Caramelo (2025)
“Obrigado, Caramelo. Obrigado por tudo”
QUE DELÍCIA
DE FILME! Criado e dirigido por Diego Freitas e protagonizado por Rafa Vitti,
Amendoim e Arianne Botelho, “Caramelo”
é um sucesso que foi lançado pela Netflix no dia 09 de outubro de 2025 e conta
a história de um chef de cozinha em
ascensão que encontra um cachorro caramelo que salva e muda a sua vida… é uma
daquelas amizades bonitas em um filme que não é repleto de novidades, mas é
repleto de ALMA. “Caramelo” é uma
mistura de comédia, fofura e drama e funciona muito bem dentro de sua proposta,
nos entregando momentos perfeitos para qualquer amante de cachorro (!), além de
uma história bonita que envolve um romance, uma doença sem cura e a
redescoberta da vida dia-a-dia. Uma obra competente e envolvente.
O Caramelo –
porque é ele mesmo que escolhe seu nome, recusando sugestões como “Thor” e
“Ivan” – é um amor! Depois de ser abandonado na estrada a 23km de São Paulo e
de passar três anos na rua, o caminho de Caramelo cruza o de Pedro, um jovem
com muito talento na cozinha e que ganha um
melhor amigo no momento em que o cachorro invade a cozinha de um
restaurante chique e inusitadamente cria toda a situação que leva à promoção de
Pedro ao seu cargo dos sonhos: chef.
O Caramelo é carismático, o Pedro meio que “tem uma dívida com ele”, e no
momento em que ele dá comida para o cachorro do lado de fora do restaurante, o
destino dos dois se tornam um só… o Caramelo aparece chorando embaixo da chuva
do lado de fora do seu apartamento…
Bem, ele meio que precisa adotá-lo então,
não?
A relação
com o Caramelo tem um quê de complicação. Quer dizer, não é fácil conviver com um cachorro que destrói tudo ao seu redor
– mas todos nós que amamos cachorros já passamos por algo assim e não
resistimos aos olhinhos que eles fazem quando a gente vai dar uma bronca. E é
bonito demais ver a maneira como Pedro e Caramelo vão se tornando parte um da
vida do outro, e é o Caramelo quem acaba ajudando o Pedro a descobrir o motivo
por trás das suas misteriosas dores de cabeça que fazem com que ele passe mal
no trabalho, por exemplo… a sua “mania” de lamber a sua cabeça é um alerta que
faz com que ele procure um hospital e descubra que ele tem um tumor no cérebro.
Infelizmente, é um diagnóstico sem cura, mas existe tratamento.
Inicialmente,
Pedro guarda a notícia para si mesmo, e é pesado demais carregar isso sozinho.
A amizade com o Caramelo parece se tornar ainda
mais forte depois disso, porque ele é a única companhia que ele tem, mas
ele é convidado a se lembrar de que, independentemente do futuro que tem, agora ele está vivo. Quem lhe diz isso é
o Léo, um amigo que ele conhece na quimioterapia e que, em um primeiro momento,
parece apenas um “coach motivacional” do tipo que a gente não quer ouvir, mas ele meio que inspira o Pedro, e eles acabam
construindo uma amizade muito bacana, marcada pela fixação em bolas que o Léo
tem. Os dois têm algumas das cenas mais bonitas do filme, como quando Léo leva
o Caramelo e ele para fazer um grafite em um muro.
Mas o talento do Pedro é mesmo na cozinha.
A história
de Pedro também encontra a de Camila, que é responsável por um abrigo de
animais junto com a melhor amiga, Luciana, e que Pedro conhece no mesmo dia em
que conheceria o Caramelo – a jornada do romance
dos dois é muito bacana, porque começa com os dois se bicando insistentemente
porque a Camila parece detestá-lo… primeiro pela forma como dirige e quase a
atropela, depois por querer doar o Caramelo depois da primeira noite
desastrosa, mas aos poucos os dois também passam a fazer parte um da vida do
outro. Caramelo é deixado no abrigo para passar o dia e, quem sabe, ser
adestrado (ele tem um boletim e tudo!), e o encanto mútuo de Pedro e Camila
entrega algumas cenas ótimas com a participação mais que especial de Luciana!
Luciana
aceitando por Camila o convite de Pedro para jantar no dia em que o seu novo
menu será testado no restaurante de Martha ou reagindo ao “Que delícia” de Camila ao ver o Pedro de dólmã pela primeira vez é
maravilhosa! E aquela é uma noite cheia de eventos… tudo poderia estar perfeito
para o Pedro: ele tinha um novo melhor amigo e companhia diária; ele estava na
posição que sempre sonhou, com a aparente confiança da dona do restaurante em
que trabalha; e ele parecia ter encantado a garota por quem ele mesmo estava
encantado. Então, a perda do paladar por causa da doença ameaça colocar a sua
carreira em perigo e uma crise de pânico resulta em um desmaio que o envia para
o hospital, e é nesse momento que Camila descobre tudo e ele não pode continuar
escondendo isso dela…
É bom para
ele, na verdade. Ele não queria “ser um peso”, até porque Camila está lidando
com os seus próprios problemas, mas viver isso tudo sozinho é muito difícil –
ainda que ele tenha o Caramelo e o Léo. Ter Camila ao lado não torna a situação
menos pesada, mas ele tem alguém com quem dividir o peso. É triste e bonita a
cena em que ela usa a máquina de tosa do abrigo de animais para cortar o cabelo
de Pedro, e então ele faz uma visita à Dona Neide, sua mãe, que ele visitara
antes, mas a quem não tivera coragem de dizer a verdade… agora, ele precisa que
ela saiba de tudo, até porque dentro de 7 dias ele passará por uma cirurgia. A
sua doença não reagiu ao tratamento e a cirurgia é a única solução, e ele não
sabe se vai sobreviver e que sequelas pode ter…
Mas o que
mais ele pode fazer?
Então, ele
decide ouvir o que o Léo tem tentado dizer para ele desde sempre: ele tem 7 dias para viver. Naqueles 7
dias, ele não quer “viver pela metade”, e ele faz parte da vida de Camila e tem
uma ideia que ele espera que dê certo para salvar o abrigo que está cheio de
dívidas: ele restaura, com a ajuda de Léo, o antigo trailer da mãe para um
evento que venderá coxinhas para humanos e cãoxinhas para os pets, e que acaba
sendo um sucesso… depois do evento, quando Pedro passa mal e desmaia sozinho no
trailer que pode pegar fogo por causa de um pano de prato próximo ao fogão, o
Caramelo faz de tudo para salvar seu melhor amigo e vai buscar ajuda. Pedro
precisará passar por uma cirurgia, e ele quer ver o Caramelo e agradecer por
tudo, porque pode ser a última vez…
O que nos
rende a cena absurda e divertida dos cachorros no hospital!
Pedro
sobrevive. Doze anos depois, mesmo sem cura, ele segue sobrevivendo… não, mais
do que isso: ele está vivendo. Ele se
casou, teve filhos, salvou o abrigo e conseguiu investimento para que aquilo
fosse um negócio dele também com as coxinhas e cãoxinhas, e isso não quer dizer
que todo dia tenha sido fácil. Não foi, mas a vida é sempre essa luta e essa
incerteza, no fim das contas. A última cena nos traz, depois desse tempo, um
Caramelo velhinho e muito mais quieto do que o cão agitado do começo, que Pedro
leva à praia em uma cena paralela àquela em que eles vão à praia da primeira
vez, e é muito bonito. Eles viveram uma
vida juntos, sempre um cuidando do outro, e é isso o que importa. Um filme
sobre amizade, sobre amor, sobre a finitude da vida e sobre como saber da
finitude não é o fim.
Muito
bonito!
Para reviews de outros FILMES, clique aqui.
%20-%20Rafa%20Vitti%20Amendoim.jpg)
Comentários
Postar um comentário