The Sandman 2x03 – Chapter 13: More Devils Than Vast Hell Can Hold
“Without
Hell, Heaven has no meaning”
Concluímos a
adaptação de “Estação das Brumas” com
“More Devils Than Vast Hell Can Hold”,
o terceiro episódio da segunda temporada de “The
Sandman”, e temos mais um episódio visualmente lindíssimo e impactante para
a série! Sonho dos Perpétuos resolveu resgatar Nada, a Rainha do Primeiro Povo
que ele condenara ao Inferno há 10 mil anos. Quando ele chegou ao Inferno, no
entanto, ele se deparou com um lugar vazio e um Lúcifer que está “se
aposentando”. Em posse da Chave do Inferno, agora, Morpheus precisa lidar com
todos os “convidados” que chegaram ao Sonhar e escolher quem é a melhor opção
para se tornar o novo Governante do Inferno… afinal de contas, essa não é uma
obrigação que ele queira para si.
Algumas
alternativas parecem razoavelmente viáveis… outras parecem impossíveis. Sonho
não tem qualquer intenção de entregar a Chave do Inferno a Azazel, mas o
demônio pede uma audiência com ele ainda naquela noite, para tentar
chantageá-lo ao mostrar que ele tem Nada
como sua prisioneira e pode consumir sua alma se Morpheus se recusar a entregar
a Chave do Inferno para ele. Gosto de como ele dispensa Azazel sem dar-lhe
nenhuma promessa, dizendo que “ele escutará sua decisão no dia seguinte”, e
Sonho tem um bom motivo para não querer entregar a Chave para ele, como ele
explica para Lucienne: Azazel não ficará contente apenas com o Inferno e tentará conquistar outros Reinos, inclusive
o deles, e ele não vai permitir ser extorquido.
Enquanto
pensa na sua decisão impossível,
Sonho encontra Nuala, a enviada do Mundo das Fadas que lhe diz que se alguém
pode fazer o impossível, esse alguém é ele… ele já fez antes, quando conseguiu
que o seu Reino e o Mundo das Fadas fizessem as pazes depois de os caminhos
terem se separado por tanto tempo. Aconteceu em 23 de junho de 1593, para onde
retornamos agora – a primeira apresentação de “Sonho de Uma Noite de Verão”, escrita por William Shakespeare.
Quando Will pergunta para Morpheus sobre o público
para a sua peça, Sonho informa que eles virão “da colina, através de um
portal”, e é uma visão tão linda a da chegada do Povo das Fadas… Sonho quis que
Shakespeare escrevesse essa peça como uma forma de presente.
A peça de
Shakespeare tem o Povo das Fadas como personagens… Robin Boa-Praça, que assume
seu próprio papel no segundo ato, e o Rei Oberon e a Rainha Titânia, por
exemplo. A ideia de Sonho é de que histórias duram para sempre, e com “Sonho de Uma Noite de Verão”, eles
sempre serão lembrados e comentados pelos mortais… seus nomes continuarão
existindo e sendo mencionados dentro de muitos séculos. E é o que acontece: a arte faz com que eles vivam para sempre.
O presente funciona, no fim, e a Rainha Titânia o agradece e diz que ele sempre
será bem-vindo no Mundo das Fadas. Naquele momento, como Nuala diz agora, ele
curou as feridas entre os reinos e os mortais até hoje falam sobre os reis do
Povo das Fadas. Ele fez o que parecia
impossível.
Por que não
fazer novamente agora?
Impressionante
como mesmo tendo lido “Estação das
Brumas”, toda a sequência do discurso de Sonho para anunciar sua decisão me
deixou absurdamente tenso e grudado à tela. Sua leitura sobre o Inferno como
reflexo do Paraíso e o Paraíso não ter sentido sem o Inferno é muito
inteligente, e então ele entrega a Chave a Remiel e Duma, os Anjos que também
chegaram ao Sonhar no episódio anterior. Azazel reage imediatamente, mas o
Sonho é mais esperto do que ele: assim como todos eles estão protegidos ali a
partir do momento em que Morpheus ofereceu sua hospitalidade, como uma regra do
Sonhar, Nada também está, porque ele estendeu sua hospitalidade a todos os visitantes, tanto aqueles que
sabia que estavam ali quanto os que não sabiam…
Azazel até
tenta tomar o Sonhar à força, mas você não pode vencer o Sonho no Sonhar – e é
estupidez tentar. Gosto da grandiosidade da cena e, ao mesmo tempo, de como é
um estalar de dedos para Morpheus, porque as regras ali são dele. Azazel
termina preso, a Chave do Inferno está com os Anjos e Nada está enfim livre. A
partida é um reflexo da chegada ao Sonhar, e é aqui que Cluracan trai a irmã ao
anunciar para Sonho que vai deixá-la ali, como um presente do Mundo das Fadas,
por ordens da Rainha Titânia. Recusar tal “presente” será pior para ambos os
reinos e mesmo para Nuala, que não tem nada a fazer com um irmão e uma rainha
que a rejeitaram dessa maneira… então ela escolhe ficar e Sonho a acolhe como
uma hóspede.
E ela não
precisa mais do “glamour” o tempo todo.
A saída do
Sonhar ainda traz surpresas quando o Loki tenta não retornar para a sua prisão
e manda outra pessoa no seu lugar – mas como eu disse: você não pode vencer o
Sonho no Sonhar, e é estupidez tentar. Morpheus encontra “Susano” tentando
escapar, mas ele sabe que é apenas o Loki, o deus da trapaça, tentando se
passar por ele e escapar do próprio martírio, e Sonho não pode deixar que
Susano padeça em seu lugar. O que ele pode fazer é criar uma versão onírica de
Loki para assumir a punição a que foi condenado e ninguém precisa saber… isso
deixaria o Loki em dívida com o Senhor dos Sonhos, no entanto, e não há nada
que ele queira por enquanto. Bem… assim como Lúcifer e o próprio Sonho, Loki
poderá começar novamente.
Sonho
cumpriu sua missão: ele resgatou Nada. Isso não quer dizer que ela queira falar
com ele ou o perdoar. Kai’ckul consegue, eventualmente, uma conversa com ela, e
é uma conversa intensa de tantos anos de mágoa. Sonho tem uma dificuldade
imensa em reconhecer os próprios erros e em pedir desculpas, mas talvez seja um
passo importante para ele admitir que estava errado. Mas em Nada está a
intensidade de todo o sofrimento infligido a ela durante os últimos 10 mil anos
no Inferno, e eu adoro como essa é uma cena na qual a Nada “dá na cara do
Sonho” – tanto figurativa quanto literalmente. É uma cena brilhante que o
obriga a pedir desculpas, desculpas de verdade… ela pretende seguir seu
caminho, não há mais nada com ele: ela quer ver o mundo mortal, viver
novamente…
Não há o que
conversar sobre “amor”, ele nunca a amou, talvez nem saiba o que é isso…
“I love
you”
“But I do
not love you. Farewell,
Kai’ckul”
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