A Casa das Sete Mulheres – O pedido de Teresa
“Teresa disse para não se preocuparem com o luto!”
Teresa não
ficou nada contente ao descobrir que seu marido está apaixonado por outra… ao
encontrar um álbum de Inácio cheio de desenhos que ele fizera de Perpétua,
Teresa não pode deixar de se sentir traída.
Afinal de contas, ela tinha Perpétua como sua amiga, e agora ela só consegue pensar que Inácio e Perpétua riam
dela nas suas costas e lamentavam o fato de ela ainda estar viva… não é bem
verdade, mas não se pode culpar Teresa por pensar assim. Tentando sempre jogar
com sinceridade, quando Perpétua é confrontada por Teresa a respeito dos
sentimentos de Inácio e se “ela sabia deles”, Perpétua diz que sabia e que o
sentimento é recíproco, mas ela nega que tenha se feito passar por sua amiga
para se aproximar de Inácio, como Teresa a acusa…
E é verdade…
Perpétua se envolveu com Inácio sem saber que ele era casado, e depois se
sentiu profundamente culpada quando ele chegou à estância com Teresa. Agora,
ela está se sentindo a pior pessoa do
mundo, e ouvir Teresa recusando suas ajudas e dizendo que “não acredita nas
suas boas intenções” é doloroso para ela. Curiosamente, as brigas entre
Perpétua e Teresa chegam ao fim em um evento traumático, quando a estância é
atacada por soldados caramurus perversos que pretendeu atingir a família de
Bento Gonçalves, que ele deixou desamparada, acreditando que estariam em
segurança afastadas da guerra… e as mulheres se reúnem, poderosas, com armas
prontas para se defender – e Perpétua fica no quarto, se recusando a sair do
lado de Teresa.
A cena da
invasão da estância é revoltante. Muito tiro, destruição, coisas quebradas, e
tudo piora quando os caramurus começam a entrar dentro de casa… os tiros de
defesa atrasam o ataque e a invasão, mas não conseguem impedi-los. Quando o
quarto de Teresa e Perpétua é invadido por um caramuru nojento que tenta abusar
de Perpétua em uma cena traumatizante, Teresa se levanta da cama, pega a arma
que Perpétua foi obrigada a soltar e atira no caramuru para salvar a vida de
Perpétua. É uma cena fortíssima e Teresa provavelmente vai lidar com o trauma
de ter tirado uma vida, mas ela não
tinha escolha naquela ocasião: foi legítima defesa e para salvar a vida de sua
amiga, mas ainda assim foi traumatizante. E Perpétua a abraça, enquanto a luta
continua.
Tudo ali é
perverso e angustiante. Mariana também é agarrada à força por um caramuru
depois de defender a mãe, e é o Bento Manuel quem aparece de surpresa,
eventualmente, matando esse caramuru e acabando com toda a invasão… elas precisavam de ajuda, mas dever um favor
a alguém como Bento Manuel também não é algo bom. Com o fim da batalha, Teresa
diz a Perpétua que o que fez foi “uma demonstração de afeto”, e que percebeu,
naquele dia e naquele momento, que ainda gosta muito dela… Perpétua pede
desculpas mais uma vez, diz que não queria magoá-la, e Teresa responde, dessa
vez, que agora ela sabe disso, e
então as duas se abraçam, em lágrimas. É um momento importantíssimo para a
amizade de Teresa e Perpétua.
A saúde de
Teresa só piora nas semanas seguintes… e, à beira da morte, ela faz um pedido a
Perpétua: “Case-se com Inácio”. Ela
faz desse pedido a sua última vontade,
e pede que Perpétua faça isso “logo”, sem deixar para depois do luto… quando Inácio chega de volta à estância, Teresa já
foi sepultada como parte da família, que ela de fato se tornara. Pedindo perdão
ao túmulo de sua falecida esposa, Inácio fala de como a estimou tanto, mas a
amou tão pouco… ainda que Teresa tenha feito o pedido diretamente a Perpétua
para que ela se casasse com Inácio, Perpétua não está pronta para isso, não
frente à morte recente de Teresa, e se recusa a descer para ver Inácio quando
ele quer falar com ela para se despedir, e Mariana intervém, correndo até
Inácio para falar com ele…
E contar sobre o último desejo de Teresa.
O pedido de
Teresa em seu leito de morte, sua última vontade, abençoa a união que, de outra
maneira, seria traiçoeira ou abrupta. Naquele momento, ainda em vida, Teresa
lhe deu sua benção, visando a felicidade de seu marido e de sua melhor amiga… e
o fato de todos terem conhecimento desse pedido ajuda para que Perpétua não
seja julgada por aceitar uma proposta
de casamento – quer dizer, Maria julga, mas Maria julga todo mundo, e ela é a
única a fazê-lo, então está bom. Quando Bento Gonçalves aparece de surpresa na
estância para a celebração de Natal, “dando uma pausa na guerra”, ele conta a
Perpétua que Inácio pediu sua mão em casamento e ele a concedeu, mas Inácio diz
que só vai aceitar se casar com ela se ela o quiser como seu marido.
A verdade é
que Perpétua quer se casar com Inácio
– ela se apaixonou por ele desde a primeira vez, desde aquele momento na
cachoeira, quando ela ainda não sabia quem ele era. Ainda assim, a “permissão”
de Teresa não é o suficiente para apagar a sua sensação de que está fazendo
algo errado… ela chega a perguntar a Inácio como ele pode não sentir remorso, mas Inácio não quer falar a respeito disso: ele
só quer saber se ela quer ou não se casar com ele, e se ela não quiser, ele
promete sair por aquela porta e ela nunca mais voltará a vê-lo. Perpétua tem
medo, precisa lidar com a própria culpa, mas ela acaba se entregando a um beijo
apaixonado que confirma o compromisso que eles estão prestes a assumir: vem um casamento por aí.
Para mais
postagens de “A Casa das Sete Mulheres”,
clique aqui.
Visite também “Teledramaturgia
Brasileira” em nossa página.

Comentários
Postar um comentário