ILUSÕES: Espetáculo Internacional de Mágicas

A antiga arte do ilusionismo!

Eu sou profundamente APAIXONADO por mágica! Assistia fascinado (e com um pouquinho de medo) aos números do Mister M no Fantástico quando eu era criança, e sempre era a minha parte favorita quando ia ao circo… provavelmente também é por isso que “Truque de Mestre” é um dos meus filmes favoritos na vida. Fiquei muito contente em ver que minha mais recente viagem ao Rio de Janeiro coincidia com o fim de semana em que estaria em cartaz, na Cidade das Artes, o “ILUSÕES: Espetáculo Internacional de Mágicas”, um show que reúne profissionais de cinco países diferentes – Brasil, Espanha, França, Suécia e Coreia do Sul – para nos conduzir por esse fantástico mundo da mágica. É diferente do que eu esperava, confesso, mas é uma experiência maravilhosa.

“ILUSÕES: Espetáculo Internacional de Mágicas” não é um show de mágicas no estilo “Truque de Mestre” e não tem números com a participação de vários ilusionistas ao mesmo tempo. São pequenos números independentes, organizados e apresentados por Gabriel Louchard, mágico e comediante brasileiro que é o idealizador do projeto que chega agora à sua terceira temporada – e eu devo dizer que Gabriel Louchard é o grande destaque do show… em vários momentos, eu me vi ansioso para vê-lo retornar ao palco, e toda vez que ele o fazia, eu instantaneamente sorria. Com alguns números melhores do que outros, o saldo final é positivo, mas sinto que os ilusionistas que conseguiam também fazer humor durante seus números conquistaram mais o público!

Javier Botia, por exemplo, que veio da Espanha, é um SHOW. É um prazer vê-lo no palco. Ele é um mentalista habilidoso que entrega dois números distintos. No primeiro, escolhendo “voluntários” da plateia a quem ele entrega uma rosa, ele adivinha a cor em cartões colocados dentro de um envelope; no segundo, ele adivinha o desenho feito por uma pessoa na plateia. Mais do que a mágica em si, a condução é maravilhosa. Javier Botia é magnético e arranca risadas sinceras na maneira como ele se porta e como interage com a plateia, tanto aqueles que ele escolheu para que subissem ao palco quanto aqueles que permaneceram sentados, e eu poderia assistir a um show só dele tranquilamente. Fui notado, inclusive, pela minha risada estrondosa quando ele fala dos seus prêmios e faz piada com isso!

Da Suécia, temos o show de John-Henry, e ele é ótimo, com uma mágica em estilo circense que vem, também, de sua atuação como mímico. Gostei muito dele, mas sua apresentação é rápida e ele não retorna para mais nenhuma durante o espetáculo. Da Coreia do Sul, temos Junwoo Park, e embora ele seja apresentado como um dos manipuladores mais talentosos do mundo, eu confesso que sua apresentação não chega a ser empolgante como eu gostaria que fosse… sinto que eu queria ter gostado mais, embora goste do uso da música como parte do seu número. Da França, temos Jimmy Delp, e se eu vou ser bem sincero… não gostei. Não é meu tipo de mágica, não é meu tipo de show, e sinto que há muito esforço na comicidade e no colorido, mas a mágica em si se perde.

Como eu disse, o brasileiro Gabriel Louchard É o grande destaque de “Ilusões”. Ele é simplesmente MARAVILHOSO! Ele é um comediante excelente transformando o show em uma espécie de stand-up, mas ele nunca perde de vista a mágica – e eu adoro como ele consegue misturar as duas artes, nos impressionando e nos fazendo rir com uma habilidade tremenda! Ele começa quase timidamente, nos “revelando o segredo de uma mágica conhecida”, mas aquele é o momento em que eu soube que não dava para acreditar no que ele estava dizendo e que podíamos esperar grandes coisas dele. Também AMEI como ele fala sobre “distração” e como “eles não usam essa tática”, mas daí entra o Gelado, de “Os Incríveis”, com uma dança que é impossível de não assistir.

O Gelado também é um destaque maravilhoso do show!

É o Gabriel Louchard quem entrega os meus números favoritos em “Ilusões”. O número com o Daniel, a “pessoa da plateia escolhida aleatoriamente” (não é), é ótimo e entrega a união perfeita do humor e da mágica, e eu gosto da finalização, com o lance de ele ter ficado com o tênis de Daniel depois de tê-lo feito desaparecer – você percebe a quantidade de detalhes e a maneira como cada elemento tinha importância, tornando o número muito maior e mais marcante. Depois, em outro momento do show, ele nos convida a presenciar dois números de “teletransporte”, e eu gosto de “ser enganado”, de ser conduzido pelo absurdo de ter uma carta de baralho sendo não apenas refeita, mas “teletransportada” para dentro de uma laranja, faltando o pedaço que está na mão de alguém da plateia…

Sensacional!

E, é claro, o número de teletransporte que conta com a participação de quatro pessoas da plateia: duas como cobaias, outras duas como testemunhas… o número é excelente, e como eu disse várias vezes: Gabriel Louchard, em sua mistura de mágica e humor, faz com que seja ainda mais grandioso! Todos os detalhes funcionam muito bem: o teletransporte inicial do ursinho de pelúcia; a “revelação do segredo” de como é feito com a nova entrada do Gelado, que rende risadas do início ao fim; e o “teletransporte” dos dois voluntários da plateia, que é um daqueles números de nos deixar de queixo caído. Um show e tanto, que me fez decidir ficar atento ao trabalho de Gabriel Louchard – se tiver a oportunidade, ainda verei um show que seja inteiramente dele!

Muito bom!

 

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