Chiquititas (2015) – O sequestro de Mili



“É verdade? Você e a Gabi são meus pais?”
Giovanna Grigio, que mostrou toda a sua capacidade interpretativa nos momentos mais difíceis de Mili, quando ela sofreu por estar cega, por exemplo, e Daniel Andrade são dois dos melhores atores dessa versão de “Chiquititas”, então as cenas em que Mili abraça Miguel depois de descobrir que ele é seu pai não poderiam ser nada menos que emocionantes. Na reta final da novela, Mili está mais próxima que nunca da verdade… parece que todo mundo ao seu redor já descobriu quem são seus pais, a começar pelo Júnior e Carol, depois o Chico e até a Pata e o mosca, que escutaram uma conversa na cozinha. É natural que Mili fique nervosa quando percebe que todo mundo está de “segredinho” e visivelmente escondendo algo dela, por isso Carol decide acabar logo com todo esse sofrimento e suspense e contar a verdade para a garota…
A cena é emocionante, e forte. Ninguém da família está presente. Nem Gabi, que está internada em um hospital psiquiátrico, nem Miguel ou mesmo Júnior. E a Carol enche o momento de pompa, reunindo todas as crianças na sala para contar algo que, talvez, devesse ter sido conversado apenas com a Mili, primeiramente. No entanto, também é compreensível que todos estão envolvidos nesse caso por causa das mentiras que influenciaram na vida de todo mundo, desde que o Dr. José Ricardo construiu o Orfanato não apenas pela “bondade de seu coração”, mas porque queria usá-lo para esconder a neta e “cuidar” dela sem que ninguém soubesse da verdade. Então, depois de narrar brevemente a história que chega à informação que nos interessa, ela conta a verdade a Mili: “Você é a filha da Gabi. Você é uma Almeida Campos, minha preincesa”.
“Ser uma Almeida Campos” não é o que interessa a Mili, acho que isso nem passaria pela sua cabeça. Mas o amor que ela sente pela Gabi é REAL, e ela sempre sentiu como se ela fosse sua mãe. Durante vários segundos de choque, Mili não diz nada, até que pergunte: “A Gabi é minha mãe? Como você tem certeza disso? […] Esse tempo todo… eles tavam tão perto de mim”. As emoção são complexas e se confundem, há alegria, mas muito choque e trauma envolvido. Então, Mili pede para ficar sozinha, e acaba sentada no pátio do orfanato, chorando, em mais uma cena em que Giovanna Grigio segura sozinha e arrasa na interpretação, nos comovendo como deveria fazer, sendo esse um dos momentos mais importantes da novela… ali ela expressa toda a confusão de seus sentimentos e pensamentos, e eu fiquei bem angustiado, mas profundamente aliviado também.
Aqui, temos uma sequência de flashbacks que, diferente da maioria das vezes, é bastante útil e NECESSÁRIO. Precisamos dessas cenas porque elas intensificam o sentimento do momento, intensificam a grandiosidade do que está sendo revelado agora. Voltamos ao momento em que a Tia Sofia dá o pingente a Mili, quando ela mostra para a Gabi, ainda catatônica, quando o Miguel mostra interesse por ele… voltamos ao momento em que Gabi diz o nome da filha pela primeira vez, e perguntas, mais tarde, sobre “como ela chegou no orfanato”. Todas coisas que, agora, fazem sentido para a Mili, mas às quais ela não deu atenção quando aconteceram de fato. E a despedida de José Ricardo, morrendo naquela cama de hospital e pedindo perdão, achando que o seu testamento resolveria todos os problemas que ele causou, sem esperar que Carmem interferisse…
São vários momentos que nos levam às lágrimas.
Enquanto está ali, sozinha, no entanto, Mili está mais frágil do que nunca, e a sua intensa ingenuidade ataca novamente. Marian tentou se voltar contra Carmem, tentou escapar e rasgou os documentos falsos novamente, mas a Carmem está surtando, e obriga a garota a ligar para Mili em mais uma armadilha de fim de novela: Marian diz que encontrou a Gabriela e passa um endereço para Mili ir. E, é claro, Mili cai diretamente na armadilha indo até o lugar e acabando presa, ouvindo Carmem dizer que ela só vai sair depois que fizer uma viagem com ela e assinar alguns documentos em outro país. Nessas cenas, é possível perceber o quanto Marian está se afastando de Carmem, o quanto não está contente com tudo isso, e quem sabe a própria culpa começa a atormentá-la. Ela está relutante nesse plano todo, por isso ela acaba fugindo de Carmem quando a mulher para em um semáforo.
Assim, enquanto Mili está presa sozinha, e gritando sem resultado, os amigos no orfanato se preocupam com a sua ausência repentina, e quem diria que quem a ajuda é justamente a Marian? Ela foge de Carmem, tropeça em um homem e pede o seu telefone emprestado para fazer uma ligação. Então, ela liga para o Mosca, conta tudo e pede ajuda. Diz que a Carmem enlouqueceu de vez e prendeu a Mili, mas ela não tem tempo de dizer muita coisa, porque a Carmem está atrás dela e ela precisa continuar correndo… para encontrar a Mili, Mosca liga novamente para o número que Marian usou para conseguir o endereço, e então todos saem, com a ajuda de Miguel e Júnior, em busca de Mili, e tudo ali é repleto de TENSÃO. Tanto as crianças buscando Mili, chamando seu nome, como a perseguição de Carmem atrás de Marian.
A tensão das cenas é tão GRANDE que fiquei nervoso até pela Marian!
“Chiquititas” se superou na construção do suspense, embora toda a trama tenha acontecido dentro de um mesmo capítulo. As cenas, muito bem escritas e interpretadas, tiveram fôlego e agilidade, trilha sonora intensa e muito nervosismo… então, Mosca encontra a Mili (“Mosca! Me tira daqui! Eu tô assustada!”) e chuta a porta para abri-la, enquanto Marian se esconde no Café Boutique, com ajuda de Clarita, Francis e Érika. Marian está tremendo, tomando água com açúcar, e ela liga ao orfanato para pedir ajuda da Carol, entregando grande parte do plano de Carmem (tudo o que sabe, pelo menos), falando da Suíça e da Gabi internada. Então, Júnior garante a segurança de Marian no Café Boutique, por ora, enquanto Carmem descobre que Mili fugiu do prédio abandonado e grita feito louca em uma cena que mostra seu total descontrole.
Tudo bem se eu já estiver confiando na Marian?
Sério, Júlia Gomes arrasou, também, na atuação dessas cenas!
Mili, por sua vez, ESTÁ À SALVO. De volta ao orfanato, ela abraça o Júnior, ainda visivelmente traumatizada, chorando e tremendo, e tudo é tão forte. E prestes a ficar ainda mais forte, quando Mili diz que “nem acredita que estão todos juntos de novo”, e Júnior diz que “falta uma pessoa”. Então, ele abre a porta e deixa Miguel entrar, numa aguardadíssima cena de pura intensidade, emoção e boa interpretação. Não há muitas falas, além de “Filha?” e “É verdade? Você e a Gabi são meus pais?”, mas a maneira significativa como os olhos de Miguel e Mili brilham, como se abraçam, como sorriem. Era uma das cenas mais esperadas da novela, e foi uma das cenas MAIS EMOCIONANTES desse desfecho de trama… “É sim. A gente ficou esse tempo todo separados, mas agora não vai mais ser assim. A gente vai ficar o tempo todo junto”, Miguel diz, enquanto abraça a filha e sorri.
Uma cena perfeita.
Nem preciso dizer que me levou às lágrimas, huh?

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