[Series Finale] Alice in Borderland 3x06

“Por que a vida vale a pena pra você?”

Encerro minhas reviews de “Alice in Borderland” dizendo o que eu disse desde o início: uma terceira temporada não era necessária, mas isso não quer dizer que ela tenha sido ruim. Gostei de estar de novo nesse universo, acho que tivemos jogos muito interessantes de se acompanhar nesses seis episódios, e eu termino a série mais apaixonado pelo Arisu do que eu era, então eu acho que o saldo é positivo… não ignoro, no entanto, o fato de a nova temporada ter diminuído o impacto do que era uma conclusão perfeita para a série ao fim da segunda temporada, e talvez esse último episódio deixe isso mais evidente do que nunca: embora tenhamos tido espaço para algo bonito e emotivo, não havia brecha para grandes surpresas e revelações que garantissem um impacto duradouro.

Ainda assim, é um final competente ao que a temporada se propôs!

Os jogadores seguem o Sugoroku do Futuro, e sabem que qualquer erro pode impedi-los de chegar à A5, supostamente a saída, em 15 rodadas. Como sempre, a estratégia fica a cargo de Arisu, que consegue visualizar o tabuleiro, os pontos e as possibilidades com clareza, e ele sabe que precisarão usar tanto a pulseira do bebê de Usagi quanto Yuna, que ainda está chorando sobre o corpo de Sohta, e rapidamente o jogo se torna mais tenso e urgente, com destaque para a cena em que Usagi tem aproximadamente 10 segundos para resgatar a pulseira do filho e ela hesita para passar pela porta aberta do outro lado por causa do futuro que vê, e o Arisu precisa tomar essa decisão por ela e entrar para resgatá-la, com uma ajuda quase inesperada de Ryuji Matsuyama.

Todos os jogadores chegam à A5, e ali está a aguardada porta com a inscrição “SAÍDA”, e todas as pulseiras e colares se abrem para “libertá-los”, mas eles ainda precisam passar por um último rolar de dados – um dado que permite a saída de 7 pessoas, mas, com o bebê, eles estão em 8. Assim, Arisu escolhe ficar para trás e pede que os demais levem Usagi para fora dali: eles têm 30 segundos para se movimentar quando Arisu pede que Ryuji leve Usagi de volta para o mundo real, e então ele fica sozinho para trás quando a porta se fecha… e, do lado de dentro, Arisu assiste sem poder interferir no que está acontecendo do lado de fora – primeiro, a ameaça de Ryuji de matar Usagi (!), depois a destruição da cidade que coloca em risco a vida de todos os sobreviventes.

A reviravolta está no anúncio de que quem permaneceu do lado de dentro é que zerou o jogo. Arisu é reconhecido por seu altruísmo de escolher ficar para que os demais vivessem, e essa é a prova de que “ele merece um futuro”. O futuro que lhe é oferecido, no entanto, é diferente do futuro que ele espera… ele é convidado para ser um cidadão de Borderland, e essa é a última coisa que Arisu quer no mundo – ele jamais escolheria isso. E é bonito ver o seu movimento para sair dali e, ao invés de ficar se torturando assistindo ao que acontece do lado de fora, de fato fazer alguma coisa. Ele é um herói salvando vidas como a de Nobu, Rei, Sachiko e Yuna. Salvar a vida de Usagi, sendo carregada pela correnteza, se mostra um desafio muito maior, e uma corrida contra o tempo.

Gosto de como tudo parece grande e propositalmente confuso, embora em parte seja uma tentativa desesperada de chocar e de entregar surpresas que não chegam aos pés da conclusão na temporada anterior… tudo, no fim, culmina nas escolhas de Arisu. Ele tem a ajuda de Ann do lado de fora e do próprio jogo, de alguma maneira, do lado de dentro, e então o tempo é congelado ali para que ele tenha um último jogo e uma última conversa – com um cidadão que lhe explica algumas coisas sobre aquele mundo entre a vida e a morte para o qual todos vão, mais cedo ou mais tarde… ainda que escolha retornar, em algumas décadas Arisu se encontrará ali novamente e, além disso, ele fala sobre “os inúmeros que estão para chegar”, porque alguma coisa está para acontecer…

Algo muito maior do que acontecera em Shibuya.

É permitido a Arisu fazer uma escolha: se deixar levar pela correnteza ao vórtice que é a morte ou enfrentá-la na direção oposta, cheia de obstáculos, que o levará à vida. Arisu escolhe voltar, mas vai levar Usagi com ele e, para isso, ele precisa salvá-la de Ryuji, que está disposto a levá-la com ele “para o mundo da morte”. No fim, Ryuji Matsuyama faz uma boa escolha, talvez a única de toda a temporada: ele entrega Usagi de volta para Arisu e se deixa levar sozinho pela correnteza, fazendo a sua própria escolha que, na verdade, ele já tinha feito há muito tempo. Ele pedeque vivam por ele. Arisu e Usagi escolhem juntos não apenas sobreviver, mas viver, então eles enfrentam a correnteza e despertam novamente no mundo real. Com uma nova chance.

O “epílogo” do episódio nos leva de volta ao mundo real, nos mostra Usagi e Arisu juntos, vivos e felizes tentando decidir o nome do bebê que estão esperando, e em paralelo vemos algumas cenas rápidas de pessoas andando pela cidade e cujas vidas seguiram razoavelmente bem… Nobu, Yuna, Sachiko, Rei… também temos a oportunidade de ver Arisu conversando brevemente com algumas pessoas que fizeram parte de sua jornada em Borderland nas duas primeiras temporadas da série, quer ele se lembre disso ou não, e ele pergunta a cada um deles por que a vida vale a pena para eles, até que essa pergunta seja devolvida para ele: e, nesse momento, ele sabe a resposta… a vida vale a pena porque ele está escolhendo o nome da sua filha.

O que quer que vai “levar inúmeros a Borderland” já está em movimento… terremotos simultâneos em todo o mundo. Talvez isso não tenha nada a ver com Arisu dessa vez, no entanto.

 

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