[Series Finale] Chespirito: Sem Querer Querendo 1x08 – Valeu a Pena
“¡Qué bonita vecindad!”
Ainda que
tenhamos questões com alguns elementos do roteiro – omissões e exageros que o
tornam mais uma obra de ficção do que uma biografia –, eu gostei muito de
assistir a “Chespirito: Sem Querer
Querendo”. A série chegou ao fim no último dia 24 de julho com “Valeu a Pena”, o Finale que traz o fim
do casamento de Roberto Bolaños com Graciela e os últimos trabalhos de toda a
equipe reunida para o “Chaves”, mas
ainda que as coisas não tenham sido perfeitas, Chespirito parece ser o tipo de
pessoa que gosta de pensar que valeu a
pena… por cada risada e cada pessoa que ele fez feliz com seus tantos
personagens e sua escrita infindável. É um episódio final emotivo que passa
rápido por problemas como a saída do intérprete do Quico, e sentimos que havia
mais a explorar.
Chespirito
recebe a proposta de trabalhar em um roteiro para o cinema, levando o
personagem do Chaves para as telonas, mas não é algo que ele queira realmente
fazer, porque esse é um personagem da televisão e que ele acredita que funciona
ali… na televisão. Então, ele acaba
convencendo as pessoas responsáveis por sua carreira e, como ele eventualmente
se dá conta, por sua vida a escrever um roteiro diferente para o cinema, de um personagem que não seja o Chaves ou
os seus companheiros da vila. Assim nasce “El Chanfle”, um personagem que
trabalha para um time de futebol de renome e tem uma esposa que termina grávida
– o filme foi lançado em 1979, conta com o elenco e com a equipe de produção
dos programas de TV e foi um sucesso de bilheteria!
Carlos Villagrán,
que na série foi renomeado como “Marcos Barragán”, ainda faz parte da equipe
para “El Chanfle”, mas ele decide
deixar os programas de Chespirito, como o “Chaves”
e o “Chapolin Colorado” e levar o
personagem do Quico para outro lugar – um personagem que ele considera seu e
que é forçado a creditar como criação de Roberto Gómez Bolaños porque, embora
ele seja seu intérprete, o personagem FOI criado e escrito esse tempo todo por
Chespirito… além de “Marcos”, Ramón Valdés também anuncia a sua saída porque
ele não está mais satisfeito com o programa, e o tom de sua saída é totalmente
diferente, ainda que também pesarosa, e é assim que Chespirito perde dois
atores importantes e precisa começar a se
reinventar.
Enquanto
isso, seu casamento está um desastre… e isso há anos. “Margarita”, que é como a
Florinda Meza é ficcionalmente chamada na série, é um dos problemas, mas apenas um dos problemas: Roberto não
está presente como pai e como marido há muito tempo, porque a única coisa que
lhe importa é o trabalho. Vemos pequenos detalhes, como a briga de Roberto com
Mariano no set de gravação ou o fato de Roberto Bolaños esquecer o aniversário
de 23 anos de casamento, funcionarem como a gota d’água que leva Graciela a
tomar uma decisão: não dá para continuar
desse modo. Ela tentou, ela parece ter aguentado o quanto podia, mas
Roberto não faz o mesmo esforço. É doloroso, complexo, cheio de nuances, mas
mais cedo ou mais tarde eles precisam aceitar…
O casamento acabou há muito tempo.
Acompanhamos,
ainda, Bolaños e o elenco da época do “Chaves”
em um trabalho em Bogotá em 1981, quando eles participam da Marcha da
Solidariedade. A vida de Roberto Bolaños estava em pedaços naquele momento, mas
o carinho dispensado a Chespirito e a seus personagens por todos os fãs que estão
ali para acenar para ele e, quem sabe, receber um abraço é sincero e começa a
fazer com que ele veja que valeu a pena…
ele fizera algo que realmente tocou as pessoas. A série permite-se ser
fantasiosa na maneira como esse evento desempenha um papel importante não na
cura de feridas, mas no passo para se seguir em frente: é bonita a cena da
ex-esposa e dos filhos o assistindo orgulhosos na TV ou a conversa de Bolaños e
Graciela no restaurante.
Temos
polêmicas, nem que sejam pinceladas, e o compromisso da série com a realidade é
questionável, mas uma coisa é certa: “Chespirito:
Sem Querer Querendo” tinha a intenção de valorizar a obra de Roberto
Bolaños e o faz. O discurso final do personagem em frente à televisão é bonito
e traz reflexões sobre como podemos reaver muitas coisas, menos o tempo, e eu
acho que não há melhor maneira de encerrar a vida do que acreditando que,
apesar dos percalços, valeu a pena… aquele Bolaños fictício olha para o passado
e para todas as pessoas que tocou e que fez rir acreditando que, com altos e
baixos, sua jornada valeu a pena. É isso o que importa? Roberto Bolaños deixa
uma obra vasta, com números notáveis de produções e espectadores, e seu tamanho
é inegável.
Eu sou uma
pessoa tocada por sua obra…
A música com
os personagens na vila e as falas clássicas ao fundo são prova disso. Me emocionei.
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