação, ela mente que se casou com Spock e que eles têm dois filhos. Eventualmente, Spock pede que Una os deixe sozinhos porque é o melhor… com Doug, Spock descobre a maneira de chegar ao katra das pessoas e isso traz de volta três deles: Chapel, Pike e Uhura. Eles estão atordoados…

E tendo desculpas a pedir.

La’An, no entanto, é um pouco mais difícil, e Spock sabe que seria… por isso, ele é quem entra em sua mente para conversar com ela, porque ele talvez a conheça melhor do que a maior parte da Enterprise, e porque ele entende o que se transformar em Vulcano fez com ela, o que despertou em sua natureza. A cena é excelente, e casa perfeitamente com o que a série vem construindo para os dois: gosto de como a “luta” entre eles também é um tango desde o começo, e então ela vai gradualmente se tornando mais uma dança e menos uma luta, até que La’An peça que Spock a transforme de volta. É TÃO BONITO. Mais tarde, La’An explica a Una por que estava agindo de forma estranha com Spock antes: ela encontrou uma meia limpa dele em uma gaveta sua e agora ela está questionando tudo

Quem são eles? Qual a natureza da relação? Onde eles estão? Não é mais “casual”?

Perguntas.

P.S.: A CENA PÓS-CRÉDITOS DO SPOCK E DO DOUG É FENOMENAL! Doug queria aprender mais sobre os humanos, então o Spock acaba sendo o seu “professor”, porque ele entende a sua parte vulcana e também entende parte da humanidade por ser parte humano e por conviver tanto com humanos… a comédia aqui está maravilhosa e eles passam por assuntos como queijo e filmes de terror, e Spock tenta fazer com que Doug entenda abreviações. O Spock tentando fazer o Doug dizer “It’s” ao invés de “It is” é, talvez, o ápice da comédia no episódio, e o sorrisinho que o Spock dá no fim da cena é, sem dúvida, a minha parte favorita. Acho que nunca tínhamos visto o Spock sorrir daquela maneira, e eu meio que fiquei apaixonado… é a coisa mais linda e mais fofa do mundo!

 

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