Boots 1x05 – Bullseye

“Welcome to the best two weeks of your life”

Digo com toda a segurança: “BOOTS” É UMA DAS MELHORES ESTREIAS DESSE ANO – e eu confesso que não imaginei que seria tudo isso. “Bullseye”, o quinto episódio da série, se aprofunda em personagens como o Ochoa, que recebe uma terrível notícia, e na relação de personagens como Cameron e Ray, que precisam identificar as dinâmicas de sua amizade e os problemas dela, além de nos permitir entender mais do Sargento Sullivan, com o roteiro enfim se debruçando sobre o que já tínhamos previamente entendido. A construção da série é excelente e sentimos o crescente das emoções, com os temas sendo tratados de forma não rasa. É uma grande surpresa, talvez a minha maior surpresa no ano, e estou felicíssimo por ser parte disso!

O episódio começa de maneira agitada, em uma noite escura no dormitório quando Cameron é instruído a ligar para a emergência porque, aparentemente, alguém está morrendo… quando voltamos duas semanas para entender como chegamos àquele momento, temos uma boa dica de quem está no chão naquele momento: Eduardo Ochoa. Em sua narração como se estivesse conversando com sua esposa, Gloria, Ochoa fala sobre como o clima está diferente no quartel, como eles parecem estar começando a criar laços e como todos parecem estar de bom-humor, em parte por causa do treinamento com rifle que vai começar e durará duas semanas. É algo repleto de pressão e parece quase ritualístico, com uma série de pronunciamentos em uníssono e juramentos.

Em paralelo, Barbara Cope, a mãe de Cameron, segue usando a suposta morte do filho para vender cosméticos, mas a sua mentira cai por terra assim que Ji-yeong, a mãe de Ray, aparece em um evento em sua casa e fala sobre como eles estão juntos no acampamento de treinamento. A notícia não demora para chegar até o Cameron, porque Ray recebe uma carta da mãe com todas as informações… não chega a ser uma grande surpresa. A ironia aqui é que Ray fala sobre como a mãe de Cameron “sempre foi uma mentirosa”, mas ele é diferente dela. Logo em seguida, ele descobre que o Cameron mentiu para ele naquela história toda do papel higiênico. Mais do que mentir: ele o enganou e o manipulou. E, agora, a “amizade” dos dois está balançada de verdade.

Gosto demais da intensidade e da sinceridade da conversa/briga entre eles. Ray está inconformado por se sentir enganado, mas quando eles se desafiam a falar sobre verdades, Cameron também fala sobre como Ray mente e não enfrenta o fato de que tudo o que ele faz é por causa do pai, e o clima esquenta conforme a raiva toma conta e coisas que estão sendo pensadas são colocadas para fora sem filtro… Cameron pergunta se ele só pode ser seu amigo “enquanto ele for seu ajudante e ele for o herói”, e Ray responde colocando para fora o que está pensando sobre a súbita “proximidade” de Cameron e Sullian, e pergunta se “ele o levou para trás da lata de lixo e fez com que ele se sentisse como um homem”. Ray mereceu o soco que ele levou.

E preciso dizer: a cada momento mais orgulhoso do Cameron!

O treinamento com os rifles traz uma série de momentos importantes para diferentes personagens. Destaco a rivalidade de Nash e Slovacek desde a leitura do diário, que é “resolvida” por imposição superior, e a mudança na postura de Sullivan em relação a Cameron desde que aprendera a respeitá-lo… agora, Sullivan enxerga potencial e determinação, além de enxergar a si mesmo, e é de arrepiar a cena na qual ele ajuda o Cameron. Primeiro, falando sobre como ele está distraído, porque vira a briga com Ray, e manda ele se concentrar; depois quando se aproxima e, pertinho dele, fala sobre o coice do rifle e abraçar a dor. Talvez eu não estivesse preparado para esse Sullivan… esse Sullivan da voz baixa, educada, preocupada, como quem se importa.

Ele quase sorri. E Cameron percebe tal mudança.

A investigação ao Sargento Sullivan pela NCIS avança, e ele é chamado para um pequeno interrogatório sobre o Major Wilkinson e sua relação com ele: querem saber o quanto ele o conhecia, se ele já se encontrou com ele fora da base, se já viu algo preocupante sobre a sua conduta… aos poucos, a Agente Blodgett vai ficando mais específica e pergunta se o Major Wilkinson é homossexual, se Sullian tinha uma relação com o Major Wilkinson e se Sullivan é gay. É uma cena fortíssima e angustiante. Com a ilegalidade da homossexualidade nas forças armadas em 1990, Wilkinson e Sullivan são acusados de sodomia, e Blodgett faz Sullivan tirar a sua camisa. Por algum motivo, ela queria ver a tatuagem que ele tem no peito… isso lhe diz o que ela precisa saber.

“Is Major Wilkinson a homosexual? […] Did you have a relationship with Major Wilkinson? […] Are you a homosexual?”

“No”

Eduardo Ochoa, por sua vez, está determinado a ser o melhor atirador no treinamento de rifle, porque o prêmio é uma ligação para a família, e ele quer falar com a esposa… ele acaba se surpreendendo com o fato de que ele é um atirador nato, com uma mira praticamente perfeita, e é muito fofo vê-lo todo feliz e sendo reconhecido por isso… até que as coisas comecem a ficar pesadas, e o Cameron acaba sendo um bom e inesperado amigo nesse momento. Partimos da felicidade e orgulho de Ochoa para o seu medo quando cai a ficha depois de ele ser apontado como um possível “atirador de elite”: ele não quer ser um atirador de elite, ele não se juntou aos fuzileiros navais para matar pessoas… mas é para isso que eles estão sendo treinados, não é?

É forte a cena do seu desconforto, e Cameron o incentiva a pensar que, nesse momento, ele está atirando em um papel, e o que importa é a ligação. Uma ligação que ele ganha e que acaba acabando com a sua vida. Quem atende, no meio da noite, é a voz sonolenta de um homem, e Gloria desliga, em choque, ao ver que é o Ochoa ligando. Dali em diante, Ochoa entra em uma espiral rápida de destruição que começa ao xingar o seu superior, mas ele se cobra demais, se esforça demais até que o seu corpo não aguente. Pode ser uma crise de pânico que é levada ao esgotamento físico e emocional que faz com que tudo pare. Quando Sullivan manda Cameron arrumar as coisas de Ochoa, ele pergunta se o colega não vai mais treinar com eles…

Mas ele não vai mais treinar, de jeito nenhum. Ele está morto.

UM SOCO NO ESTÔMAGO.

 

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