Uma Sexta-Feira Mais Louca Ainda! (Freakier Friday, 2025)

“If you're me, and I'm you, then... who is that?!”

Eu não achei que fosse possível, mas eu estou muitíssimo feliz que seja: ESSE FILME É TÃO BOM QUANTO O PRIMEIRO! O livro de 1972 de Mary Rodgers sobre uma adolescente e sua mãe que trocam de corpo já ganhou algumas adaptações ao longo do tempo, mas “Sexta-Feira Muito Louca”, protagonizado por Lindsay Lohan e Jamie Lee Curtis em 2003, é provavelmente a mais famosa delas… na onda atual de sequências feitas muito tempo depois e trazendo de volta o elenco original, “Uma Sexta-Feira Mais Louca Ainda!” poderia ter ficado aquém do filme original, mas ele nos surpreende com uma trama inteligente e com a mesma emoção, carisma e diversão do filme de2003. Vinte e dois anos depois, Anna e Tess ainda têm lições a aprender… e não apenas elas.

O filme de 2025 amplia o escopo do filme de 2003, mantendo sua essência e seu modus operandi, com deliciosas referências, um retorno maravilhoso de Lindsay Lohan e Jamie Lee Curtis aos seus papéis, e adições fenomenais ao elenco que ajudam “Uma Sexta-Feira Mais Louca Ainda!” a funcionar tão bem: a elas juntam-se agora Julia Butters, que interpreta Harper Coleman, a filha de Anna; Sophia Hammons, que interpreta Lily Reyes, a garota britânica que apareceu na sua escola e que Harper detesta com todas as forças, e que pode estar prestes a se tornar sua “meia-irmã”; e Manny Jacinto, que interpreta Eric Reyes, o interesse romântico de Anna com quem ela está prestes a se casar… e eu preciso dizer algo que eu já sabia: Manny Jacinto pode ser o homem mais lindo do mundo atualmente.

Assim como no primeiro filme, toda a primeira parte dele antecede a troca de corpos, porque precisamos entender qual é a relação entre esses personagens e o que precisa ser “consertado” – e é muito mais complexo do que no primeiro filme, porque não é a relação entre duas pessoas, mas todo o funcionamento de uma família inteira, que contará com QUATRO pessoas trocando de corpos. Harper e Lily se detestam ferozmente, e seus pais são chamados à escola para uma reunião quando uma reação química dá muito errado durante uma aula por culpa de suas brigas… e uma atração instantânea entre Anna e Eric acaba se tornando um primeiro encontro, um namoro, um amor sincero e, dentro de alguns poucos meses, eles estão se preparando para se casar.

Pode até parecer similar à sinopse do primeiro filme, com o casamento iminente de Tess e Ryan, mas mais pessoas estão envolvidas… Harper e Lily se odeiam, e Harper não quer ter que se mudar para Londres por causa do casamento, assim como Lily não quer ser obrigada a ficar na Califórnia; Lily, por sua vez, sente falta da mãe que morreu há não tanto tempo e ela não tem certeza sobre o pai se casar novamente; Harper tem problemas típicos de adolescente com a mãe, e entende alguns “segredos” da mãe como ressentimento, porque acredita que ela abandonou a carreira na música por sua causa; e Anna e Tess ainda lidam com alguns problemas familiares porque Tess talvez se intrometa demais na maneira como Anna, uma mãe solteira, cuida de sua filha.

Uma simples troca de corpo não pode resolver isso…

Por que não duas?

Tudo acontece graças a uma “vidente” não tão fajuta quanto parece, mais ou menos da mesma maneira que aconteceu no primeiro filme, com direito a terremoto localizado e tudo… dessa vez, no entanto, não são Anna e Tess que trocam de corpo entre elas – Anna desperta no corpo de sua própria filha, Harper, enquanto Harper desperta no corpo da mãe; mas Tess desperta no corpo de Lily, a filha de Eric, enquanto Lily desperta no corpo de Tess, a avó da garota que ela detesta. E É UM CAOS! A cena daquela manhã de susto é icônica, com direito a deliciosas referências à primeira vez que isso aconteceu, enquanto tudo parece novo demais para Lily e Harper, nos corpos de Tess e Anna, respectivamente, enquanto as verdadeiras Tess e Anna tentam pensar em como resolver…

São mais pessoas e atitudes que precisam mudar agora par que elas retornem.

Como não amar?

Já que temos quatro personagens envolvidas na trama de troca de corpos, o filme consegue brincar com isso de maneira espetacular, e explorar as várias relações de várias maneiras… exploramos a briga constante de Lily e Harper, que agora precisam conviver e, ao fazê-lo, talvez comecem a se conhecer melhor; exploramos os desentendimentos mais amenos de Tess e Anna, que já sabemos trabalhar juntas muito melhor do que as adolescentes; mas também exploramos a relação de Harper com a mãe, por exemplo, o que é algo essencial para o desenvolvimento e, principalmente, para a conclusão do filme, e a relação dela com Eric, o cara com quem a mãe vai se casar e que ela não sabia que era tão legal e que a amava tanto; e Lily tem a oportunidade de conhecer sua nova família

E entendê-la e aceitá-la como tal!

A dinâmica é sensacional, e eu gosto de como a premissa do filme permite que nos afeiçoemos quase que instantaneamente a todos os personagens – é claro que a boa atuação de todos os protagonistas ajuda muito a construir essa energia! Anna e Tess estão hilárias nos corpos de duas adolescentes, se surpreendendo com coisas como o fato de “os joelhos ainda funcionarem” ou poderem comer o que quiserem sem passar mal porque o metabolismo ainda funciona à perfeição… adoro a cena das duas saindo pela cidade de patinete e se divertindo horrores com isso! Harper e Lily, por outro lado, são interpretadas pelas maravilhosas Lindsay Lohan e Jamie Lee Curtis, e elas nos entregam momentos incríveis que vão construindo uma relação bonita e divertida entre elas…

Amo a sequência de fotos com Ella.

O filme funciona porque tem cor, tem diversão, tem carisma e segue com o coração no lugar certo! Continua sendo um filme sobre relações familiares, sobre gerações, sabendo usar as brincadeiras e piadas antigas enquanto cria novas, e chega a trazer de volta também o Chad Michael Murray como Jake Austin, “o primeiro amor de Anna”, que entendemos que segue fascinado pela figura da “Tess” que conheceu quando Anna estava em seu corpo, lá no primeiro filme… Jake se tornou um amigo, mas as adolescentes, que pouco sabem sobre a relação de Anna com ele, tentam usá-lo para acabar com o casamento de Anna e Eric, porque é esse o plano delas – porque é isso o que elas acham que querem, até descobrirem que, no fim, não é bem assim.

Manny Jacinto, por sua vez, é uma estrela. É impressionante como ele preenche a tela não apenas com sua beleza indiscutível, mas com seu talento e seu carisma. Eric é um fofo, e não tem como não amá-lo! Harper, no corpo da mãe, Anna, acaba tendo que passar algum tempo com ele, e ela vai descobrindo cada vez mais sobre ele e sobre a própria mãe… Eric está absolutamente belíssimo no ensaio de “(I’ve had) The Time of My Life”, com a coreografia de “Dirty Dancing”, para o casamento (fiquei sem fôlego), e Harper finalmente entende o quanto ele ama a mãe dela naquela entrevista na imigração, que é uma das cenas mais fofas de todo o filme… mas também temos aquela cena incrível na qual Harper descobre que ele e a mãe estão aprendendo a surfar por ela…

Inclusive, para quem não sabe, Manny Jacinto é ÓTIMO na comédia…

E essa cena é uma pequena mostra disso.

Aos poucos, a relação de Harper e Lily vai se consertando, com direito a uma cena linda na praia depois de um dia de inesperada diversão, na qual ambas admitem que “se detestaram um pouco menos hoje”, mas Harper se convence primeiro de que o casamento entre Anna e Eric precisa acontecer. Ela já não está mais disposta a acabar com tudo no almoço de ensaio cheio de convidados quando Lily convida Jake e tudo parece ir por água abaixo. Não exatamente por causa de Jake, mas porque Eric parece entender que Anna ainda tem dúvidas e o melhor que eles têm a fazer é cancelar o casamento… as lágrimas silenciosas de Anna no corpo de Harper são dolorosas de se assistir, e Lily eventualmente se sente culpada por ter sido a causa de tudo, no corpo de Tess.

Então, ela precisa consertar isso. De um jeito ou de outro, Lily precisa consertar isso – e, como Tess, ela escuta o próprio pai fazer o que deve ser o discurso mais lindo que ele poderia fazer sobre como sua filha é sua prioridade e como ele a ama… sinceramente, eu não consigo assistir a “Uma Sexta-Feira Mais Louca Ainda!” sem terminar (ou começar) completamente apaixonado por Eric Reyes. Lily finalmente entendeu muita coisa: ela entendeu o quanto o pai a ama e também ama a Anna, e como voltar para Londres não vai trazer a sua mãe de volta… e ela está exatamente na mesma posição em que Anna estivera em “Sexta-Feira Muito Louca”, com a mãe se casando novamente. Então ela percebe, também, que ela quer ser parte daquela família… de algum modo, eles já são uma família.

Ainda mais depois de toda essa experiência!

Harper também tem algo a mais a entender sobre a mãe, e isso acontece durante um show que nos remete propositalmente à apresentação à qual Anna queria comparecer no dia do ensaio de casamento de Tess no primeiro filme – Harper precisa entender que a “música secreta” que a mãe havia composto não era sobre o Jake, mas sobre ela, e isso quer dizer que ela a ama… dessa vez, no entanto, Anna não fica escondida nos bastidores enquanto alguém em seu corpo se apresenta no palco, porque a filha a chama para tocar e cantar com ela a música que foi escrita para ela. E conforme tudo se alinha, todos se entendem e elas podem voltar para seus próprios corpos, Anna tem a oportunidade de se apresentar ao som de “Take Me Away” no seu próprio corpo.

É lindo e nostálgico!!! Me arrepiou todo!

“Uma Sexta-Feira Mais Louca Ainda!” é um MÁXIMO. É uma sequência feita com evidente carinho e atenção: o filme extrapola a premissa original, a torna, quiçá, mais complexa, mas parece uma evolução natural daquela história com aqueles personagens quando a família aumenta e, com ela, os desentendimentos e a necessidade de “se colocar no lugar do outro”. Quando comentei o amado primeiro filme, que fez parte da minha vida e que eu já assisti tantas vezes, eu disse que “ele fazia bem ao coração”. É com prazer que eu digo essa sequência faz tão bem ao coração quanto o filme original. Assisti ao filme inteiro com um sorriso no rosto, algumas lágrimas nos olhos em momentos pontuais e uma vontade tremenda de voltar a ele e o rever quantas vezes forem possíveis.

Um acerto e tanto! Um presente aos fãs e aos nossos corações!

 

Para a review de “Sexta-Feira Muito Louca (2003)”, clique aqui.
Para outros filmes, clique aqui.

 

P.S.: Tirem um tempo para apreciar a beleza de Manny Jacinto, porque sim.

  

Comentários

  1. Ah Jefferson, eu fiquei TÃO FELIZ quando vi esse filme. O primeiro é um dos meus favoritos da vida, e essa é a melhor continuação que ele poderia ter tido. Também fiquei apaixonada pelo Manny Jacinto e adorei Harper e Lily. E que bom que trouxeram de volta não só o Jake, mas também o Ryan, o Harry e as amigas da Anna.
    Confesso que ainda prefiro o primeiro filme. Nada supera o meu amor por ele. Mas quando se trata de continuações de filmes nostálgicos, Sexta-Feira Ainda Mais Louca pelo menos tem muito coração, é realmente engraçado e, como você falou, foi feito com carinho.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. É o que o primeiro tem o fator nostalgia, a gente passou muitos anos vendo e revendo e amando, mas eu achei o roteiro desse segundo filme surpreendentemente bom, e cheio de carisma tal qual o primeiro, foi uma delícia de assistir!

      Excluir

Postar um comentário