Vale o Piloto? – IT: Bem-Vindos a Derry 1x01

Nascimento.

Funcionando como uma prequel dos filmes “It: A Coisa”, de 2017, e “It: Capítulo Dois”, de 2019, ambos baseados na obra de Stephen King, “It: Bem-Vindos a Derry” nos leva de volta à cidade de Derry em 1962, exatamente 27 anos antes dos acontecimentos do primeiro filme, e promete nos mostrar um pouco da origem da criatura que eventualmente conheceremos como “Pennywise”. O Piloto da série, exibido no dia 26 de outubro de 2025, tem um ritmo eletrizante, um bom uso do suspense, do terror e do horror gráfico e nos entrega surpresas que nos deixam tanto sem fôlego quanto curiosíssimos para saber como a história será desenvolvida… a sequência de abertura e a de encerramento do episódio são verdadeiros marcos que definem o tom da série.

Na sequência de abertura, no início do ano de 1962, conhecemos Matty Clements, um garoto que se esconde na sala de cinema para assistir aos filmes e que, perseguido, quer ir para qualquer lugar menos de volta para Derry… é assim que ele acaba pegando carona com uma família excessivamente bizarra. A sequência enervante foi pensada para nos deixar inquietos, e a série constrói essa tensão crescente conforme o nível de estranheza no carro cresce exponencialmente, e acompanhamos o nascimento, ao som de “O-U-T! O-U-T! O-U-T!”, de uma criatura assustadora que terá a morte como sua companheira fiel. Gosto de como a cena foi propositalmente pensada para ser um choque, e como a terminamos rindo de nervoso conforme chegamos ao subterrâneo da cidade…

Quatro meses depois, outros personagens nos são apresentados. De algum modo, no entanto, Matty Clements e seu desaparecimento é o que “une” esses personagens. De um lado, conhecemos Phil e Teddy, dois garotos de 12 anos que conheciam Matty, mas que não eram realmente seus amigos, porque tinham esquecido o seu aniversário e foram “pagos” (com doces) para ir à sua festa; de outro, conhecemos Lilly, uma garota que vira Matty pela última vez no ano novo e que talvez lide com alguma espécie de culpa. Gosto muito de como “It: Bem-Vindos a Derry” aproveita essa estética de cidade pequena, de bicicleta, de mistério, como temos em tantos filmes da década de 1980 ou, mais recentemente, em séries que emulam esse estilo…

Como “Stranger Things”.

Eles pareciam ser o futuro trio de “It: Bem-Vindos a Derry”, e talvez seja justamente por isso que a sequência final do episódio é tão surpreendente. Há todo um cuidado em nos apresentar esses personagens: Teddy e a sua história como judeu, atormentado pela visão de um abajur feito com a pele do rosto de pessoas; Phil e a sua tipicidade masculina da época, além de sua característica desbocada; Lilly e os traumas que vêm desde antes de Matty, com a morte do pai há aproximadamente um ano, mas que é agravado pelo desaparecimento/pela morte de um companheiro, alguém que ela sente que não tratou tão bem assim quando viu pela última vez, porque recusara um beijo seu. Agora, quando a voz de Matty parece sair dos canos, ela quer ajuda…

A projeção da voz de Matty Clements cantando uma música de “O Vendedor de Ilusões”, o filme que o vimos assistir no cinema no início do episódio, movimenta a trama rumo a um clímax sangrento e inesperado. Lilly busca Phil e Teddy para contar o que ouvira, e embora pareça inicialmente absurdo demais para ser verdade, a visão de Teddy do abajur assombrado faz com que ele acredite – e Phil está apavorado sabendo que “ele é o próximo”. Agora, os três precisam descobrir o que acontecera com Matty: ele desapareceu há quatro meses, mas eles não têm certeza de que ele está morto… assim, eles vão até a biblioteca para fazer pesquisas que possam lhes dar qualquer dica, e possa deixá-los ainda que um pouquinho mais próximos da verdade.

Isso leva o grupo até a garota que vira Matty no dia de seu desaparecimento, e isso nos entrega o que pode ser a melhor sequência do episódio… a música que Lilly ouvira “Matty” cantar é reconhecida como a canção de “O Vendedor de Ilusões”, e então eles colocam o filme para assistir – a tecnologia em Derry talvez seja avançada e perigosa demais, no entanto. Matty Clements aparece como parte do filme, e então fala diretamente com os seus “amigos” que não agiram como tal quando ele ainda estava por ali… e então o grupo sofre o sangrento ataque da criatura bebê que vimos nascer quatro meses antes, naquela cena asquerosa do carro. É um massacre sangrento, afobado e aterrorizante, que parece dizer com todas as letras: BEM-VINDOS A DERRY!

 

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