Frozen: O Musical
“Let it go!”
Talvez nem a
própria Disney imaginasse o tamanho do sucesso que seria “Frozen” quando o lançou originalmente em 2013. A história de Elsa
e Anna só não ficou tão popular quanto a música “Let It Go”, que realmente é uma música excelente em muitos
sentidos. Transformar animações de sucesso em grandes musicais de palco não é
uma novidade para a Disney: “O Rei Leão”
é um dos maiores sucessos da Broadway, por exemplo, e eu sou apaixonado pela
adaptação de “Aladdin” para os
palcos. Agora, mesmo quem não está em um país em que o musical de “Frozen” está sendo encenado tem a
chance de assisti-lo através da gravação oficial que foi recentemente
adicionada ao catálogo do Disney+, e eu finalmente me sentei para conferir.
Se eu vou
ser inteiramente sincero, eu preciso dizer que eu não assistiria ao vivo. Apesar de gostar muito da animação, o
musical nunca foi uma prioridade, e agora que eu o assisti, eu acredito que é
algo que podemos tranquilamente assistir em casa… não tem a grandiosidade dos
musicais da Disney que eu mencionei acima, e em muitos sentidos se parece mais
com as produções que são feitas para os palcos da própria Disney, em seus
parques, do que com as produções que vemos chegar à Broadway. Essa tentativa
exagerada de emular a animação nos figurinos, poses e piadas, por exemplo,
parece uma a alternativa fácil para chegar a crianças que já são apaixonadas
pela animação e que, como bem sabemos, já a assistiram milhões de vezes.
Isso não
quer dizer que seja um musical ruim… tampouco é imperdível. Com texto de
Jennifer Lee e música de Kristen Anderson-Lopez e Robert Lopez, “Frozen: O Musical” conta a história de
Anna e Elsa, duas irmãs que se afastaram ainda na infância por causa dos
poderes mágicos que Elsa não conseguia entender ou controlar. Quando Elsa
condena o Reino de Arendelle a um inverno
sem fim no dia de sua coroação, que também é o dia em que Anna aceita o
pedido de casamento de um homem que ela nunca tinha visto antes, e parte para
as montanhas, Anna começa uma jornada que não é apenas em busca da irmã, mas
também a oportunidade de conhecer o mundo e saber mais sobre ela mesma – e
talvez reaver o que elas perderam há tanto tempo.
O musical
conta com as icônicas músicas do filme, amplamente conhecidas do público, como “Do You Want to Build a Snowman?”, “For the First Time in Forever”, “Love is an Open Door”, “In Summer” e, é claro, “Let It Go”, que é guardada para o
encerramento do primeiro ato e ganha uma releitura no “Finale”, de maneira bem emocionante. A essas músicas já conhecidas
se unem outras como “What do You Know
About Love?”, e eu a amo porque eu sinto que a Anna e o Kristoff precisavam
mesmo ter um dueto romântico, e “Cold by
the Minute”, que talvez entregue a minha sequência favorita do musical,
conforme o gelo que se apossou do coração de Anna toma conta dela e ela é
congelada para ser salva apenas por um
ato de amor verdadeiro…
A trama que
envolve “um ato de amor verdadeiro” sempre foi algo de que gosto muito em “Frozen”, porque as pessoas simplesmente
assumem que ela precisa de “um beijo de amor verdadeiro” e a levam para Hans…
que não é amor, nem verdadeiro. O ambicioso 13º filho de um rei tentando chegar
ao trono por casamento nunca amou Anna, mas “Frozen”
não substitui o seu beijo por um beijo de Kristoff, a pessoa por quem Anna se
apaixonou em toda essa história de buscar a irmã. Na verdade, Anna está
disposta a se sacrificar para salvar a vida de Elsa quando Hans a ataca, e é o
amor entre as irmãs que é o ato de amor verdadeiro que salva a vida de Anna…
embora o Olaf cuidando dela perto da lareira e dizendo que “vale a pena
derreter por algumas pessoas” também o seja!
Fica claro
mais uma vez, para mim, que o protagoninsmo de “Frozen” cabe a Anna, ainda que a música mais marcante da trilha
sonora seja de Elsa e que seja ela quem coloca a trama em movimento… mas fico
tranquilo em dizer que o protagonismo é
compartilhado. Eu acho que Elsa tem algo muito doloroso desde a infância no
medo de fazer mal aos demais e na tentativa de esconder quem é e “não sentir”,
e sua fuga para as montanhas é uma tentativa de encontrar a liberdade, tal qual
Elphaba fugindo para o oeste no fim do primeiro ato de “Wicked”. Anna, por sua vez, é uma jovem inocente, marcada por não
conhecer nada do mundo e das pessoas, mas de um coração tão bom e um sentimento
tão sincero pela irmã, e isso a motiva.
Isso a torna
encantadora.
Ainda que a
trama principal de “Frozen” seja a
relação entre as irmãs, também existe uma história de amor que é intensificada
no musical. A já mencionada “What do You
Know About Love?” surge do fato de Kristoff concordar com Elsa sobre a Anna
não poder se casar com um homem que ela acabou de conhecer, e os dois se
aproximam ao longo do musical, inclusive nos rendendo aquela ótima “Fixer Upper”, com o Povo da Floresta,
que ficou muito bem adaptado para os palcos! E falando em adaptação para os
palcos, eu amo o fato de o Olaf ser um boneco controlado em cena por um ator, e
de como ele consegue ser tão fofo e tão carismático quanto o nosso bonequinho
de neve da animação original… o Olaf é sempre um amor!
Na Broadway,
o musical de “Frozen” ficou em cartaz
de 2018 a 2020, totalizando mais de 800 apresentações, e ganhou versões em
outros países como a Austrália, o Japão, a Alemanha e o Reino Unido… é a versão
filmada ao vivo no West End, em Londres, que se encontra atualmente disponível
no Disney+, e é uma experiência interessante para quem gosta de “Frozen” e suas músicas. Eu acho que é
uma história poderosa que poderia ter sido adaptada menos presa à animação em
alguns quesitos, mas que foi feita de maneira competente e confortável não para
ser marcante e atemporal, mas para divertir as crianças que já são fãs de “Frozen”… imagino que, nesse sentido,
cumpra com a sua função. E fico feliz em ganhar a gravação profissional desse
musical!
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