Anos Rebeldes – Março-Abril/1968: O assassinato de Edson Luís e a repressão na Candelária
28 de março de 1968
O
ASSASSINATO DE EDSON LUÍS. No dia 28 de março de 1968, o estudante secundarista
Edson Luís foi assassinado por policiais militares em um restaurante, e esse é
um evento que desencadeia uma série de outros eventos que marcaram o ano de
1968, que eventualmente iniciam os “Anos de Chumbo” da Ditadura Militar no
Brasil. Ainda tentando negar qualquer “problema”, a direita tenta emplacar a
narrativa de que Edson Luís morreu “por bala perdida”, mas é só pensar um pouco
para perceber o quanto essa história é fraca, porque o estudante estava em um
restaurante, desarmado, sem nenhum confronto. Ele foi assassinado a sangue frio
por policiais que, cada vez mais, tentam silenciar toda e qualquer voz que eles
considerem uma ameaça.
É alarmante…
e quem é da resistência quer que se fale sobre isso, quer que as pessoas
saibam! Gosto de como “Anos Rebeldes”
utiliza-se da ficção, quando coloca o Marcelo para invadir um teatro durante a
apresentação de uma peça para falar sobre o assassinato, para representar um
momento tão sombrio da história do Brasil, com o auxílio de tantos dados e
eventos reais, como a morte de Edson Luís. A cena da fala de Marcelo nos atinge
como um soco no estômago. Ele está em frente àquelas pessoas que o escutam em
silêncio para pedir que eles façam alguma coisa, porque não dá para fingir que
nada está acontecendo e que a Ditadura Militar não está MATANDO pessoas de uma
maneira tão brutal… e, naturalmente, esse caso repercute.
A morte de
Edson Luís aparece na televisão, o velório acontece na assembleia, e as fotos
reais da época, apresentadas por “Anos
Rebeldes”, ajudam a conceder mais peso a uma narrativa que sabemos que é
banhada no sangue da realidade dessa vergonhosa história. Me marcou bastante a
foto do caixão sendo carregado no meio de um protesto com placas que pedem o
fim da ditadura assassina e várias outras coisas pertinentes… Edson Luís se
torna um símbolo, e 50 mil pessoas comparecem a seu enterro. Durante muitos
dias, só se falava sobre isso. E assim como o caso chama a atenção não só da
resistência, mas de muita pessoa que se dizia “neutra”, também a Ditadura
Militar se movimenta para silenciar essas vozes insurgentes que se levantam.
04 de abril de 1968
A MISSA DE
SÉTIMO DIA DE EDSON LUÍS E O ATAQUE NA IGREJA DA CANDELÁRIA. O famoso e
fatídico dia de 04 de abril de 1968, que conta com o ataque violento dos
policiais militares na Igreja da Candelária, é apresentado em “Anos Rebeldes” do ponto de vista de
nossos protagonistas. Maria Lúcia está determinada a ir à missa, mesmo enquanto
o pai de João Alfredo é veementemente contra por considerar perigoso, mas eles
garantem: não é um protesto, não vai ter nenhum discurso, é um caso de
solidariedade… mas todos sabiam, de alguma forma, o perigo que corriam. E os
policiais estão esperando do lado de fora da Igreja da Candelária, no Rio de
Janeiro, com mais de 100 cavalos, promovendo um dos atos mais violentos da
nossa história.
Homens,
mulheres, crianças… todos que estavam presentes na missa de sétimo dia em
homenagem a Edson Luís são atacados de maneira violenta do lado de fora da
igreja. João Alfredo retorna para casa com dor e machucado por ter apanhado,
mas Edgar acaba no hospital por ter sido pisado por um cavalo (!), e a polícia
não dá descanso nem mesmo no hospital, onde eles procuram por Marcelo.
Felizmente, o João tem tempo de avisar o Marcelo do perigo que ele está
correndo e Marcelo consegue a ajuda de alguns médicos que são bons o suficiente
para ajuda-lo a fugir. A cena da fuga nos concede um sorriso no meio de tanta
dor e absurdo, com a mentira de que ele é “o filho de um oficial que precisa de
transplante em outro lugar”.
Enquanto
isso, Edgar é interrogado no hospital e ele mente, porque dizer que estava na
missa de sétimo dia de Edson Luís teria lhe garantido uma ida talvez sem volta
para a prisão. Não chegamos a assistir, a não ser por fotos reais da época e
matérias de jornal, ao massacre, mas ouvir a narração sincera e dolorosa de
tudo o que aconteceu nos atinge em cheio, porque é assustador saber que não se trata de ficção… saber que policiais
militares com mais de 100 cavalos agrediram e pisotearam as pessoas do lado de
fora da Igreja da Candelária e os perseguira por toda a cidade até a
Cinelândia. Saindo apenas do Brasil, o mundo lidava com a morte de Che Guevara,
com o assassinato de Martin Luther King e tantas outras coisas… o mundo estava em guerra.
E era cada
vez mais importante resistir.
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