De Volta Para o Futuro – Contratempo Contínuo: Parte I
“Onde
estou? Quando estou?”
Trazer “De Volta Para o Futuro” para o universo dos quadrinhos foi uma das
melhores escolhas feitas pela equipe criativa para a celebração dos 30 anos do
filme original em 2015, o ano para onde Marty McFly é levado no segundo filme
da franquia. Depois de cinco edições que, reunidas, ganharam o título de “Aventuras nunca vistas e linhas do tempo
alternativas” e traziam pequenas aventuras razoavelmente independentes
entre si, a publicação se tornou seriada, com uma mesma história sendo
desenvolvida em capítulos, ao longo de várias edições… esse primeiro arco,
então, recebe o título de “Contratempo
Contínuo” e traz uma missão para o Marty McFly de 1986, em sua vida
“tediosa”: ele precisa ajudar o Doctor
que está em apuros.
Novamente.
Em primeiro lugar, eu preciso
dizer que a arte dessas publicações é lindíssima! Todos os artistas entregam
uma experiência incrível que nos leva de volta ao universo de “De Volta Para o Futuro” – com os seus
traços, as suas cores, as suas constantes referências… eu gosto disso. Gosto da
sensação de estar lendo algo novo e nostálgico, ao mesmo tempo, e gosto de como
vários momentos nos remetem aos filmes que assistimos tantas vezes durante a
vida. A edição começa, por exemplo, com um clássico “Mãe… é você?”, com os enquadramentos do filme, e Marty desperta em
1986 para se dar conta de que o seu “pesadelo” fora real, e ele está mesmo em
um presente chato… quer dizer, depois
de tudo o que ele viveu, isso é tudo que lhe sobra?
O Biff limpando o seu carro, o
Needles provocando por causa daquela corrida idiota, os irmãos bem-sucedidos
levando uma vida “melhor do que a dele”, o pai fazendo exigências para vender
um de seus romances para o cinema… é triste a sensação que Marty McFly está
experimentando de que “os melhores dias ficaram para trás”, e eu entendo: como
retornar para a escola e para uma vidinha pacata depois de ter viajado no
tempo, para o passado e para o futuro, e ter vivido aventuras que as pessoas
não conseguem nem imaginar?! A ausência do Doc Brown é constantemente sentida.
E a edição brinca com o contraste com a Jennifer, que viveu muito menos que ele
nessas aventuras, e ela está satisfeita em estar de volta, e quer que ele “siga
em frente”.
Mas Marty não quer… ele quer um
sinal.
E, é claro, o sinal eventualmente
chega! O sinal que Marty McFly estava esperando chega na forma de uma carta
enviada para ele em 1893, por Clara, que agora é entregue para ele na escola –
exatamente como Clara esperava: depois de
suas aventuras com eles no Velho-Oeste de 1885. Gosto de como a própria
entrega da carta é uma referência bacana ao que vimos nos filmes. Na carta,
Clara diz que o Doc Brown está precisando de ajuda porque “ele desapareceu no
futuro” ou algo assim, e a verdade é que Marty não sabe bem o que fazer… mas
isso não quer dizer que ele não vai fazer nada. Ele finalmente tem uma aventura à qual se dedicar e, quem sabe, poderá
viver novamente coisas que nenhum outro adolescente da sua idade viveu, sabe?
Marty McFly sabe, de imediato,
que ele tem um problema em mãos: quando foi que Clara escreveu e enviou aquela
carta, exatamente? Foi depois de o Doc ter construído o Trem do Tempo e eles
terem passado para dar um “oi” para ele e para Jennifer em 1985, no fim de “De Volta Para o Futuro III”, com os
filhos Júlio e Verne? Se esse for o caso, então o Doc está em apuros e precisa
de ajuda. Ou então foi antes do Trem do Tempo? Se esse é o caso, então o Marty talvez tenha um problema ainda maior
em mãos, porque se ele não fizer nada para ajudar o amigo, então todo o
contínuo de espaço-tempo pode estar ameaçado. Por isso, Marty e Jennifer se
colocam atrás de pistas – eles vão até a casa abandonada do Doc, depois até um laboratório secreto…
O laboratório secreto de Doc
Brown traz surpresas interessantes, como outras possíveis futuras máquinas do
tempo, mas que estão sem capacitores de fluxo e, portanto, não funcionam como
tal… e, é claro, a presença DO PRÓPRIO DOC BROWN. É verdade que a sua reação,
depois de atacar Marty e Jennifer, é perguntar: “Onde estou? Quando estou? E, em nome de Nicolau Copérnico, quem são
vocês?”, e isso é um problema – e eles nem sabem bem o que isso quer dizer.
Por exemplo: esse é um Doc Brown da década de 1950, antes de conhecer o Marty? Ou quem sabe um Doc de outro universo?
Ou o bom e velho Doc de sempre, mas com algum problema de memória? A julgar
pelos acontecimentos, parece ser essa última opção…
De todo modo, se não é o Doc, é um Doc… e eles precisam ajudar. Para isso, o trio formado por
Marty, o Doc e Jennifer saem em busca do suposto “carro” com o qual o Doc
bateu, e descobrem que ele foi levado para o ferro-velho e, vejam só, eles
terão que enfrentar o Needles… mas ao menos ganhamos algumas respostas: o tal
“carro” do Doc parece ter vindo da década de 1890, o que quer dizer que esse é
provavelmente o Doc de sempre, o Doc que Clara está procurando e sobre quem ela
falou na carta que deixara para o Marty – e ele tem um novo veículo do tempo, é
isso? De todo modo, o problema segue o mesmo: se esse Doc ainda não construiu o Trem do Tempo, eles têm um problema… um
problema para todo o contínuo de espaço-tempo.
Para mais reviews de HQs de “De Volta Para o Futuro”, clique aqui.

Comentários
Postar um comentário