Boots 1x06 – The Things We Carry
A história de Sullivan.
O MELHOR
EPISÓDIO DE “BOOTS” ATÉ AGORA! “The Things We Carry”, o sexto episódio
de “Boots”, é conduzido pelas
consequências, visíveis e invisíveis, de dois grandes eventos: primeiro, a
morte de Eduardo Ochoa; depois, a investigação do Sargento Sullivan. A
inesperada morte de Ochoa dentro do alojamento do Pelotão 2032 no fim do
episódio passado começa a gerar comentários nos outros pelotões, com algumas
histórias mais próximas de como as coisas aconteceram
de verdade do que outras… e se isso está mexendo com o imaginário dos
recrutas como um todo, os seus companheiros do 2032 são particularmente afetados
porque eles o conheciam. Há um
sentimento de perda, de medo, de confusão, de culpa. Nada é como antes.
Por seus
superiores, que estão sendo igualmente cobrados por causa da morte de um jovem,
os recrutas são instruídos a colocar tudo dentro de uma mochila imaginária que
eles precisam colocar nas costas, carregar e seguir em frente – porque, em
combate, eles também perderão muitos companheiros. Ainda assim, há um quê de
humanidade no trato, há reconhecimento de que eles não estavam preparados para isso. Sullivan, por exemplo,
conversa com Cameron e pergunta se Ochoa
foi a primeira pessoa que ele viu morrer, e então ele fala sobre como ele
está naquele lugar para “enterrar a sua antiga versão e se tornar a melhor
versão de si mesmo” ou algo assim, e, como sempre, parte do que Sullivan está
dizendo também é para ele mesmo.
Gosto, como
já disse, da amizade que Cameron tem com Ray… ainda que tenha achado o Ray um
idiota no episódio passado e tenha, sim, ficado com raiva, a relação deles é
antiga demais e sincera o suficiente para ser permanentemente estragada por uma
briga. O clima não está bom no início desse episódio ainda – existe provocação
e mágoa –, mas eles caminham… o
pedido de desculpas de Ray é sincero e encontra reciprocidade, e então Ray
passa a ser sincero como nunca teve coragem de ser antes, falando sobre como
ele não “quer” ser o Número 1, mas ele “precisa” ser, porque ele foi dispensado
da força aérea porque ele falhou, no
fim. Ele teve uma crise e não conseguiu se controlar a tempo, e então disseram
que não estava apto à força aérea.
Eles se
conhecem, se entendem e se gostam.
Howitt, que
é parcialmente culpado pela morte de Ochoa, enfrenta pouca sanção de fora,
embora alguns dos recrutas do Pelotão 2032, como o Santos e o Nash, saibam que ele não teria sido tão duro
com Ochoa se ele fosse um rapaz branco… vários personagens lidam, também, com o
sentimento de culpa: Nash se lembra da expressão no rosto de Ochoa quando leu o
que escrevera sobre ele em seu caderno/diário, e Cameron se pergunta se ele
deveria ter dito algo a alguém quando viu que ele não estava bem na noite
anterior. Sullivan quer que eles deixem
os fantasmas para trás para que sigam em frente, e isso nos dá aquela
inesperada cena do uísque e do “Suco de Jesus”, com direito a “We Are the Champions” e uma conversa
muito bonita de Cameron e Ray.
Ray ressalta
o que dissera antes: ele precisa mesmo do
Cameron ali com ele.
A transição
de Sullivan daquele homem frio e excessivamente severo que vimos no início da
temporada ao Sullivan que é humano
foi muito bem construída em todos esses episódios de “Boots”, e eu gosto da amplitude desse personagem, de como tem
tanto se passando dentro dele o tempo
todo. O fomos desvendando aos poucos, e agora que já temos uma boa noção de quem ele é, o que passou e passa, e por
que ele se vê tanto em Cameron Cope, a série nos leva em flashbacks na Base
Naval de Guam, seis meses antes, quando ele teve a sua história com o Major
Wilkinson… E QUE CENAS. Gosto de como as cenas são conduzidas, de como a nudez
é utilizada para mostrar os personagens despidos de mais do que roupas, mas de
máscaras…
Embora a nudez suada de Sullivan fumando
seja algo de se admirar em muitos sentidos.
Aqui, vemos
um Sullivan que não é necessariamente o “Sargento Sullivan”: ele é o Liam.
Naquela cena em que ele está absurdamente lindo sentado ao lado da cama
fumando, podemos ver em sua expressão como a cabeça está a mil, como existe
culpa e medo por estar se permitindo ser ele mesmo, por estar vivendo o que ele queria viver. Então,
Wilkinson o chama de volta para a cama, como se pedisse que ele deixasse tudo o
mais de lado, e então ele o abraça para dormir, e os dois ficam ali, grudados
um ao outro, por uma noite fingindo que o mundo não é o inferno que é. São
momentos como esse que fazem com que Sullivan cogite a possibilidade de deixar de ser um fuzileiro naval –
talvez haja mais na vida do que só isso.
O medo e a
covardia do “Sargento Sullivan” fala mais alto, no entanto, e é desesperador.
Com tudo o que ele não está preparado para viver, Sullivan escolhe manter as
coisas escondidas e guardadas… quando um companheiro lhe diz que “sair com
Wilkinson pode passar a ideia errada”, ele se acua e se esconde com medo da
exposição e corre – literal e metaforicamente. Wilkinson espera por ele no
quarto de hotel que compartilharam, mas ele não aparece… ele não aparece porque
ele não tem coragem de ser sincero consigo mesmo, devido aos anos sendo
obrigado a esconder quem é e performar uma masculinidade que não é natural. Ele sabe que vai ser acusado de “sodomia” se
descobrirem, que é proibido ser homossexual nas forças armadas…
Então, ele
foge, pega transferência, e possivelmente acaba com a vida de Wilkinson.
Até que as consequências cheguem até ele
também…
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