[Series Finale] Round 6 3x06 – Humanos

“Não somos cavalos. Somos humanos. Humanos são…”

Embora “Round 6” vá continuar existindo em versões de outros países e em spin-offs com diferentes abordagens – ainda não sei dizer se as assistirei ou não –, a série original chega ao fim com “Humanos”, o último episódio da terceira temporada… e eu gostei. Eu acho que muito do impacto e da crítica de “Round 6” acabou diluído nas duas últimas temporadas, tendo em vista que a série foi originalmente pensada para uma temporada só e a primeira tinha cumprido perfeitamente seu objetivo e era completa em si, mas ainda assim eu acho que a série fez o que podia com essa “extensão” e conseguiu levantar temas interessantes e intensificar esse embate de quem acredita na humanidade, como o Gi-hun, e quem não acredita, como o In-ho.

Talvez uma parte pequena de In-ho tenha mudado depois de tudo?

O episódio final de “Round 6” começa na última fase do último jogo, quando a passagem para a Torre Círculo no Jogo da Lula nas Alturas é liberada para o 333, o 456 e a 222. E aqui temos mais uma demonstração de como a humanidade pode ser terrível. Lee Myung-gi é o primeiro a passar, e então ele tenta impedir a passagem de Gi-hun: ele quer que ele entregue a bebê e fique onde está, eliminado – isso, no entanto, implica no fato de que Myung-gi só teria a bebê da 222 como concorrente na última fase, e ele está disposto a jogá-la da torre para sair como o único vencedor. Nos últimos 30 segundos para passar para a próxima torre, Gi-hun faz o que pode e que não significa a morte de todos… ele “entrega” a bebê, mas volta cautelosamente, pega a faca e salta para a próxima torre…

A corrida dele e o salto no último segundo é de tirar o fôlego.

Na verdade, Lee Myung-gi é tão ganancioso e desumano que ele só se importa em sair dali com o dinheiro só para ele. Gi-hun se sacrificaria para deixar que ele fosse embora com a bebê, mas sabendo que o 333 não se importa com ela e está disposto a matá-la (sua própria filha!) pelo dinheiro? O embate direto entre o 333 e o 456 me deixou tenso: a luta física, o poste derrubado, a briga pela faca, e a maneira como o 333 pega a bebê e ameaça a largar do alto da torre se o 456 continuar se aproximando. Então, o 456 joga a faca para que o 333 solte a bebê, os dois brigam novamente, trocam facadas e ambos caem da Torre e ficam pendurados… é assim que o 333 morre, quando o terno através do qual o 456 o segurava rasga e ele despenca.

O pior? A RODADA AINDA NÃO ESTAVA VALENDO! Só começa a valer a partir do momento em que o botão vermelho no centro da torre é acionado e, sem que ele estivesse acionado, a morte do 333 não tem validade… agora, o 456 ou a 222 terão que morrer. Se o botão estivesse apertado, Gi-hun poderia ter saído vivo com a bebê. Na verdade, nós sabemos exatamente o que ele vai fazer… ele jamais mataria aquela bebê, então ele vai se jogar e esperar que as pessoas por trás dos jogos cumpram com a sua palavra e deem o dinheiro para ela. Durante quase a totalidade dos 10 minutos da rodada final, Gi-hun fica com a bebê no colo. Então, ele se despede com um beijinho na testa, um abraço e a coloca no chão em segurança no centro da torre…

E parte.

Não achei que seria diferente, mesmo antes. Mesmo sendo protagonista, retornar para os jogos e sair campeão pela segunda vez era muito improvável, mas isso não quer dizer que eu não tenha sofrido pela morte de Gi-hun. Gosto de como sua última ação, depois de proteger a 222, é dizer o que sabe que In-ho estará ouvindo: que eles não são cavalos. In-ho outrora dissera que eles eram os cavalos nos quais as pessoas apostavam… Gi-hun escolhe morrer reforçando a verdade de que ele não é um cavalo. No momento em que Gi-hun o faz, a Guarda 011 tira o dedo do gatilho e deixa de pensar em se matar. In-ho, por sua vez, vai ver pessoalmente o corpo de Gi-hun, e tem tanta coisa na sua expressão e na sua história que ele não precisa falar para que entendamos.

Jun-ho só chega ao lugar dos jogos quando já é tarde demais… o protocolo de fuga já está instalado, tudo explodirá em menos de 30 minutos e os lugares estão vazios. Com uma arma apontada para In-ho e gritando por ele para que ele explique o porquê disso tudo, Jun-ho assiste enquanto o irmão busca a bebê no centro da Torre Círculo do último jogo. Nos últimos segundos, vemos os cenários que fizeram parte dessas duas últimas temporadas vazias, mas é nos olhos sem vida de Gi-hun que a câmera focaliza no momento em que a contagem regressiva chega ao fim e a ilha é destruída. Jun-ho consegue sair de lá a tempo, bem como In-ho com a bebê e todos que trabalharam nessa edição dos jogos… e, então, a vida continua fora dali.

Seis meses depois, reencontramos No-eul, a antiga Guarda 011, no parque em que ela costumava trabalhar, sentada enquanto Park Gyeong-seok, o antigo jogador 246 cuja vida ela salvou, a desenha, sem saber que era ela por trás daquela máscara o tempo todo… é uma cena bonita, que assim como a atitude do Gi-hun, fala sobre a humanidade. Dentre tantos jogadores mortos, No-eul conseguiu ao menos salvar a vida de uma pessoa… e agora aparece ali de tempos e tempos para verificar como ele e a filha estão. No-eul esteve a ponto de tirar a própria vida na ilha, mas ver Gi-hun salvar a bebê da 222 a fez se deter, e agora ela recebe um telefonema sobre a possibilidade de a sua filha ter sido encontrada na China… é algo que ela precisa conferir.

Jun-ho, por sua vez, vai buscar Choi Woo-seok na prisão, e eu gostei muitíssimo da cena do carro, porque é algo leve e que tem um a cara de “epílogo”, porque eles sobreviveram, no fim – e Choi ajudou Jun-ho a sobreviver. Quando Jun-ho chega em casa naquele dia, ele encontra um “presente” deixado para ele: a bebê da 222, dessa vez limpa e arrumada, mas ainda enrolada no número da mãe, com um envelope preto sobre ela, um cartão que a chama de campeã dos jogos e um cartão de banco que Jun-ho leva até um caixa automático com a senha 0222 e descobre que dá acesso a uma conta com os 45 bilhões e 600 milhões de wons do prêmio. E Jun-ho tem contexto para entender tudo, até porque vira quando o In-ho buscara a bebê na torre do último jogo.

Foi In-ho quem tirou a bebê e a entregou para Jun-ho; assim como foi o In-ho quem tirou o dinheiro de Gi-hun do lugar onde ele o guardava/escondia e agora o leva até Los Angeles, nos Estados Unidos, para entregar para a filha de Gi-hun – uma adolescente que, sentindo-se abandonada pelo pai, não quer saber nada ao seu respeito até que In-ho conte que ele está morto e aqueles são seus pertences que ele deixara para ela… é uma caixa preta dentro da qual está o seu uniforme 456, ainda sujo de sangue, e um cartão, igual ao cartão deixado para a 222. É uma cena tão emblemática porque o impacto que Gi-hun e suas atitudes causaram em In-ho é palpável… ele quase conseguiu provar que a humanidade “tem salvação”. É por isso que a última cena é tão irônica…

O recrutamento para novos jogos acontecendo nos Estados Unidos é o contraponto.

Um final interessante com bastante a se pensar!

 

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