Vale o Piloto? – Boots 1x01 – The Pink Marine

Mudanças no lugar mais improvável.

Baseado no livro “The Pink Marine”, de Greg Cope White com suas experiências pessoais, “Boots” é uma série da Netflix que estreou no dia 09 de outubro de 2025 e segue a história de Cameron Cope, um rapaz gay que decide se alistar em um treinamento para se tornar fuzileiro naval no ano de 1990 porque “ele precisa de uma mudança”. É quase difícil entender por que alguém como o Cameron escolheria se enfiar no lugar menos provável para ele, mas ele não vê muitas opções à sua frente: a família é um desastre, a faculdade parece fora de cogitação e o seu melhor e único amigo está indo para a Marinha… por que não ir junto? Há um quê de desespero e outro quê de ingenuidade quando Cameron se alista, e agora cada segundo é de dúvida.

Sinceramente, eu sei que eu não aguentaria… eu jamais cometeria a idiotice de me alistar por vontade própria, é óbvio, mas eu não suportaria um dia dentro daquele lugar, e o episódio causa essa angústia porque tudo parece inóspito, os superiores são asquerosos, o tratamento beira a tortura. Como série, no entanto, funciona bem porque a) eu estou curioso para saber como o Cameron vai se sair nisso tudo; e b) eu gostei bastante de vários personagens. Há muito a ser explorado ali, já gostei muitíssimo da relação de amizade entre o Cameron e o Ray, e temos outras relações a serem exploradas… em conversa consigo mesmo, manifestada através de outro ele que se senta ao seu lado, Cameron meio que “revela a si mesmo” que ele não é o único escondendo coisas ali.

E não é.

O maior destaque desse primeiro episódio, para mim, é o Ray… o melhor amigo de Cam parece exatamente o tipo de amigo que todo mundo merecia ter ao lado. Gosto particularmente da cena em que ele dá forças a Cameron para fazer as três flexões que, caso não consiga, resultarão em sua expulsão, e de como ele tem sua própria história. Ele é um bom amigo, os momentos furtivos compartilhados com Cam funcionam muito bem, e todo o racismo que ele sofre de um superior por causa de sua ascendência asiática não é ignorada pela série, e rende uma das tramas mais interessantes do episódio. Por fim, há muita verdade na maneira como Cam aguarda o retorno de Ray ou como Ray vai até a sua cama ao voltar e o abraça, e diz que ele também precisa dele ali.

Que amizade incrível, sério!

Destaque, também, para outros jovens recrutas… Eduardo Ochoa ainda me parece um enigma interessante, e em vários momentos percebi que eu estava tentando ler suas intenções e sua natureza, mas ele é alguém que parece cheio de história a contar. John Bowman tem uma trama promissora com o irmão gêmeo, a pressão da família e a amizade quase instantânea com Cameron porque, de alguma maneira, eles se reconhecem. Thaddeus Hicks parece caótico, da maneira que vai movimentar a trama quando for necessário. E Nash talvez seja uma deliciosa surpresa, se ambas as versões de Cameron estiverem corretas sobre a possível olhada que ele deu para ele no chuveiro… inclusive, toda a sequência do chuveiro é apenas uma mostra do tormento de Cam.

Cameron passa o episódio todo perguntando se aquele é seu lugar e se ele dará conta ou se cometeu um grave erro – ao mesmo tempo, ele secretamente quer estar ali e quer provar que consegue, e ele não é o único que está guardando segredos ou que está assustado. Será um desafio, é verdade, e é questionável se “vale a pena” no fim das contas, mas ele escolheu isso, não escolheu? No fim do episódio, um novo militar é enviado para cuidar do pelotão no lugar do Sargento Knox, que é retirado após agredir Ray gratuitamente, e o Sargento Sullivan promete ser um personagem instigante… afinal de contas, ele é o segundo nome na lista de elenco (!), e ele reconhece algo em Cameron desde o primeiro dia. Estou curioso para explorar os rumos da série!

 

Mais postagens de “Boots” EM BREVE.
Para mais Pilotos de séries, clique aqui.

Comentários