Round 6 3x02 – Noite Estrelada

“A culpa é minha”

E se eu disser que eu achei esse episódio excelente? Ele é angustiante e revoltante exatamente como esperamos que seja um episódio de “Round 6”, e é curioso como a série conta várias histórias dentro de um único jogo. “Noite Estrelada” é inteiramente dedicado ao primeiro jogo dessa temporada, ao qual fomos apresentados no fim do episódio anterior, e nesse cenário labirintinesco, no qual as pessoas se convertem em suas versões mais primárias e selvagens, tudo pode acontecer. “Round 6” nunca foi sobre justiça… sempre foi uma sátira debochada na qual não acontece o que esperamos. É verdade que temos mortes tristíssimas e uma sobrevivência que, particularmente, me incomoda demais, mas a série não foi pensada como uma experiência constantemente catártica.

A tensão desse jogo é construída de maneira brutal a cada segundo… e as estratégias variam. As 120, 149 e 222, por exemplo, todas do time azul, se juntam para tentar escapar, com a sorte de terem em seu poder todos os tipos de chave disponíveis no jogo, o que quer dizer que elas podem abrir qualquer porta, e a 120 entende muito de defesa pessoal, e é maravilhoso vê-la matando a pessoa do time vermelho que queria matar qualquer uma delas; o 388, por sua vez, consegue matar o seu agressor enquanto se defende e o joga escada abaixo; já o 333 se une ao 124, que lhe fala sobre não haver nenhuma regra que lhes diz que eles só podem matar um do time azul, e quanto mais eles matarem, maior será o prêmio, porque eliminará também vermelhos que não matarem ninguém.

É com esse pensamento que se intensifica a caçada, a carnificina.

Para aumentar a tensão do jogo e a ironia do episódio, Jun-hee, a jogadora 222 que fraturou o tornozelo durante a prova, entra em trabalho de parto… tudo aqui é feito para nos deixar nervosos. A 120 e a 149 estão com ela, mas cada minuto parece uma nova chance de morrer, seja com os gritos do parto com o qual Geum-ja ajuda ou com o choro do bebê que acaba de nascer. O nascimento no meio de todo aquele horror de morte e sangue é um detalhe muito interessante desse episódio. E se Geum-ja está cuidando de Jun-hee e ajudando no parto, Hyun-ju fica responsável por cuidar da porta, e é assim que ela mata mais um do time vermelho, o 202, em outra cena impressionante que a leva até a saída… e ela tem todas as chaves para abrir a porta.

Quem também encontra a saída é a 044, mas, diferente de Hyun-ju, ela não tem todas as chaves necessárias para abrir a porta – por isso, ela começa a trilhar um caminho perigoso de volta ao labirinto, em busca de chaves que tenham um modelo diferente do dela, e é assim que ela se depara com o jogador de quem eu menos gosto nessas duas últimas temporadas de “Round 6”: o 100. Ele consegue sobreviver se fazendo de morto quando o 333 e o 124 chegam até ele, e ele usa a 044 para chegar até a saída… uma vez lá, ele abandona a 044 para trás, porque é uma competidora a menos para ele enfrentar na próxima fase. É revoltante que o 100 seja a primeira e a única pessoa que vemos passar em segurança através da saída para fora do labirinto.

Gi-hun, nosso Jogador 456, é uma incógnita curiosa de se acompanhar… sempre nos perguntamos se ele seria capaz de matar alguém, e talvez o jogo tenha finalmente o corrompido a esse ponto, e talvez o que ele conseguira provar no fim da primeira temporada ao idealizador tenha ido por água abaixo. Gi-hun enfrenta o 388, encontra a 044 e enfim reencontra o 388 para um confronto intenso à beira de uma porta aberta que levaria a uma queda fatal, e talvez esse seja o momento mais emblemático do episódio: o momento em que o 456 mata o 388 com as próprias mãos, enforcado… ele não usa a faca, ele não o empurra, ele sobe sobre ele e o asfixia até a morte. E, depois disso, o que ele vinha dizendo muda para “A culpa é minha”.

Fortíssimo.

Mas os idealizadores do jogo não deixam ele se matar. Outro momento importante.

O episódio termina com mais duas mortes… Hyun-ju encontra a saída e poderia ter salvado a própria vida, mas ela escolhe voltar por suas companheiras, Geum-ja e Jun-hee, e ela morre por isso. É algo rápido porque é para ser assim: a morte nesse jogo é abrupta, é fruto de um descuido ou de estar no lugar errado na hora errada… é fruto do não pensar só em si mesmo. A ironia é acentuada pelo fato de ter sido o 333 a matar Hyun-ju, mas ele poupa a vida de Jun-hee, que prometera proteger. A morte da Jogadora 120 é triste, eu a amava, mas para o roteiro e para o que se contou aqui é excelente… e o episódio ainda termina com a Geum-ja permitindo que Yong-sik, seu filho, a mate para poder seguir em frente, mas não permitindo que ela mate Jun-hee…

Uma mãe protegendo outra mãe?

Então, ela surpreende a todos matando o próprio filho.

Triste e impactante.

 

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