A Casa das Sete Mulheres – A amargura de Maria
“Minha Manuela não foi feita pra guerra. Minha Manuela
foi feita solo pro amore”
O romance
entre Giuseppe Garibaldi e Manuela não é necessariamente dos mais longos – mas quando
se vive intensamente, ainda mais em tempos de guerra, poucas semanas podem ser
lembradas e sentidas para o resto da vida…
Manuela já estava esperando por
Giuseppe mesmo antes de sua chegada ao Rio Grande do Sul, e ela se apaixonou à
primeira vista, e Garibaldi estava disposto a se casar com ela, mas Bento
Gonçalves, seguindo um pedido feito por Anselmo, o pai de Manuela, em seu leito
de morte, está impedindo esse casamento. Ainda assim, mesmo que Bento impeça o
seu casamento com Giuseppe Garibaldi, Manuela já avisou Joaquim que isso não
quer dizer que ela vai fazer a vontade do seu pai e se casar com ele… prefere não casar-se com ninguém, então.
Uma das
cenas mais lembradas de Giuseppe e
Manuela acontece quando ele a está ensinando a atirar (com a desculpa de que
“as mulheres da estância precisam aprender a se defender”), e Manuela fica de
olhos fechados enquanto segura uma arma e, rindo, Garibaldi diz que “sua
Manuela não foi feita para a guerra, só para o amor”, antes de eles rirem
juntos e se beijarem – um momento que poderia ser romântico, mas que à luz do
que está por vir, acaba sendo o prenúncio da separação deles… e, em paralelo,
tem o nojento do Joaquim, observando
de perto de maneira bem espectral, depois fazendo um monte de cobranças a
Manuela, furioso (eu realmente não gosto do Joaquim nem da maneira como ele se
comporta). Depois, Joaquim vai atrás de Giuseppe para bater nele…
Giuseppe leva três socos antes de decidir se
defender… então não dá para culpá-lo.
Joaquim
procura Dona Maria para dizer, então, que “não quer mais se casar com sua
prima”, porque “não gosta de ser traído”, e quando Maria pergunta o que Manuela
fez, ele diz que “a culpa é daquele italiano”. Segue-se uma das cenas mais
revoltantes de “A Casa das Sete Mulheres”,
quando Maria ataca Manuela e à prende na cama para “ver se ela continua
donzela”. A violência daquela sequência é angustiante, e é um alívio quando Ana
e Caetana chegam para conter Maria e tirá-la do quarto, salvando Manuela,
enquanto Mariana, Perpétua e Rosário chegam para abraçar Manuela… é uma cena
terrível de se assistir, e depois ainda temos que aturar o Joaquim tentando se
inocentar dizendo que “não falou nada sobre Giuseppe para Maria”.
MAS FALOU
SIM! TUDO É CULPA DELE!
Giuseppe
insiste e chega a enfrentar Maria, dizendo que quer se casar com Manuela e que
a ama, mas Maria diz que “prefere ver sua filha morta do que casada com um
sedutor ordinário como ele”, o que é algo terrível de se dizer… ainda que ele
seja meio que um sedutor. Mas dizer que prefere “ver sua filha morta”?! Como
Maria segue irredutível, Giuseppe anuncia que vai procurar por Bento Gonçalves
porque, depois de tudo, talvez ele lhe dê a sua autorização, e Caetana, a
esposa de Bento, o manda fazer isso mesmo, porque “provavelmente ele vai
abençoar a união”. Furiosa e amargurada, Maria diz que a sua benção eles nunca terão… na verdade, Maria tem medo que
Manuela seja feliz como ela nunca foi. O
quanto ela faz as filhas sofrerem.
Inclusive,
Manuela tem uma cena ICÔNICA enfrentando a mãe nesse sentido, perguntando se
ela não acha irônico que eles estejam lutando contra a opressão do império
enquanto, ali, na casa do presidente dos Farroupilhas, as mulheres são
oprimidas daquela maneira. E quando Bento Gonçalves retorna à estância e
descobre que Maria tem mantido Manuela presa em seu quarto, ele mesmo diz algo
parecido: “Encarcerar uma filha? Tu
enlouqueceste, Maria? Depois de tudo que eu passei nas prisões imperiais?”.
Bento pergunta se ela se esqueceu o que é liberdade, aquilo pelo que eles
lutam… então, manda tirar Manuela do quarto imediatamente, mas não autoriza o
casamento com Garibaldi, porque acha que isso seria mais um problema que uma
solução.
E, na
verdade, Bento não está errado nas coisas que diz a Giuseppe: ele pergunta o
que seria de Manuela enquanto Giuseppe vive por aí, lutando batalhas até o fim
da guerra, se ele pretende abandoná-la esperando por ele ou se pretende levá-la
consigo? E, se levar, que tipo de vida ela teria?! Abandonar sua própria vida
heroica e nômade tampouco é justo com ele. Parece muito duro para dois corações
apaixonados, mas é racional o que Bento diz: as dificuldades seriam tamanhas que logo matariam o que eles sentem.
E, como prova disso, as coisas começam a mudar quando Giuseppe parte para Santa
Catarina emissão, deixando para trás uma carta de despedida para Manuela, que
ele pede que ela leia só depois de ele ter partido… uma carta que termina com “Jamais te esquecerei. Seu para sempre,
Giuseppe Garibaldi”.
E, agora,
começa uma nova fase na vida de Garibaldi.
Para mais
postagens de “A Casa das Sete Mulheres”,
clique aqui.
Visite também “Teledramaturgia
Brasileira” em nossa página.

Comentários
Postar um comentário