The Sandman 2x06 – Chapter 16: Family Blood
“I suspect
you’ve grown more than you know”
Encerrando a
adaptação de “Um Jogo de Você”, “Fábulas e Reflexões” e “Vidas Breves” em um único arco, “Family Blood” é o sexto episódio da
segunda temporada de “The Sandman” e
foi o episódio que concluiu o primeiro volume dessa temporada, lançado no dia
03 de julho de 2025. Aqui, vemos a conclusão da jornada de Sonho e Delírio em
busca de Destruição, o Perpétuo que deixou o seu Reino e pedira que ninguém o
buscasse, e toda essa história faz com que o Rei do Sonhar também precise lidar
com algo que vem adiando há muito tempo, que é a sua relação com o filho,
Orpheus. O episódio começa em 1794, com Lady Johanna Constantine, e culmina na
materialização de algo que já vínhamos percebendo: o quanto Sonho mudou.
A trama de
Lady Johanna Constantine no Século XVIII faz parte da trama maior que estamos
acompanhando porque ela está em uma missão para o Senhor do Sonhar: ele quer a sua ajuda para resgatar a cabeça
de Orpheus, roubada da ilha na qual ele vivia. Já disse isso na primeira
temporada, mas Johanna é uma personagem fascinante! A maneira como ela segura a
cabeça de Orpheus e conta uma história
aos guardas que tentam detê-la é maravilhosa, e eu também gostei demais da
interação dela com Orpheus, porque a dinâmica deles é sensível, sincera e
interessante de se acompanhar. Eventualmente, Johanna Constantine é caçada
pelos homens de Robespierre e termina presa no Palácio de Luxemburgo, e quem a
ajuda, ao menos com uma ideia, é o próprio Morpheus…
Ele a encontra em sonho.
Johanna
exige ajuda: ela é particularmente ligada à sua própria cabeça, e eles estão
prestes a perder a dela e a que ela foi resgatar. Morpheus pergunta sobre seu
filho a Johanna, e é bonito ouvi-la falar com tanta sensibilidade sobre Orpheus
e sobre, mesmo em sua situação, ele ser tão
mais cheio de vida que qualquer outra pessoa que ela conheceu. E quando ela
fala sobre cantar, Sonho percebe que
essa é a solução: ele cantará se ela pedir, e isso pode mudar tudo. Diretamente
ameaçada por Robespierre, Johanna encontra Orpheus no meio de tantas outras
cabeças guilhotinadas e pede que ele cante – outrora, sua canção foi capaz de
tocar Hades e Perséfone, e agora ele encanta a todos ao cantar novamente.
Talvez todo o país tenha ouvido,
porque as coisas mudam no dia seguinte.
E eles estão
a salvo. Johanna leva Orpheus a uma pequena ilha escondida na Grécia e, lá, até
o pico onde fica o Sagrado Templo de Orpheus, onde sacerdotisas o guardam,
escondido do mundo. Agradecido, Orpheus pergunta se ela acha que o pai virá
visitá-lo, porque ele deve gostar dele
para mandar alguém para resgatá-lo, e ela não sabe responder a essa
pergunta… ainda assim, Orpheus pede que ela diga ao pai que sente sua falta,
faz muito tempo que não o vê. Então, ela vai embora, sem querer mesmo ir, mas
Orpheus acredita que ela tem uma vida a viver fora dali. Quando reencontra o
Senhor do Sonhar, Johanna Constantine passa o recado de Orpheus e faz o pedido
de sua recompensa pela missão que acabara de cumprir: mais tempo com Orpheus.
Johanna
retornará à ilha e ficará lá até a sua morte.
Agora, Sonho
e Delírio chegam à ilha, que parece mais abandonada do que séculos antes, mas
ainda conta com pessoas que estão ali para proteger e servir Orpheus. Delírio
tenta impedir Sonho de continuar: se ele entrar para falar com Orpheus e derramar sangue da família, as Bondosas
o punirão e ela ficará sozinha de novo, mas Morpheus veio até ali e agora ele
quer terminar essa jornada… ele sente que, ainda que tenha sido o filho a
negá-lo, ele deve isso a ele. Então ele entra, e o reencontro de Morpheus e
Orpheus é lindíssimo, contando com um pedido de desculpas mútuo – Orpheus
entendeu, por fim, o que o pai estava fazendo quando “se recusou a ajudá-lo”, e
entendeu, também, que nunca foi abandonado por ele, que sempre mandou quem
cuidasse dele.
A emoção é
visível na cena toda!
Nós não
precisamos ver para saber o que Orpheus pediu em troca de seu trabalho como
Oráculo dos Perpétuos. Quando sai, Morpheus deixa uma rosa no túmulo de Lady
Johanna e diz a Delírio que agora sabe
onde está o irmão… na verdade, Destruição está na ilha à frente daquela,
muito próximo, “escondido” no lugar ao qual ele julgou que Sonho jamais iria. O
reencontro de Sonho e Delírio com Destruição é bonito, a felicidade de Delirium
não poderia ser mais genuína, e ele
os convida a entrar, porque preparou o jantar – afinal de contas, ele sabia que
eles estavam vindo. Toda a sequência, no entanto, é marcada por um tom puro de
melancolia, e as conversas são sinceras e dolorosas… mas também com um quê de
fascínio e descoberta.
Destruição
não precisa de mais do que alguns minutos para perceber o quanto Sonho mudou. Sua mudança é mesmo visível. O fato de ele
chamar a atenção de Destruição para o fato de que tantas pessoas morreram por culpa da proteção que ele
colocou para nunca ser encontrado mostra o quanto ele se importa. O Sonho de quem Destruição se despedira há tanto
tempo não se importava tanto, muito menos demonstraria. Ele está feliz pelo
irmão, mas sua decisão não mudou: ele não pretende retornar. O seu Reino
continua lá, com a diferença de que não há ninguém no comando… e, assim, não é
sua responsabilidade nem sua culpa. Agora que eles sabem onde ele esteve esse
tempo todo, ele precisa ser em frente… seja
para onde for.
E é uma mudança íntima e profunda.
Ele se torna
parte do universo.
Delírio
queria que o irmão retornasse… ela não quer ficar sozinha, e embora Destruição
chame a sua atenção para o fato de que ela
não estará sozinha, porque não fizera essa jornada sozinha, ela fala sobre
como o Sonho tem o seu pássaro, a sua bibliotecária e o seu dragão, e isso dá a
Destruição uma ideia: ele conversa com Barnabás, seu companheiro de tanto
tempo, e quando o cachorro pergunta se não pode ir com ele, o Perpétuo explica
que ele não pode acompanhá-lo aonde ele vai, então lhe dá a opção de ir com
Delirium… é um presente de Destruição para sua irmã mais nova. Para Sonho,
Destruição deixa um conselho, falando sobre como fez o que fez por amor e não há motivo maior do que
isso. O diálogo é extremamente emocional e bonito!
Delírio está
satisfeita… a jornada não foi em vão. Agora, eles pelo menos não precisarão
mais se perguntar por que Destruição partiu e se ele vai voltar. Sonho retorna
para o Templo de Orpheus, para fazer o que prometera ao filho que faria. Aqui
temos uma das cenas mais bonitas e devastadoras da temporada, na qual ambos
conversam sem máscaras, sem defesas, apenas com o que sentem e a sinceridade de
suas emoções. Orpheus fala sobre como queria ter ouvido o pai e a tia Teleute e
como queria que as coisas fossem diferentes; Morpheus fala sobre como ele
também queria que as coisas fossem diferentes, e confessa que fez o que fez
porque tinha medo de viver em um mundo no qual ele não existisse. Seus olhos
estão vermelhos, cheios de lágrimas…
Ver o Sonho
chorar com tanta sinceridade, sem esconder-se…
A cena é um
reconhecimento e uma despedida. Orpheus diz que está pronto e Morpheus faz o
que prometera fazer: ele beija o filho carinhosamente e o mata, dando a ele,
enfim, a paz que ele busca há tanto tempo. Mas, ao fazê-lo, ele derrama sangue
da família, e as Bondosas não deixarão isso barato – ainda que Orpheus tenha
implorado para que o pai fizesse isso. Quando deixa o Templo de Orpheus, Sonho
está transtornado, mais pálido do que nunca, a dor estampada em seu rosto…
quando ele retorna ao Sonhar, ele não permite que Lucienne o veja e diz que
retomará suas responsabilidades no dia seguinte, e então lava com força as mãos
sujas de sangue, enquanto chora compulsivamente, de um modo que talvez nunca
tenha chorado antes.
É uma cena
fortíssima!
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