It: Welcome to Derry (It: Bem-Vindos a Derry) 1x02 – The Thing in the Dark

Racismo.

Com risco de parecer exagerado, mas nem aí com isso: BEIRANDO A PERFEIÇÃO! Exibido em 02 de novembro de 2025, “The Thing in the Dark” é o segundo episódio de “It: Bem-Vindos a Derry”, e nos apresenta às consequências do massacre no cinema ao qual assistimos no fim do episódio passado… tivemos um primeiro episódio impactante e propositalmente chocante que é seguido por um episódio que, na minha opinião, é brilhante: gosto de como a série toma seu tempo, aqui, para apresentar personagens, motivações e temas que devem conduzir parte da trama da temporada, como o racismo escancarado de Derry, ainda entregando sequências de horror que exploram o comportamento da criatura e como ela mexe psicologicamente com suas vítimas.

A cena da Criatura versus Ronnie é TERROR CLÁSSICO!

Depois da inesperada morte de personagens que julgamos ser futuros protagonistas de “It: Bem-Vindos a Derry” já no primeiro episódio – uma escolha narrativa inteligentíssima, por sinal! –, a série desenvolve aos poucos a história dos sobreviventes do ataque anterior e novas crianças que devem assumir dito protagonismo. Ronnie, a filha do responsável pelo cinema no qual o massacre acontecera, e Lilly são as únicas sobreviventes da matança inexplicável às autoridades e, a elas, se unem personagens como Marge, a “amiga” de Lilly que faz parte das insuportáveis Pattycakes, e Will Hanlon, que é um recém-chegado à cidade, filho de um piloto que foi trazido à base militar de Derry porque “eles precisavam de alguém destemido” para uma busca por uma “arma”.

Eles não têm ideia de com que estão mexendo.

Leroy Hanlon foi convocado para Derry em uma missão que ele ainda desconhece, e agora sua família – a esposa Charlotte e o filho Will – se mudam para uma vizinhança que os encaram como se eles não pertencessem. O racismo porcamente velado é um dos elementos do horror da série, uma vez que causa aquela sensação constante de desconforto na audiência, que percebe olhares, julgamentos e atitudes em relação a todos os personagens negros da série. Quando Charlotte Hanlon tenta defender um garoto que está apanhando na rua, por exemplo, ela é condenada com olhares como se estivesse errada, e Dick Hallorann é barrado à noite na entrada da base militar por sua cor. Até mesmo a “convocação” de Leroy à “Operação Precept” me deixa em dúvida…

Ainda vamos explorar com calma a questão da Operação Precept, que sabe da existência de algo em Derry que eles estupidamente acreditam que pode ser utilizado como uma arma – de fato é algo que causa um medo debilitante, como descrito, mas presumir que se pode controlá-la e usá-la a seu favor em uma guerra é estupidez pura e simples. E que cobrará o seu preço. Exemplo do medo debilitante que a criatura causa está em duas cenas nesse episódio: uma com Lilly no mercado, na qual a criatura toma a forma deformada de seu pai em um jarro de picles; mas a grande sequência de horror que nos fez aplaudir o episódio é com Ronnie, quando a criatura a atormenta falando sobre a morte de sua mãe e como o pai será condenado por causa do massacre no cinema…

TUDO naquela sequência é angustiante, nojento e apavorante.

SIMPLESMENTE PERFEITO!

O pai de Ronnie, Hank Grogan, está realmente a um passo de ser mandado pela cadeia pela morte daquelas crianças no cinema ainda que ele não estivesse nem mesmo no cinema naquela noite – e essa é outra demonstração do racismo escancarado de Derry, quando finalmente eles encontram a “desculpa perfeita para prendê-lo”. O embate de Ronnie e Lilly sobre isso é um elemento importantíssimo da narrativa desse episódio, tendo em vista que Lilly é a única testemunha sendo ouvida pela polícia e ela sabe da verdade, mas não quer contá-la para não ser mandada de volta para Juniper Hill – o que acontece de todo modo depois do episódio no mercado. Lilly tenta inocentar o Sr. Grogan como pode, mas é usada para que eles tenham um motivo para prendê-lo.

E o fazem.

Gosto dos diferentes níveis de terror da série. Isso a torna grandiosa!

 

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