Quarteto Fantástico: Primeiros Passos (The Fantastic Four: First Steps, 2025)

“We will face this together. We will fight it together... as a family”

O QUARTETO FANTÁSTICO CHEGOU AO UNIVERSO CINEMATOGRÁFICO DA MARVEL! Os personagens, criados por Stan Lee e Jack Kirby e que estrearam nos quadrinhos em 1961, se unem finalmente ao MCU com “Quarteto Fantástico: Primeiros Passos”. Com um visual muito bonito, o filme apresenta um novo líder para o futuro dos Vingadores e traz uma história simples, mas competente, de uma equipe irreverente – um filme que não tem medo de fazer piada e de parecer uma história em quadrinhos, e eu adoro isso! A direção do filme fica para Matt Shakman, que já trabalhou com o universo da Marvel anteriormente na série “WandaVision”, e esse é o primeiro filme do Quarteto Fantástico a ser considerado bom, chegando a 86% de aprovação da crítica e 92% do público no Rotten Tomatoes.

Não é uma história de origem… estamos em uma época do cinema de super-heróis na qual nem tudo precisa ser uma história de origem (vide o maravilhoso “Superman” do James Gunn, também de 2025), além de que, bons ou não, já tivemos vários outros filmes do Quarteto Fantástico no cinema. Gosto de como o filme encontra uma maneira de introduzir os personagens, seus poderes e sua “origem” nos primeiros minutos de filme, sem que o filme precise ser sobre isso: o Quarteto Fantástico é idolatrado na Terra-828, onde se passa a narrativa, e um programa de TV está celebrando os seus quatro anos de atividade, e é aí que conhecemos a história de quatro astronautas que foram para o espaço e retornaram com superpoderes…

A ideia do Quarteto Fantástico é fascinante! Eles foram expostos a raios cósmicos durante uma missão espacial e isso mudou o seu DNA para sempre, e eles se tornaram “guardiões” da Terra, virando figuras públicas que ganham camisetas, bonecos, um desenho animado e muitos fãs… eles estão há anos lutando contra toda e qualquer ameaça que chega à Terra ou que já estava por aqui, bem como trabalhando como diplomatas e/ou cientistas inventores. Eles mudaram o rumo do planeta e, até agora, nunca enfrentaram um problema que eles não soubessem resolver. Uma das coisas de que mais gosto em “Quarteto Fantástico: Primeiros Passos” é o visual do filme! A ideia RETROFUTURISTA fica linda em cena e estranhamente nos dá uma sensação de aconchego.

Gosto muito.

Os quatro ex-astronautas e heróis que formam o Quarteto Fantástico são: Reed Richards, interpretado por Pedro Pascal e conhecido como “Senhor Fantástico”, um cientista inteligente e habilidoso que ganha elasticidade; sua esposa, Sue Storm, interpretada por Vanessa Kirby e conhecida como “Mulher Invisível”, que consegue controlar a luz e é uma diplomata incrível que trabalha na Fundação Futuro; o irmão de Sue e cunhado de Reed, Johnny Storm, interpretado por Joseph Quinn e conhecido como “Tocha Humana”, que tem a habilidade de voar e de pegar fogo; e o melhor amigo de Reed, Ben Grimm, interpretado por Ebon Moss-Bachrach e conhecido como “Coisa”, cujo corpo se tornou um amontoado de pedras lhe dando muita força e uma vontade de socar coisas.

Eu gosto bastante do roteiro do filme, embora não seja nenhuma grande inovação para o gênero nem nada, mas eu sinto que a vitória de “Quarteto Fantástico: Primeiros Passos” está na dinâmica deliciosa do grupo! Eu gosto do fato de eles serem uma família e de eles não estarem mais “aprendendo a trabalhar juntos”, porque eles já passaram dessa fase. Existe, então, uma sinergia absurda que nos faz confiar neles quase que imediatamente, e é gostoso acompanhá-los na maneira como eles se entendem, se apoiam, se protegem… e, é claro, se provocam. A comédia está no ponto ideal e eu fiquei tão apaixonado por cada um deles que eu poderia continuar os assistindo enquanto eles resolvem coisas pequenas pelo filme inteiro e não me importaria.

Mas a trama principal do filme começa com a descoberta da gravidez de Sue Storm e a chegada da Surfista Prateada à Terra, como um arauto de Galactus, o Devorador de Mundos. É a maior ameaça já enfrentada pela Terra-828, e pode ser que, dessa vez, o Quarteto Fantástico não tenha um plano… tudo o que eles podem fazer é tentar negociar, e é o que eles fazem, voando até Galactus para tentar impedir que ele devore a Terra como devorou tantos outros planetas em sua viagem pelo universo, mas o ser mais antigo do que o próprio mundo fala de uma fome insaciável e de um substituto – um outro ser tão poderoso e tão insaciável quanto ele mesmo: o bebê que Sue Storm está esperando. Galactus oferece poupar a Terra se eles entregarem o bebê…

Mas Sue Storm e Reed Richards não vão sacrificar o próprio filho.

O filho que nasce no espaço, no retorno para casa.

Interessante como essa é uma virada para o roteiro: antes amados e idolatrados por todo o planeta, agora o Quarteto Fantástico é taxado de “egoísta” por se recusarem a entregar a vida de um bebê em troca da proteção de todos eles… é a representação clara daqueles que apoiam o “diferente” enquanto lhes convém, mas que se volta contra ele na primeira oportunidade. O Quarteto enfrenta uma série de protestos até o momento em que eles precisam admitir o que nunca quiseram: que eles estão com medo. O ódio crescente é perigoso, e Sue faz o que pode com suas habilidades diplomáticos, em um discurso sincero e emocionante no qual diz que não vai sacrificar o seu filho pelo planeta, mas tampouco vai sacrificar o planeta por seu filho… eles vão encontrar uma saída.

O primeiro plano de Reed Richards é mover o planeta para outro sistema solar, com condições de manter a vida, mas distante o suficiente para que Galactus demore milhões de anos para chegar até lá, e ele mobiliza todo o planeta na construção de torres de teletransporte e na economia de energia para que o plano seja minimamente viável, mas é um plano mirabolante que nunca é levado a cabo porque ele é interrompido e sabotado pela Surfista Prateada. Galactus se move com lentidão na imensidão própria e de sua nave, mas a Surfista é rápida o suficiente para ir e vir entre o planeta e a nave e destruir quase todas as torres levantadas pela humanidade ao redor da Terra, deixando apenas aquela na Times Square, que é onde Johnny a encontra…

O filme dá um destaque muito bem-vindo para Johnny Storm, que se torna um dos personagens mais interessantes de “Quarteto Fantástico: Primeiros Passos”. Há alguma conexão entre ele e a Surfista Prateada que ele sente desde o primeiro dia, embora ninguém o leve a sério, e quando ela lhe diz algo em seu idioma ao empurrá-lo para fora de sua prancha, ele percebe que conhece aquelas palavras… eu gosto de vê-lo trabalhar na tradução de uma série de gravações enquanto “Reed está ocupado com outras coisas”, e de como é ele quem consegue conversar com Shalla-Bal, a Surfista Prateada, reconstruindo sua história e a fazendo pensar em todos os planetas que ela escolheu para que Galactus devorasse… e ela fez o que fez para salvar o seu planeta e sua família…

Ele só está tentando fazer o mesmo.

A dinâmica do Johnny e da Surfista Prateada é certamente um dos pontos altos do filme!

Com apenas uma torre restante, Reed se dá conta do óbvio: é mais fácil teletransportar um gigante para longe de um planeta do que um planeta para longe de um gigante… e o clímax do filme é uma sequência eletrizante com Galactus chegando à Terra em busca de Franklin, o filho de Sue e Reed, e toda uma força-tarefa para enviá-lo por um portal que permanecerá aberto por apenas 37 segundos. Reed Richard cuida da parte técnica da operação, Johnny e Ben são responsáveis pelas porradas, mas é Sue Storm o destaque da ação, forçando seus limites em seus poderes de manipulação da luz e criação de campos de força para conduzir o massivo gigante através do portal, e é forte e emocionante como ela é capaz de se entregar por completo para salvar o filho e o planeta.

Galactus ainda tenta escapar nos segundos finais do portal aberto, e Johnny sabe que alguém precisará empurrá-lo portal adentro, mesmo que isso signifique ir com ele, e ele está disposto a fazer isso. Ele pede que contem ao Frank que “o tio o ama” e ruma voando até Galactus, mas é impedido pela Surfista Prateada, que assume o seu lugar e mostra que a ação e as palavras de Johnny durante o filme surtiram efeito… há bastante emoção no pós-clímax do filme, tanto com o sacrifício de Shalla-Bal e a intenção de um de Johnny Storm, quanto com o lamento sobre a vida de Sue, morta após o esforço sobre-humano que lhe permitiu empurrar Galactus por Nova York até o portão de Reed Richards… e é Franklin quem, de alguma maneira inexplicável, a traz de volta à vida.

Quem ele é e quem ele será ainda é incerto para eles, mas Sue sabe de uma coisa: ele não é como eles… ele é mais. “Quarteto Fantástico: Primeiros Passos” é uma ótima introdução para todos esses personagens no Universo Cinematográfico da Marvel… ainda não sabemos como o Quarteto virá da Terra-828 para a Terra-616, a Terra principal do UCM, mas eles estão confirmados em “Doomsday”, o próximo filme dos “Vingadores”, e a primeira cena pós-créditos nos mostra Franklin, agora com quatro anos de idade, recebendo uma visita misteriosa: o Doutor Destino… bem, o Doutor Destino é um dos principais antagonistas do Quarteto Fantástico nos quadrinhos, então faz perfeito sentido! Estou ansioso para rever os personagens em produções futuras, gostei bastante!

Um ótimo filme de super-heróis!

 

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