Boots 1x04 – Sink or Swim
“You failed
one event. You can’t be perfect all the time”
Se eu vou
ser inteiramente sincero, e eu sempre tento ser, eu gosto mais de “Boots” do que eu imaginei que eu
gostaria. Eu não estava esperando me afeiçoar tanto a esses personagens, me
importar tanto com eles e me sentir mexido
dessa maneira… esse episódio é INTENSO. “Sink
or Swim” é o quarto episódio da série e traz algumas coisas simultâneas,
como a pressão sob a qual Ray McAffey cresceu e que é muito definidora de quem
ele é hoje, ou o dilema misterioso do Sargento Sullivan, que cada vez mais se
parece humano. Recheado de bons
momentos, de angústias e de pequenas celebrações, esse provavelmente é o melhor
episódio até o momento, e eu me dou o direito de sentir-me orgulhoso de Cameron Cope e de tudo o que ele está
conquistando.
Seu lugar.
Gosto de
como “Boots” dedica pequenos flashbacks a diferentes personagens a
cada episódio para que possamos entendê-los
melhor. O passado de Ray não é difícil de supor: ele cresceu pressionado
pelo pai a ser perfeito, instruído a
esconder toda e qualquer fraqueza como se ela fosse uma vergonha, sendo
obrigado a silenciar crises de pânico que precisavam e nunca foram tratadas. Os
recrutas estão enfrentando uma semana de
natação, e uma das provas envolve boiar, e Ray tem uma dificuldade absurda
nisso – em parte porque boiar exige “não fazer nada”, e isso lhe parece inútil…
não é algo que ele foi ensinado a fazer. Então, ele é retirado brutalmente da
piscina e colocado “junto com os demais perdedores”, e esse é um conjunto de
palavras que o afetam profundamente…
É fácil – e
sensato – dizer a Ray que ele falhou em uma prova e que está tudo bem, porque
“ele não precisa ser perfeito o tempo todo”, mas ele não cresceu dessa maneira…
é sufocante a pressão internalizada que faz com que ele sofra daquela maneira,
e ele tem uma crise de pânico enquanto espera que os demais concluam a prova, o
que faz com que ele seja mandado para a enfermaria até que ele esteja
recomposto. Acaba sendo algo bom para ele, porque ele realmente precisava daquele ar, mas assim como ele já fez
muita coisa para proteger o Cameron, o Cameron agora está querendo trazer o seu amigo de volta. Ele precisa
encontrar uma maneira de dar um
empurrãozinho, de fazer com que ele tenha algum propósito, alguma “missão
para cumprir”.
Ele só
precisa de alguém “louco” o suficiente para ajudá-lo…
Hicks.
Em paralelo,
Sullivan está hesitando antes de entregar o papel de seu realistamento, e ele
busca uma advogada para conversar sobre a sua situação e sobre uma história que
aconteceu há algum tempo – uma história cujo teor ainda não conhecemos por
completo, embora tenhamos um flashback
rapidíssimo que pode dar alguma dica. Conforme observa os jovens recrutas de
seu pelotão e após a conversa com a advogada, Sullivan resolve ir conversar com
a sua superiora e contar que ele não
pretende se realistar, porque “ele não vê um futuro ali e é hora de seguir
em frente”. É uma explicação rasa e pouco sincera, porque futuro ele tem garantido ali: talvez ele só não o queira… exige
coragem dizer o que ele disse, e eu não acho que ele tenha voltado atrás quando ele assinou o documento por fim.
Eu só acho
que ele viu as coisas de forma diferente.
Esse também
foi o episódio em que o pelotão passa por uma inspeção meticulosa que deixa
todo mundo apreensivo… Ray se sai bem com a arma e com a sinceridade; Cameron
sabe o que está fazendo e tem a resposta de uma pergunta teórica na ponta da
língua, e é reconhecido por onde chegou; Ochoa está perdido desde a saída de
Mo, e é durante a sua inspeção que a cobra fugida de Hicks dá as caras. Depois
daquilo, eles são punidos pelos sargentos responsáveis por eles, e no meio de
toda a bagunça, o caderninho no qual Nash escreve coisas sobre cada um deles é encontrado – e o
Sargento faz com que ele leia em voz alta tudo o que escreveu sobre os colegas.
É maldoso, as reações são compreensíveis, mas quando ele lê o que escreveu
sobre Cameron…
A expressão de Cameron… a de Ray… a de
Sullivan!
Sigo
dizendo: a amizade de Cameron e Ray é uma das melhores coisas de “Boots”. Gosto de como Ray não precisa
dizer nada para representar o quanto está
puto com o que Nash escreveu sobre ele e por ser uma ameaça de exposição ao
seu melhor amigo, e acho lindo como o Cam não se incomodou de correr perigo forjando um roubo de papel
higiênico pelo outro pelotão só para dar ao Ray um motivo para “se vingar” –
ele queria uma desculpa para começar uma guerra, e ele teve uma… com a ajuda de
Hicks. Agora, sua consciência fica na dúvida se ele está mesmo ajudando o seu
melhor amigo ou só mentindo para ele, e eu confesso que eu fiquei o tempo todo apreensivo, mas tenho o prazer de dizer
que as coisas deram certo no final. Mais
do que eu esperava.
Hicks está
hilário, totalmente além de qualquer limite, e o Ray é um líder nato e
extremamente carismático, e fico contente por sua vitória, seu orgulho expresso
em sua postura no fim do episódio e a sua chance de se provar novamente na piscina.
Mas Cameron e Sullivan roubam o protagonismo de toda essa sequência, porque
Sullivan viu Cameron e os demais
jogando os papéis higiênicos fora, e agora ele o faz entrar no lixo e tirar
todos lá de dentro, enquanto Cam tenta uma chance de se explicar… ele fala de
fidelidade e de não ter muitos amigos na vida, e fala sobre preferir fracassar do que ver o Ray
fracassar. É tão sincero, e ele tinha autorização para ser franco, que
alguma coisa faz com que o Sullivan retribua isso com a mesma sinceridade…
inesperada.
Aquela é,
talvez, a cena mais importante do
Sullivan até o momento – talvez porque, ali, sem que ninguém visse, ele pôde
ser mais do que apenas o Sargento Sullivan, mas o Liam Robert Sullivan. Naquele
momento, ele diz a Cameron talvez algo que ele já disse a si mesmo ou que
queria que alguém lhe tivesse dito: que ele precisa parar de pensar em si como
inferior e reivindicar o seu lugar de direito… ele pergunta se Cameron acredita
que aquele é seu lugar e se ele quer mesmo ser um fuzileiro naval, então ele o
faz dizer isso até que ele acredite. É DE ARREPIAR! No fim, ele manda o Cameron
devolver todo o papel higiênico para o lixo… ele não vai contar nada ao restante do pelotão. De alguma forma,
acho que essa é uma cena importante e definidora para ambos…
Não apenas para o Cameron.
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