A Casa das Sete Mulheres – A decisão de Manuela
Despedidas.
Manuela, que
ficaria conhecida na história do Rio Grande do Sul como “A Noiva de Garibaldi”, viveu um amor curto e intenso com Giuseppe
Garibaldi e passou o restante de sua vida pensando nele e esperando por ele…
confrontada com situações que a faziam sofrer, Manuela percebeu que ela
precisaria deixar de lado suas esperanças de uma vez por todas ao descobrir a
respeito da gravidez de Anita Garibaldi – e, mais ironicamente, foi Manuela
quem fez o parto que trouxe o pequeno Menotti à vida, porque ela era a única
pessoa por perto que podia ajudar. Manuela foi uma pessoa muito forte ajudando Anita naquele momento, ainda mais sob os
protestos absurdos da mulher que dizia que ela ia matá-la ou matar o seu bebê. Manuela precisou de muito sangue frio.
Eu talvez
tivesse me virado e soltado um “Então
pare sozinha!”.
Mas esse sou
eu.
Sempre
gostei muito da honestidade de Manuela, e eu gosto de como ela não tem travas
na língua. É lindo ouvi-la responder a Anita dizendo que a mataria, sim, de
bom-grado, mas não naquelas situações, e Anita precisa aceitar a ajuda de
Manuela porque é a única que ela tem.
O que era para ser, talvez, um momento emocionante, no entanto, pouco me afeta,
talvez porque eu nunca tenha gostado da
Anita Garibaldi de “A Casa das Sete Mulheres”. Tampouco gosto do Giuseppe,
para dizer a verdade, e embora Manuela mereça,
sim, um agradecimento, eu acabo revirando os olhos para todo aquele discurso de
“Nunca te esquecerei. Tu terás sempre em
meu coração um lugar grande”. Eu sinto que Giuseppe meio que “prendeu”
Manuela a ele, mesmo depois de tudo.
Depois de
Menotti quase morrer enquanto Anita está correndo para longe de uma batalha a
mando de Giuseppe, Garibaldi decide que precisa deixar de lado essa vida e
dedicar-se a cuidar de sua família, e então ele parte da Revolução Farroupilha,
com um pedido de Bento Gonçalves para que passe pela Estância da Barra, tanto
para se despedir quanto para ganhar um presente que Bento deixara para ele,
para que possa recomeçar a sua vida longe dali… naquele momento, Garibaldi
também tem a chance de se despedir definitivamente de Manuela Gonçalves, e eu
preciso dizer que mesmo que eu não goste do Giuseppe, Manuela faz com que a
cena seja icônica, repleta de emoção e de dor. E, antes de ir embora, Giuseppe
pede que “Manuela se case com Joaquim”.
Por algum
motivo, Manuela resolve seguir a recomendação de Giuseppe Garibaldi, e parece
disposta a se casar com Joaquim… o que, particularmente, eu achei revoltante,
porque o Joaquim é um dos personagens mais
babacas de “A Casa das Sete Mulheres”:
grosseiro, possessivo, tóxico. Os dois anunciam o noivado, para a felicidade de
alguns e a tristeza de Joana, que está apaixonada por Joaquim (e merecia alguém
melhor): “Não é vosmecê que Manuela está
beijando. Desiste desse noivado estúpido, ela não te ama, Joaquim”.
Joaquim, daquele jeito abusivo constante dele, grita com Joana (!), nega o que
ela está dizendo e ainda a manda “parar de criancice”. É uma tristeza muito grande que Joaquim ainda vá ficar com Joana em
algum momento.
Só imagino o
quanto ela foi infeliz!
Manuela
chega a dizer a Joaquim que o que Joana dissera é verdade, e ela é sincera com
Joaquim a respeito de seus claros sentimentos por Garibaldi: o que ela sentiu
por ele nunca mais sentirá por ninguém, mas ainda lhe resta muita ternura
dentro de si, muito afeto para compartilhar… enquanto ela fala sobre bases
sólidas da fraternidade e do entendimento, que seriam os pilares sobre os quais
o seu casamento com Joaquim seriam construídos, Joaquim aceita as migalhas que
Manuela pode oferecer, dizendo que um dia eles podem ter um filho juntos, e
talvez isso possa fazê-la esquecer-se de Garibaldi e mudar o seu sentimento por
ele… algo que Manuela sabe que nunca vai acontecer, porque ela nunca poderá
amar Joaquim como amou e ama Garibaldi.
Mas ela
deixa que a palhaçada siga.
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