Premonição 6: Laços de Sangue (Final Destination: Bloodlines, 2025)

“Death is a relentless son of a bitch. Won't stop until he finishes the job”

Desde o lançamento de seu primeiro filme, em 2000, “Premonição” se tornou uma das mais importantes franquias de terror do cinema, tendo a Morte como um de seus personagens principais, caçando pessoas que sobreviveram a um acidente durante o qual deveriam ter morrido. O sucesso da franquia possibilitou a produção de quatro sequências entre os anos de 2003 e 2011, até que “o ciclo se fechasse” em “Premonição 5”, que tem, talvez, a conclusão mais interessante da franquia. Com direção de Adam Stein e Zach Lipovsky, “Premonição 6: Laços de Sangue” é mais um capítulo interessante e sangrento da série, que consegue manter a identidade do conceito básico de “Premonição”, mas encontra caminhos para novidades curiosas.

O filme começa na cidade de Cloverdale, em 1969, e somos levados até o Sky View, um restaurante a muitos metros de altura com vista para a cidade, que foi inaugurado cinco meses antes do previsto, e sabemos que é ali que acontecerá o acidente… a estrutura despenca do alto, matando centenas de pessoas. E a responsável por ter a visão premonitória do filme é Iris Campbell, uma jovem secretamente grávida cujo namorado quer lhe dar a melhor noite de sua vida e fazer um pedido de casamento de uma maneira que ele julga romântico. E de fato o seria, se não fosse, sabe, a visita da morte. Os presságios incluem a letra de duas canções e uma moeda capaz de mudar o destino de todas aquelas pessoas, e toda a sequência é eletrizante.

Sabemos que o acidente em qualquer filme de “Premonição” é um dos elementos mais importantes da narrativa – e é ali que o filme causa o seu primeiro impacto. Gostei de toda a sequência do acidente, do uso de “Shout” que deixa tudo mais frenético, e de como os elementos se sucederam causando todas as mortes até a morte e Iris… e é aí que o filme nos pega de surpresa, porque, ao contrário do que aconteceu em todos os filmes anteriores, não presenciamos, pelo menos não naquele momento, a interferência da visionária sobre o acidente. Ao invés disso, chegamos ao presente e conhecemos Stefani Reyes, a neta de Iris, que está tendo pesadelos com a visão da avó no Sky View diariamente pelos últimos dois meses.

Gosto da novidade. Gostaria muito de ter acompanhado um filme de “Premonição” ambientado na década de 1960, é verdade, mas eu gosto de como o acidente há mais de 50 anos é uma quebra de expectativa e altera a dinâmica. Como descobrimos eventualmente, Iris não “tirou algumas pessoas do Sky View” e salvou algumas vidas atrás das quais a Morte veio: ela impediu que o acidente acontecesse, então ela salvou CENTENAS de vidas, e a morte está há anos tentando “corrigir” isso, indo atrás de cada pessoa que deveria ter morrido ali… e todo descendente que não deveria existir. Se Iris “deveria” ter morrido grávida naquele dia, seus filhos e netos são parte de um plano que não condizia com o da Morte, mas que existem por todos os anos que a Morte levou para “arrumar tudo”.

Agora, chegou a vez de Iris e seus descendentes.

Sempre há uma ordem clara das mortes no acidente e o visionário sabe qual é a ordem em que a Morte atacará. Dessa vez, a ordem é definida por linhagem. Quando Stef busca a avó para entender por que ela está vendo o que está vendo, Iris acaba morrendo para provar à neta que está dizendo a verdade, e lhe entrega o Livro da Morte para que ele saiba se proteger. Agora, com a morte de Iris, a Morte virá atrás de seu filho mais velho, Howard, e seus filhos, e depois de Darlene, a mãe de Stefani e Charlie. Fazer com que as pessoas acreditem no que ela está dizendo não é assim tão simples, porque Stef só parece uma versão mais jovem de Iris, a mulher em quem ninguém acreditou e que se afastou da família durante anos.

Aos poucos, no entanto, o conceito apresentado por Stef vai ficando cada vez mais evidente e inegável, e “Premonição 6: Laços de Sangue” tem ideias interessantes de como matar seus personagens. É interessante como o conceito da franquia é que as mortes aconteçam de maneira quase trivial e com elementos cotidianos, e como isso permite a construção de um suspense que deixa a audiência mais e mais angustiada a cada segundo, porque você percebe mil possibilidades de morte e quase anseia pelo momento em que ela chega de uma vez e você possa respirar. Temos a morte de Howard pelo cortador de grama, a de Julia em um caminhão de lixo e o Erik em uma sequência tensa de quase-morte, mas ele não morre porque não é da linhagem de Iris, no fim das contas.

Em busca de respostas e soluções, Stefani resolve buscar JB, que foi mencionado no livro de Iris como alguém que “conheceu uma pessoa que venceu a morte” – e o personagem, que já vimos anteriormente na franquia, nos é apresentado aqui como um antigo conhecido e amigo de Iris, porque ele era uma criança quando ela o salvou no Sky View, há tantos anos. E ele fala sobre as duas possibilidades de se vencer a morte: matando ou morrendo. Ou o próximo a morrer mata alguém para ficar com seu tempo de vida ou morre, de fato, e é trazido de volta, o que supostamente quebra o ciclo. E é o Erik pretende fazer organizando uma “morte” para Bobby, mas é como se a Morte soubesse o que eles estão fazendo… então, irônica e sadicamente, ela intervém e mata os dois.

Essas duas mortes no hospital, na sala de ressonância, provavelmente são as melhores do filme!

O filme tem um clímax tenso e com direito a sacrifícios, esperança e ironia. Darlene, a mãe de Stefani e de Charlie, resolve isolar-se na cabana onde Iris fugiu da morte por décadas: enquanto ela estiver viva, seus filhos estarão seguros. Chegar lá em segurança, no entanto, é praticamente impossível, e durante todo o momento ficamos esperando pelo ataque da Morte. Tudo é grandioso, explosivo e escuro nessa sequência, que conta com a morte de Darlene do lado de fora da cabana onde ela estaria “salva”, e Stefani “morre” afogada logo em seguida, mas Charlie consegue trazer a irmã de volta à vida… e, a partir dali, eles respiram aliviados porque, apesar de todas aquelas mortes, agora eles finalmente (supostamente) conseguiram quebrar o ciclo.

Eles não estão em segurança, é claro… e eu gosto de como “Premonição” brinca com a ironia. Stefani recebe presságios como os de Iris, com o espinho da rosa furando o seu dedo, por exemplo, e é uma moeda que faz com que um trem descarrilhe, assim como foi uma moeda que deu início ao acidente da Sky View em 1969. Mas a Morte quer que Stefani e Charlie saibam o que está acontecendo, então eles são informados, antes, que Stefani “não morreu de fato se Charlie conseguiu fazê-la voltar a respirar”, mas quando eles entendem o que está prestes a acontecer já é tarde demais… eles até tentam correr, mas são esmagados por duas –ora, vejam só! – toras de madeira. “Premonição 6: Laços de Sangue” é uma boa adição à história da franquia!

 

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