Grease: Rise of the Pink Ladies 1x02 – Too Pure to Be Pink

“Imagine a world without boys!”

AS PINK LADIES SÃO MARAVILHOSAS! “Too Pure to Be Pink” é mais um excelente episódio de “Grease: Rise of the Pink Ladies”, nos levando de volta ao universo do filme clássico de 1978, equilibrando perfeitamente o nostálgico e conhecido com o que é novo e revolucionário – e poderia ser difícil juntar essas duas vertentes quase paradoxais, mas a série faz isso muito bem dando o protagonismo merecido às Pink Ladies, e as fazendo lutar contra as injustiças de Rydell High e os benefícios que os garotos ganham só por serem garotos. Assim como o Piloto, esse segundo episódio tem um visual marcante, colorido e bonito, bem como um cuidado musical que nos garante que estamos no mesmo universo de “Grease”, mas com uma nova história para contar.

No episódio anterior, Jane Facciano decidiu concorrer à presidência da escola, contra o favorito disparado: Buddy, “o bom garoto”. Ainda que possivelmente uma campanha arriscada, Jane sabe que, no fundo, tem chances, porque ela consegue falar com uma grande massa da Rydell High que não é formada pelos garotos populares, e que sabem que nem todo mundo “se diverte” na escola, porque estão preocupados demais em sobreviver ao Ensino Médio, e ela tem o apoio incondicional de suas três novas melhores amigas: Olivia, Nancy e Cynthia, com quem ela futuramente formará as primeiras Pink Ladies. Agora, é escolher como a campanha vai ser – enquanto tentam lidar com as consequências de como anunciaram essa candidatura no episódio anterior.

Afinal de contas, algumas pessoas estão considerando um “escândalo”. Elas mostraram a bunda no palco na frente de toda a escola, e saíram correndo roubando um carro (!) dos T-Birds do estacionamento – não é de se espantar que algumas mães estejam ligando horrorizadas para a escola, pedindo providências, e isso nos entrega “Girl Gang”, um número musical que é, na verdade, um grande deboche. O que as mães estão dizendo nas suas ligações para a escola é absurdo e de um conservadorismo assustador, e a grande ironia é que, provavelmente, as filhas delas são muito piores do que a tal “gangue de garotas” que elas acreditam que é uma má influência ou qualquer coisa assim. Musicalmente, “Girl Gang” é um máximo: em cores, edição e coreografia!

Mais cedo ou mais tarde, no entanto, embora tentem escapar disso, as quatro garotas precisam lidar com castigos pelo que fizeram (interessantíssima a cena em paralelo com os pais e como cada um agiu de uma maneira diferente) e com uma detenção diária que, convenhamos, podia ser uma maneira de aproximá-las ainda mais… e daria a elas a chance de, quem sabe, pensar na melhor campanha possível. Afinal de contas, Jane não vai desistir disso, e nem deveria. Sentimos toda a sua força quando ela canta “I Want More” (gostei muito do lance dos armários e os papeis voando ao redor dela, mostrando essa explosão de sentimentos dentro dela), e sabemos que, de uma maneira ou de outra, ela vai se sair bem nessa campanha… ela só precisa provar que Buddy não é “tão bom garoto” assim.

Para isso, as futuras Pink Ladies e os T-Birds trabalham juntos para tentar conseguir alguma coisa contra Buddy… qualquer coisa que vá mostrar para a escola que ele não é o bom moço sobre cuja imagem ele está baseando toda a sua campanha para a presidência… Cynthia inventa uma dor de barriga aguda para tirar McGee da sala, enquanto Olivia vai atrás dos registros escolares de Buddy e qualquer sujeira que possa encontrar lá, e Jane consegue a ajuda de Richie para abrir o armário de Buddy em busca de algo – e ela encontra mais do que esperava: uma carta que Buddy escreveu para ela e ainda não enviou, na qual confessa não ser um bom moço como todos acreditam e, na verdade, aquilo é tudo o que Jane precisava… se ela tiver coragem de mostrar isso às pessoas.

Eu entendo perfeitamente o motivo de Jane não ter mostrado a carta para todo mundo, mas eu não teria o sangue frio e a racionalidade dela e teria feito isso antes de pensar muito a respeito, na verdade… teria dado um jeito de torná-la pública e, depois, negaria qualquer envolvimento – afinal de contas, Buddy nunca chegou a entregar a carta para ela, de todo modo, certo? Ela poderia para sempre fingir que nunca tinha visto essa carta antes. Mas Jane e as demais Pink Ladies (o nome ainda estava pendente e elas estavam tentando decidir como chamariam a “gangue das garotas”) usam a carta como desculpa para se infiltrarem em uma festa na casa de Dot e, então, Jane aproveita o jogo da garrafa para pedir “sete minutos no paraíso” com Buddy, e dá sua cartada.

Jane mostra a Buddy a carta e diz que vai mostrá-la a todos se ele não desistir de sua campanha, mas ele não pensa em fazer isso, usando qualquer desculpa, que pode até ser verdadeira, sobre as expectativas do pai sobre ele e tudo o mais… de todo modo, Buddy é o tipo de garoto que veste uma fantasia de bom moço e meio que acredita nela, e isso vai nos irritar cada vez mais, eu acredito. Quando Jane sai daquele armário, no entanto, preparada para ler a carta para todos e jogar toda a verdade para cima, ela se detém quando vê a maneira como os garotos estão se vangloriando por causa do que quer que tenha acontecido entre eles e as garotas da festa, enquanto elas estão se sentindo envergonhadas e julgadas, como se tivessem feito o que não deviam.

É doloroso, na verdade… mas um retrato perfeito da década de 1950. Mentira, infelizmente: não apenas da década de 1950, mas de hoje mesmo, na verdade. Quando Jane conta às amigas o porquê de não ter contado para todo mundo sobre a carta, entendemos que ela tem razão: se Buddy cola em uma prova, ele é considerado maneiro; se ele bebe escondido, ele é considerado maneiro; se ele vai até o fim com Susan, ele é considerado maneiro; mas se Susan foi até o fim com ele, ela é considerada uma puta. E, infelizmente, embora tenhamos feito alguns avanços desde a década de 1950, a verdade é que muita coisa continua exatamente igual, se pararmos para pensar, e isso é muito triste: os garotos continuando tendo esse tipo de privilégio hoje, não é?

E é com essa intenção que ganhamos a nossa última música do episódio – e a primeira música de Nancy, que foi a única Pink Lady que não ganhou uma música no primeiro episódio. “Imagine a World Without Boys” é justamente o que o título propõe: as garotas imaginando como seria um mundo sem os garotos, e ele parece muito mais perfeito, muito mais livre de algumas “obrigações” e de algumas coisas que as fazem sofrer… a cena é ótima, tem um quê de “Look at Me, I’m Sandra Dee”, e é a introdução perfeita para um plano das Pink Ladies, que merecem se divertir um pouco depois de tudo o que passaram e do pouco que conseguiram naquela noite, então elas armam para cima dos garotos, que são estúpidos o suficiente para cair na armadilha feito patos.

As Pink Ladies são incríveis justamente porque ELAS NÃO SÃO TRADICIONAIS. Jane até era, até tentava fazer as coisas “do jeito certo”, mas ela está percebendo que não adianta, e que às vezes é necessário “ser um pouco má para fazer o bem” ou qualquer coisa assim – e a parceria de Jane com Olivia, Nancy e Cynthia é promissora, porque as quatro ARRASAM quando estão juntas, e nos fazem querer ver mais delas (o que é excelente para a série). No dia seguinte à festa na casa de Dot, elas chegam à escola (que também visitaram durante a noite, pichando todos os cartazes de Buddy pedindo que as pessoas “Votem Rosa”) cheias de atitude, desfilando pelos corredores com suas novas jaquetas e com o título oficial da “gangue” que elas formaram: AS PINK LADIES CHEGARAM.

E eu estou amando cada segundo!!!

 

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