Truque de Mestre: O 2º Ato (Now You See Me 2, 2016)

“We are going out with a show people will never forget”

Grandioso, talvez exagerado, um pouco absurdo… E EU AMO PROFUNDAMENTE! “Truque de Mestre: O 2º Ato”, lançado em 2016, é a sequência do filme de sucesso de 2013 que nos apresentou aos Quatro Cavaleiros, ao Olho e à vingança de um agente do FBI pela morte de seu pai, o grande mágico Lionel Shrike, décadas antes, e é uma boa sequência – ainda que passe a sensação de que é menos “redondinha” do que o filme original, o que tende a acontecer com sequências encomendadas a partir de um filme que fez sucesso. Com as coisas saindo menos “conforme o planejado” para os Cavaleiros e para Dylan Rhodes/Shrike, o filme tem uma constante energia mais caótica que se assemelha ao último ato do primeiro filme, e o torna inegavelmente eletrizante.

É menos perfeito, e eu tenho noção disso. “Truque de Mestre” foi pensado como uma história fechada, na qual as peças se encaixavam e formavam uma imagem completa. “O 2º Ato” é uma extrapolação da ideia original, é a expansão de uma obra finalizada, e precisa reformular alguns detalhes pré-estabelecidos para funcionar… o personagem de Thaddeus Bradley passa por uma reescrita, por exemplo, e Dylan desce da posição alta na qual ele foi colocado com a reviravolta do filme original, o que inevitavelmente diminui um pouco o brilho do personagem. Os Quatro Cavaleiros, por sua vez, parecem menos “invencíveis”, porque eles não estão no controle da situação a partir do momento em que são sequestrados e levados para Macau… e, então, eles precisam improvisar.

Os Cavaleiros estão há pouco mais de um ano vivendo escondidos, esperando por novas ordens do Olho e/ou de Dylan, e começando a questionar… Daniel Atlas não gosta de ser mantido no escuro e não se sentir no controle de tudo, e Henley abandonou a organização em algum momento – a saída de Isla Fisher do elenco, que resulta na saída de sua personagem, é coberta pela adição de Lizzy Caplan como a Quarta Cavaleira, Lula May, e eu gosto bastante da personagem. Além de ela ter uma queda compreensível por Jack Wilder, ela tem números mirabolantes e um estilo de mágica absurdo e divertido que funciona bem com o grupo. Ela é mais cômica que qualquer um dos outros, e isso ajuda a definir o tom do filme em vários momentos.

Com o lançamento de uma nova tecnologia perigosa, os Cavaleiros são retirados das sombras para um novo “show” – que consiste em invadir a apresentação da Octa. Em alguns sentidos, a sequência se assemelha aos shows do primeiro filme, e eu adoro toda a sequência que resulta na aparição dos Três Cavaleiros – sem Jack Wilder, que foi dado como morto antes do último ato do filme anterior – no palco: o Jack como segurança, o Danny passando por diferentes disfarces, o show de Lula com uma aparente mão decepada, o Merritt com o jovem presidente da Octa… mas, como eu disse, eles estão menos no controle da situação agora: a farsa da morte de Jack Wilder e a identidade de Dylan como o “Quinto Cavaleiro” são reveladas e, na tentativa de fuga, eles são sequestrados…

Pular de um prédio em Nova York e sair em um restaurante em Macau pega qualquer um desprevenido – e encaro isso como uma ironia do roteiro com toda a coisa de o primeiro truque no filme anterior ser de teletransporte. Não é difícil, conforme informações vão sendo reunidas, entender o que aconteceu, mas o responsável por isso quer ter a oportunidade de contar como fez o que fez, e é assim que somos apresentados ao desequilibrado personagem de Daniel Radcliffe, Walter Mabry, alguém que forjara a própria morte e, agora, movimenta operações ilegais remotamente, sem que ninguém preste muita atenção nele de fato… e ele sequestrou os Quatro Cavaleiros, mágicos e ladrões, para fazer um trabalho para ele: roubar um chip capaz de decriptografar qualquer coisa.

Espionagem, controle, poder, dinheiro, fim da privacidade

Aceitar a proposta de Walter parece absurda, e três dos Quatro Cavaleiros a rejeitam imediatamente ainda que estejam sob ameaça de morte, mas Daniel Atlas assume a sonhada liderança do grupo e anuncia que “eles vão fazer isso” – seu plano, no entanto, é roubar o chip e entregá-lo para o Olho. É poder demais para cair nas mãos erradas. Gosto DEMAIS de toda a sequência do roubo do chip, que precisa ser retirado de uma espécie de cofre escondido em uma carta e passar por um detector de metais sensibilíssimo. Aqui, os Cavaleiros fazem uma espécie de show privado no qual eles quase se divertem com a jogada da carta para lá e para cá durante uma inspeção meticulosa e ineficiente, e ainda que seja absurdo, é a minha sequência favorita no filme.

Dylan, enquanto isso, precisa se juntar a ninguém menos do que Thaddeus Bradley, o homem que ele colocara na cadeia por considerá-lo um dos culpados pela morte do pai tantos anos antes, e uma viagem deles a Macau coloca Dylan em contato inesperado com outra parte d’O Olho, bem como com elementos do passado de seu pai… inclusive, ele é colocado dentro de um cofre e jogado em um rio por Walter Mabry e seu pai, Arthur Tressler. Não sei se existe a possibilidade de um terceiro filme da franquia nos revelar que Lionel Shrike não morreu como imaginamos, e eu até espero que não, mas Dylan não morre como o pai supostamente morrera, porque “ele sempre tem algo na manga” – além do relógio do pai, no entanto, esse “algo na manga” é a amizade dos Cavaleiros.

Ter Danny resgatando Dylan “cura” muita coisa.

É um momento importante para ambos os personagens!

E, então, eles preparam seu show final… eles precisam proteger o chip, expor a mentira de Walter Mabry sobre sua morte, bem como todos os demais crimes cometidos por ele e pelo pai, e isso nos entrega um clímax ELETRIZANTE que tem tudo a ver com os Quatro Cavaleiros: aquilo é “Truque de Mestre”. Espalhados pela cidade de Londres, caçados tanto pelo FBI quanto pelos criminosos, os Cavaleiros fazem “pequenos” shows paralelos que preparam o grande finale: eles chamam e desviam a atenção a seu bel prazer, com números como Jack Wilder e as cartas de baralho, Daniel Atlas e a manipulação da chuva e Lula May e suas pombas, até o momento em que eles precisam fugir e acabam sendo capturados… ou eles se deixam capturar porque, dessa vez, isso é parte do plano.

Gosto demais de como o filme brinca com o seu conceito e de como se redime ao colocar os Cinco Cavaleiros em uma posição na qual eles estão, sim, no controle. Quando eles começam a “brigar” no avião, suspeitamos que algo que ainda não sabemos está acontecendo, mas fica claro que é o caso quando eles são “jogados para fora do avião”, e então sentamos, relaxamos e aguardamos o desfecho e a explicação de seu grande número… é gostoso demais ver a exposição que Walter Mabry e Arthur Tressler conquistaram ao desafiarem os Cavaleiros e O Olho, e é bom ver a plateia como cúmplice daquele número, que termina com a introdução oficial de Dylan SHRIKE como “O Quinto Cavaleiro” e mais uma fuga espetacular até ser a hora de eles retornarem…

Um brilhante show de Ano Novo no Tâmisa.

Ainda que seja, sim, imperfeito, eu continuo achando “Truque de Mestre: O 2º Ato” maravilhoso, e eu mal posso esperar para descobrir o que a franquia ainda tem a me oferecer… eu gosto dessa ideia quase mística d’O Olho, eu gosto demais dos personagens que são os Quatro Cavaleiros, e os filmes sempre nos guardam surpresas para a sua conclusão: dessa vez, descobrimos que Thaddeus Bradley era, na verdade, parceiro de Lionel Shrike e um dos líderes da organização d’O Olho, que agora pode ter escolhido Dylan como seu sucessor… são quase 10 anos desde o lançamento desse filme, e “Truque de Mestre: O 3º Ato” deve colocar os Quatro/Cinco Cavaleiros de volta em um palco – provavelmente não pela última vez. Me entreguem quantas sequências quiserem: eu estarei na sala de cinema com um sorriso no rosto!

Eu ADORO “Truque de Mestre”.

 

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Comentários

  1. Eu adoro esse filme, mas ao contrário de você, eu não vi o primeiro, então pra mim é fácil ignorar as pontas soltas na história

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    1. Amiga, mas assiste! Considero o primeiro "Truque de Mestre" INCRÍVEL!!!

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    2. Assisti hoje mesmo! Realmente foi demais!

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