Chespirito: Sem Querer Querendo 1x07 – Em Cima do Muro

Acapulco.

Exibido no dia 17 de julho de 2025, “Em Cima do Muro” é o sétimo episódio de “Chespirito: Sem Querer Querendo” e é o momento em que as duas linhas temporais da série se encontram: o sucesso crescente de personagens como o Chaves e o Chapolin Colorado e a ruína de um casamento ao qual não se deu atenção culminam nas gravações do episódio especial de Acapulco para o seriado do “El Chavo del 8”, em um episódio de “Chespirito: Sem Querer Querendo” recheado de drama, tal qual uma novela. É preciso lembrar que, ainda que se assemelha a uma biografia, a série continua sendo uma obra de ficção e reflete a visão de seus criadores sobre eventos da vida real, e eu acho que a ideia de “narrador não-confiável” se aplica bastante aqui.

O casamento de Roberto Bolaños e Graciela está em crise, e talvez não seja a única coisa em crise nesse momento… talvez ele esteja finalmente enfrentando uma crise em seu processo de escrita, e uma coisa está interferindo em outra. “Marcos Barragán”, o intérprete do Quico, questiona o fato de estarem “reciclando piadas velhas”, enquanto “Margarita Ruiz” defende o trabalho de Chespirito, e a sensação é de que tudo está saindo de controle… nos camarins, os demais atores do programa percebem a interferência de Maggie no trabalho de todos como se ela fosse a nova chefe, e eles sabem que Bolaños a escuta, o que pode ser um problema, porque ela pode acabar afundando a todos. E é assim que Margarita, que na vida real é a Florinda Meza, parece se sentir.

O grupo é convidado para uma grande turnê pela América do Sul de três semanas, e quando Roberto Bolaños convida Graciela a acompanhá-los e ela se recusa a ir, porque “ela não é parte desse mundo”, imaginamos o que está prestes a acontecer. A turnê se divide entre o sucesso realmente estrondoso dos personagens do “Chaves”, e gosto do trecho em português que é adicionado, porque o programa fez e ainda faz muito sucesso no Brasil (!), enquanto teatros são lotados para ver seus ídolos pessoalmente, e a consumação da traição de Bolaños. Não é necessariamente a primeira vez que acontece, tampouco é a única mulher com quem ele trai a esposa, segundo sua biografia, mas é o destaque dado à série: o envolvimento de Roberto e Maggie no Chile muda tudo.

Não é uma grande surpresa, não é algo novo que surge apenas no Chile por causa de bebida, e ambos sabiam muito bem o que estavam fazendo. Talvez tenha vindo uma parcela de culpa mais tarde… Bolaños traiu não apenas a esposa, mas Mariano, o amigo e diretor do programa que estava namorando Maggie. Então, ele vai conversar com Maggie sobre o que aconteceu no Chile não deveria ter acontecido e sobre como ela e a sua família merecem respeito, e ele não é homem para ela – tampouco pode lhe oferecer o que o Mariano pode. Ele não reage bem, no entanto, quando Maggie aproveita o anúncio de que todos eles vão para Acapulco para a gravação de um episódio especial para anunciar que o Mariano lhe deu um anel de compromisso e eles vão se casar…

Chegamos, então, à fatídica viagem a Acapulco – ela rende um dos episódios mais diferentes e mais emocionantes de “Chaves”, bem como dramas de bastidores dignos de uma novela mexicana. Infelizmente, parte dessa sequência parece excessivamente repetitiva porque vimos trechos da viagem a Acapulco durante toda a série, e eles são repetidos agora com contexto, mas percebemos que eles nunca foram realmente difíceis de se entender… revemos a briga de Mariano com Chespirito e Margarita, que Graciela presencia de longe, revemos o embate velado de Graciela e Maggie e a briga de Chespirito e Mariano quando este ameaça ir embora, e Maggie joga o seu anel de compromisso fora, termina o noivado com Mariano e exige que Chespirito “assuma uma postura”.

O que ele quer, afinal?

Não estou assistindo preocupado com o compromisso com a realidade, até porque conheço essas histórias apenas por cima… como ficção, no entanto, funciona. Chegamos a um ponto importante no qual os personagens são colocados contra a parede e decisões precisam ser tomadas, e acompanhamos à gravação do final do episódio de Acapulco, aquela cena na praia na qual o Chaves está cantando enquanto os demais estão reunidos em volta de uma fogueira – e é, talvez, uma das cenas mais bonitas e mais emocionantes de “Chaves”. Gostei muito de como pudemos “revisitar” esse momento sob um novo ponto de vista, e como a cena é recheada de ainda mais pesar por causa da crise generalizada nos bastidores… o choro silencioso de Graciela é de apertar o coração.

Agora, partimos para a conclusão da série!

 

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