Máscaras de Oxigênio Não Cairão Automaticamente – Episódio 4: Vem Chegando o Verão

“Paca não morreu de AIDS, não, Nando… morreu de preconceito”

Como era de se esperar, a morte de Paca no fim do terceiro episódio de “Máscaras de Oxigênio Não Cairão Automaticamente” muda tudo. Se Barcelos estava usando a sua influência como piloto para ajudar em todo o esquema de trazer AZT dos Estados Unidos para o Brasil porque queria ajudar no tratamento do filho, o suicídio de Paca fez com que ele não tivesse mais motivo para se arriscar… ele nunca se importou com as outras pessoas mesmo. Ainda assim, muita gente precisa do remédio em território nacional, e o governo brasileiro não faz nada para liberar o uso de AZT no país porque o próprio Ministério da Saúde está mais preocupado em fazer propagandas sensacionalistas que causam terrorismo sem nenhum tipo de informação do que na saúde pública.

Mesmo sem a ajuda de Barcelos, eles seguem tentando… Fernando e tantos mais querem viver. Joana, inclusive, não entrega o prontuário de Fernando para a Fly Brasil porque sabe do quanto ele precisa daquilo e precisa dele para trazer medicamento para seus pacientes. Fernando também encontrou em Raul um companheiro importante: ele o ama, romanticamente ou não, e tem informação o suficiente para não ter preconceito… os beijos de Nando e Raul são quentes e excitantes, e eu acabei rindo horrores da cena em que eles estão transando no quarto de Fernando, acreditando que estão sozinhos em casa, quando a Dona Raquel abre a porta sem bater e os três ficam estáticos por alguns segundos, sem saber o que fazer – os dois descendo da escada depois estão maravilhosos!

A descoberta inusitada, no entanto, parece dar a Nando uma espécie de liberdade bem-vinda, e eu adorei a cena dele sentado na janela do carro e gritando “O Fernando, filho da Raquel do 103, é vi-a-do!”. Aquela cena, inclusive, antecede uma cena bonita de Nando e Raul nus em uma praia, exalando tesão em uma cena que é erótica e, ao mesmo tempo, emocionante. Bela, sensual e complexa, como é a relação deles, como é tudo o que eles estão vivendo… o sexo que eles têm mais tarde é lindíssimo – destaque para a bunda do Raul ou as suas mãos ávidas no peito de Fernando. Depois de tudo o que Fernando sofreu por causa de Caio, é muito bem-vindo que ele tenha alguém ao seu lado que não tem medo de abraçá-lo, de beijá-lo, de fazer sexo com ele…

O esquema do AZT tenta seguir mesmo sem o Barcelos – e Yara se mostra uma aliada poderosa, com ideias interessantes. O próximo “carregamento” é imenso, possivelmente o maior que eles já fizeram, mas Yara descobre que uma “denúncia anônima” colocou a Polícia Federativa na sua cola, e eles vão verificar as bagagens de toda a tripulação… a única alternativa é esconder dentro do próprio avião e trancar a porta como se o banheiro estivesse em manutenção, mas embora Santos deixe seus companheiros pensarem que trata-se de “alarme falso”, ele segura Nando e Léa querendo que um deles assuma a culpa. Para livrar a própria cara, então, ele joga todo o remédio trazido na privada do avião, e foi profundamente angustiante ver todo aquele AZT que podia salvar vidas sendo jogado fora.

Em paralelo, Dona Raquel descobre que o filho, Fernando, está doente… ela foi uma mãe maravilhosa e compartilhou uma cena fofíssima com ele ao descobrir oficialmente que ele é gay, mas descobrir que ele está doente é muito mais difícil, porque o medo de perdê-lo a consome – toda a dor traduzida em suas lágrimas no momento em que ela encontra remédios, panfletos e revistas com matérias sobre a AIDS nas coisas de Fernando é palpável, e ela está esperando por ele sentada na escada de casa quando ele retorna, depois de Santos se livrar de todo o AZT que trouxeram. Raquel é ainda mais maravilhosa naquele momento, falando sobre como eles vão fazer qualquer coisa para salvá-lo e ele vai ficar bom, para poder viver e ver o seu filho crescer…

Uma cena lindíssima.

O casamento com Léa é importante, talvez para ambos. Ele não quer que Léa tenha aquele filho sozinha, também não quer que a criança cresça sem um pai, e o amor que eles têm um pelo outro é incondicional. Eu gosto do amor inegável e da sinceridade que move essa relação, e isso tudo está expresso nas cenas rápidas do casamento deles, que conta com a presença de Raul como companheiro do noivo – amo o beijo que Fernando dá em Léa, na sua barriga com o filho que ele ajudará a criar e, por fim, em Raul, a pessoa que ele nem sabia que precisava ao seu lado… é uma sequência ótima, e antecede alguns dos momentos mais difíceis do episódio, conforme o resto dos remédios termina e a situação de Fernando vai piorando… destaque, ainda, para a cena de Yara e do irmão!

Fernando descobre que a Fly Brasil vai fazer testes para descobrir se algum de seus funcionários está com AIDS sem autorização, adicionando-os nos “exames regulares”, e qualquer pessoa infectada vai ser demitida, e ele percebe que algo precisa ser feito – o exame é antiético, e talvez Fernando precise fazer um pronunciamento oficial, talvez ele precise comunicar a empresa que ele está doente, para que eles não possam, depois, alegar que o demitiram sem saber disso… então, Fernando começa uma pequena revolução com uma carta aberta… sincera e com um texto EXCELENTE e atual, embora da perspectiva de um homem gay de 1989, a carta é a sua primeira tentativa. Caso não funcione, talvez ele precise processar a empresa… e lhe dá tesão só pensar nisso.

 

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