Sítio do Picapau Amarelo (2012) 1x25 – Uma Boneca Sem Paciência



“— Leia da sua moda, vovó! — pediu Narizinho. — A moda de dona Benta ler era boa. Lia ‘diferente’ dos livros. Como quase todos os livros para crianças que há no Brasil são muito sem graça, cheios de termos do tempo da onça ou só usados em Portugal, a boa velha lia traduzindo aquele português de defunto em língua do Brasil de hoje. Onde estava, por exemplo, ‘lume’, lia ‘fogo’; onde estava ‘lareira’ lia ‘varanda’. E sempre que dava com um ‘botou-o’ ou ‘comeu-o’, lia ‘botou ele’, ‘comeu ele’ — e ficava o dobro mais interessante. Como naquele dia os personagens eram da Itália, Dona Benta começou a arremedar a voz de um italiano galinheiro que às vezes aparecia pelo sítio em procura de frangos; e para o Pinóquio inventou uma vozinha de taquara rachada que era direitinho como o boneco devia falar”

(Trecho de “Reinações de Narizinho”)

 

Exibido originalmente em 07 de julho de 2012, “Uma Boneca Sem Paciência” é o vigésimo quinto e penúltimo episódio da primeira temporada da animação do “Sítio do Picapau Amarelo”, e as crianças estão cansadas do conceito de “esperar”. Quando Dona Benta interrompe a leitura de uma de suas histórias naquela noite porque já está tarde e as crianças “precisam ir dormir”, Emília, Pedrinho e Narizinho ficam impacientes porque eles queriam saber como a história ia terminar, mas Dona Benta tenta ensinar aos netos o valor de se ter paciência… saber esperar é algo importantíssimo.

Não que as crianças entendam isso de imediato. Muitas das coisas que eles gostam dependem de “esperar”. Eles querem brincar no balanço, por exemplo, mas o Tio Barnabé o pintou recentemente e, agora, eles precisam esperar secar. Eles querem saber o que a Tia Nastácia fez para eles de presente de Natal, mas precisam esperar um mês até o Natal ainda. Eles querem visitar o bezerrinho do vizinho que acabou de nascer, mas o vizinho não está em casa e eles precisam esperar ele voltar. Eles querem comer os biscoitos que a Tia Nastácia preparou para a sobremesa, mas têm que esperar a hora certa…

Emília, então, lidera uma guerra contra o “esperar”. O trio encontra alternativas para não precisarem esperar mais nada… o que faz com que eles acabem com surpresas e/ou corram perigos desnecessários, mas eles só percebem mesmo que o que eles estão fazendo não está certo quando eles pegam o livro com a história que a Dona Benta está contando para lerem sozinhos e “descobrirem o final da história”, e eles percebem que não é tão legal assim quando não é a Dona Benta que está contando, porque a Dona Benta é famosa por “ler as coisas à sua maneira”.

Então, Pedrinho, Narizinho e Emília resolvem “consertar” algumas das coisas daquele dia, como limpar o lençol que sujaram de tinta para usar o balanço ou devolver os presentes que a Tia Nastácia escondera para o Natal, e esperar até que seja a hora do serão para poder ouvir o restante da história do jeito que a Dona Benta conta… afinal de contas, quando a Dona Benta lia “à sua moda”, “ficava o dobro mais interessante”. Particularmente, eu amo essa passagem de “Reinações de Narizinho”, e achei uma ideia bacana como a animação resolver abordar esse trechinho amado.

 

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