O retorno de “Todas as Flores” (05 de abril de 2023)

Vai começar a vingança?

Produzida para o Globoplay, “Todas as Flores” teve uma pausa de aproximadamente quatro meses entre a sua primeira e a segunda parte – que eu não tenho certeza que foi a melhor escolha por questões de fôlego. Felizmente, eu comecei a assistir à novela “atrasado”, o que quer dizer que consegui “emendar” as duas partes e continuar no Capítulo 46 logo que terminei o 45 e, ainda assim, consigo sentir que talvez eu esperasse mais dessa primeira semana depois do retorno – imagino que pode ter sido uma decepção para quem esperou tanto tempo. NÃO é, de modo algum, uma semana ruim da novela, antes que pareça que é isso o que estou dizendo, mas é uma semana bastante “normal”, sem grande avanço na trama ou mudanças que talvez a pausa “exigisse”.

No fim da primeira parte da novela, vimos Maíra formular um plano de vingança que consistia em roubar o dinheiro de Zoé, culpar Vanessa, e usar o dinheiro para fazer uma cirurgia, voltar a enxergar e recuperar o filho… depois, acabar com a “desgraçada” da sua mãe. Para isso, Maíra precisa “interpretar a boazinha”, o que demanda muito sangue frio, e se adaptar à sua nova realidade: agora com baixa visão, Maíra vai usar uma bengala verde, e precisa reaprender muita coisa… a transição do braile para as letras impressas, por exemplo, rendem uma boa cena, e ela precisa até mesmo reaprender a andar (e eu fiquei lembrando de como já é estranho andar na rua quando saímos da ótica com uma lente nova, então só posso imaginar quão grande é a mudança para Maíra).

Maíra está aprendendo as cores, vendo o mundo pela primeira vez, procurando fotos de Rafael na internet, e precisa tomar cuidado para não ser pega. Vanessa, intrigadíssima com a insistência de Zoé de que ela roubou seu dinheiro, resolve ir atrás das câmeras de segurança e descobre o que realmente aconteceu. Como sempre, Letícia Colin ARRASA durante a cena inteira (Letícia Colin é a melhor parte dessa novela!), com um humor peculiar e hilário (arrancando humor de coisas pequenas como o comentário sobre o casaco – “Belíssimo, por sinal”). Vanessa também nos faz rir quando descobre que quem roubou a Zoé foi a Maíra se passando por ela, e é uma grande ironia a Vanessa estar furiosa porque a Maíra “se passou por ela” e “armou para ela”. SENSACIONAL.

Então, ela avisa Zoé, mas Zoé diz não acreditar, porque acha que Maíra “não teria essa malícia”. Ainda assim, talvez Zoé fique levemente em dúvida… até porque Maíra está interpretando a boazinha, e talvez ela esteja sendo boazinha demais com alguém que roubou seu filho – e isso faz com que Zoé fique no mínimo atenta. Quando Zoé leva Maíra para ver o Rivaldinho (a emoção de Maíra ao segurar o filho nos braços novamente), podemos ver que ela está de olho e não confia totalmente em Maíra, como diz… então sabemos que ela está armando alguma coisa quando Maíra insiste para que ela a leve de novo ver o filho, na esperança de que Judite e Pablo possam segui-las e descobrir onde ele está. Afinal de contas, a segunda parte da novela prometeu guerra.

Falando em Judite e Pablo, quando Pablo quase se mete em confusão na Rhodes por ter batido em Humberto, Judite acaba contando para Humberto, e depois para o próprio Pablo, que eles são pai e filho. Infelizmente (ou não), as cenas me fizeram rir muito… a intensa briga de Pablo e Judite era para ser um momento dramático desse retorno, mas a atuação do Caio Castro deixa MUITO a desejar e tudo o que eu consegui fazer foi rir – Caio Castro passou anos interpretando o mesmo personagem (que eu acredito que se parece muito com ele), e quase nos enganou em relação à sua atuação, mas quando recebeu uma cena com carga mais dramática, ele simplesmente não deu conta… os gritos, a voz, as lágrimas. Ao menos eu não passei raiva, porque eu estava me divertindo demais.

Também me diverti demais (e aqui pelos motivos corretos), com as cenas de Zoé e Vanessa quando Zoé invade a casa da filha para tentar reencontrar seu dinheiro e acaba roubando joias, e Vanessa a denuncia para a polícia e a faz ser presa – “Você está sendo presa por invasão de domicílio e roubo, mamãe”. Toda a sequência das duas na delegacia é uma das melhores cenas da novela (apesar de que Vanessa e Zoé juntas sempre rendem bons momentos, icônicas!). Tem o seu quê de seriedade com a frieza de Vanessa dizendo que “está tentando protegê-la de si mesma”, mas a graça está nas brigas das duas, que saem de controle, com direito à Vanessa chamando a mãe de “velha louca” e a Zoé pulando no pescoço da filha para tentar estrangulá-la ou sei lá.

A CENA É HILÁRIA, SEM DÚVIDA.

Rafael, enquanto isso, está tentando descobrir alguma coisa (e é ameaçado com um bilhete anônimo meio patético na Rhodes), e acaba chegando até o Diego. Quando Rafael o coloca contra a parede e diz que “sabe que ele está envolvido com tráfico humano”, Diego percebe que esse é o negócio do Samsa e se sente mal porque foi justamente o que levou a Jéssica… Diego pede que Rafael lhe deixe explicar e ele conta toda a sua história em detalhes, e apesar de não acreditar totalmente nele, Rafael resolve transformá-lo em seu informante, e Diego aceita um acordo, se Rafael o ajudar a recuperar a sua família… infelizmente, eu esperava bem mais do personagem do Diego e, atualmente, ele me irrita bastante. Ele oscila demais entre personalidades, e age como se não soubesse que estava fazendo algo errado.

Sei lá.

Na Fazenda, sempre pressionado por Ciça, Rominho é levado por ela até o Pavilhão 9, onde talvez ele entenda um pouco da “transformação” pela qual ela passou: naquele lugar, estão as pessoas que “enlouqueceram” enquanto estavam na fazenda, e Rominho entende que ou ele é fiel à organização e trabalha com eles, ou ele vai acabar ali também… e, depois disso, ele muda. Não porque ele acredita na “organização” nem nada assim, mas porque mais uma vez as esperanças dele de um dia escapar parecem ter sido destruídas: talvez não exista mesmo como fugir daquele lugar. Curioso a Jéssica perguntando a ele por que ele mudou de uma hora para outra, se até então ela estava sendo grossa com ele e dizendo que “não acreditava em nada do que ele diz”.

Mas eu ainda tenho esperanças para Jéssica e Rominho.

Um final feliz para eles seria bem utópico. Mas quem sabe?

 

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