Sítio do Picapau Amarelo (2002) – Peter Pan



“Parece que foi ontem que eu estive na Terra do Nunca”
Um dos personagens mais icônicos da literatura mundial é o PETER PAN, criado pelo escritor inglês J. M. Barrie. O “garoto que não queria crescer” já apareceu no “Sítio do Picapau Amarelo” em algumas ocasiões, mas as crianças nunca antes tinham visitado a Terra do Nunca. Essa história, apresentada em 5 capítulos entre os dias 27 e 31 de Maio de 2002, difere um pouco do livro de Monteiro Lobato, que segue mais o estilo de “Dom Quixote das Crianças” e “As Aventuras de Hans Staden”, em que Dona Benta está contando a história para as crianças, à sua própria maneira, que é muito mais interessante. Enquanto isso, um caso de “roubo de sombra” acontece no Sítio! Na série de televisão, as crianças (e até a Dona Benta, em um flashback) revivem momentos importantes da história de quando Peter Pan levou Wendy e seus irmãos para a Terra do Nunca com ele.
A introdução ao tema é dada com uma série de conversas a respeito de como as crianças estão crescendo. Arrumando um dos vestidos preferidos de Narizinho para que ela possa ir a uma festa de aniversário, Tia Nastácia comenta: “Narizinho! Como você cresceu! Olha como esse vestido tá curto!” As senhoras parecem estar bastante impressionadas como como as crianças não param de crescer, mas o Pedrinho falando sobre crescer e “dirigir o carro da vovó” é uma grande novidade, porque até então ele não queria crescer. Mas talvez ele saiba que crescer não é tão bom, porque quando se imagina adulto, dirigindo o carro da Dona Benta, Narizinho o lembra das contas a pagar, e ele “desperta” do pesadelo gritando: “Ai, como eu queria ser criança de novo!” Infelizmente, esse é um sentimento que sempre chega até nós, mais cedo ou mais tarde!
Narizinho, Emília e Pedrinho estão indo ao Arraial para uma festa de aniversário, e Dona Benta tem algumas instruções para a boneca: “Emília, comporte-se, hein? Nada de Faz-de-Conta, Pé Espalhado e nem torneirinha de asneiras!”, ao que ela responde: “Então o que que eu vou fazer lá?” Quando retornam da festa, eles estão um pouco desanimados, até porque a Emília fez um FIASCO abrindo todos os presentes da aniversariante, porque “achou que ela não os queria mais”. Narizinho, então, explica que para ganhar presente, ela precisa fazer aniversário… por isso, Emília decide que seu aniversário vai ser AMANHÃ. As crianças se empolgam na brincadeira de arrumar tudo, e Emília decide que o tema da festa vai ser a GRÉCIA. Quantos anos ela está fazendo? Isso ela não sabe dizer, porque “boneca não cresce”, mas o que lhe importa mesmo são os presentes…
Tudo o que ela quer são os presentes.
Emília está parecendo o Quico, não deixando ninguém passar sem um presente, brigando com os anões, que “são sete, mas trouxeram um presente só”, e mesmo que Narizinho e Visconde chamem sua atenção, ela não aprende muita coisa não… de todo modo, a festa é linda, os parabéns são emocionantes, e o corte do bolo com abraço na Narizinho foi FOFO. “O primeiro pedaço vai pra primeira menina do mundo, a Narizinho!” No dia seguinte, a Emília faz outra festa, e à noite o Peter Pan chega no seu quarto para dar-lhe um presente… ou dois. O primeiro é uma “moeda de ouro”, que ela guarda consigo, e o outro é uma visita à Terra do Nunca. Assim, as crianças deixam o quarto durante a noite, de pijama, voando até a Terra do Nunca como a história da Wendy, João e Miguel. Eles deixam um recado para a Dona Benta, que diz: “Fomos para a Terra do Nunca com o Peter Pan. Já voltamos”.
Simples assim.
Achei muito bonitinho como a Dona Benta reagiu a isso tudo nostalgicamente: “Toda criança sonha em conhecer a Terra do Nunca”, ela diz para a Tia Nastácia. Então, voltamos no tempo para ver a pequena Benta conhecendo o Peter Pan, que apareceu no seu quarto porque “sempre vinha ali ouvir as histórias que a mãe dela lhe contava”, e agora perdeu a sua sombra fujona, que ela ajuda a costurar de volta. De alguma maneira, Dona Benta é A NOSSA WENDY, e isso foi super fofo. Teve até a troca de presentes que eles chamam de “beijos”, e a Dona Benta toda sonhadora: “Parece que foi ontem que eu estive na Terra do Nunca”. Agora, é a vez de seus netos também conhecerem o lugar ("Wow! Tudo o que faltava no Sítio era uma Terra do Nunca!”), visitar os Meninos Perdidos, ver as sereias, lutar contra os piratas do Capitão Gancho e tudo!
Ah, e enfrentar o ciúme da Sininho.
Sininho morre de ciúmes da Emília, que também é apresentada como meio fada (“É! Fada e meia! Por quê?”), e tenta se livrar dela, como outrora tentou se livrar de Wendy! Quando Peter Pan voa com as crianças e a Emília para visitar os índios Pele Vermelha, Sininho diz a um dos índios que “o Peter mandou matar um dos pássaros que estão voando com ele”, e então Emília é flechada e cai, praticamente morta, enquanto Sininho celebra sua vitória… com isso, Peter Pan anuncia guerra contra os índios, mas Emília, felizmente, não chega a morrer, pois a flecha atinge exatamente a moeda de ouro que o Peter Pan tinha lhe dado de aniversário! Então, todos comemoram a vida de Emília, enquanto Peter garante a Sininho que “ela sempre vai ser a sua fada preferida”, enquanto começamos a trabalhar com o intenso e perigoso ciúme da Sininho.
Enquanto isso, no Sítio, o Conselheiro tem a ideia de organizar um DIA DO FOLCLORE, e ganha todo o apoio do Visconde de Sabugosa e da Dona Benta, que decide pedir a ajuda da Tia Nastácia e do Tio Barnabé, que entendem tudo sobre o folclore brasileiro e podem contar histórias para as crianças do Arraial, em uma comemoração especial organizada no Sítio do Picapau Amarelo… e quando a Cuca fica sabendo que “as crianças vão fazer um livro”, ela acha que é sobre ela, e fica toda vaidosa, preparada para “dar entrevista”, e não poderia estar mais perfeita… se tem uma coisa que essa bruxa é, é VAIDOSA. E nós adoramos quando ela se prepara toda dessa maneira. Ela fica lindona, com chapéu e tudo, mas as crianças acabam não vindo, e ela fica furiosa: “Ninguém quis saber de me entrevistar! Eu vou enfeitiçar todos esses moleques! Vou transformar todos eles em morcegos caolhos!”
As crianças acabam PERDIDAS NA MATA, e se separam em dois grupos. Um grupo, guiado pelo Visconde, dá justamente de cara com a Cuca. O outro, guiado pelo Conselheiro, dá de cara com a Iara e fica enfeitiçado. Eles teriam sido levados para o fundo da água pela Iara se não fosse o Saci para ajudar a quebrar o encanto. O grupo do Visconde, por sua vez, consegue se salvar fazendo perguntas à Cuca – a entrevista que ela tanto queria! “Você vai empedrar a gente?” “Não se vocês fizerem boas perguntas sobre a minha mitológica figura”. Adorei a Cuca respondendo perguntas e instigando: “Vamos! Perguntem mais, perguntem mais!” Depois desses “encontros”, os dois grupos se perdem sem conseguir voltar para o Sítio e passam parte da noite na perigosa mata, enquanto Dona Benta se preocupa com as crianças desaparecidas, e elas enfrentam criaturas como o lobisomem, mas acabam salvos pelo Saci.
Que é uma boa pessoa, afinal de contas!
Foi MUITO FOFO, por sinal, a Dona Benta agradecendo e ele todo bobinho: “Quê isso, Dona Benta!”
Seguido a história de “Peter Pan”, as crianças do Sítio do Picapau Amarelo conhecem o esconderijo dos Garotos Perdidos, e Narizinho resolve aproveitar para “dar uma arrumada” naquilo tudo, que é quando eles a convidam para ser “sua mãezinha” enquanto estiver por ali. Então ela vai ajudar na limpeza e contar histórias para eles dormirem, como a história da “Cinderela”. No dia seguinte, ela até prepara café-da-manhã para eles, mas antes de eles comerem, precisam escovar os dentes e lavar as mãos. A “mãezinha” dos Garotos Perdidos, no entanto, acaba presa pelo Capitão Gancho, então Peter Pan e Pedrinho armam um plano para salvá-la, com a ajuda dos Garotos Perdidos, da Emília e até da Sininho… por fim, Narizinho é salva, Capitão Gancho e seus piratas são derrotados, mas isso, infelizmente, custa a vida da Sininho.
“Eu tenho que salvar a Sininho, nem que isso custe a minha vida!”
A morte da Sininho sempre foi um dos momentos mais icônicos de “Peter Pan”, porque ela é trazida de volta pelo fato de AS CRIANÇAS ACREDITAREM EM FADAS. Aqui, isso tudo é uma ideia da Emília, que sugere que todas as crianças do mundo que acreditam em fadas batam palmas ao mesmo tempo para salvar a Sininho, e funciona. Infelizmente, toda a sequência deixa um pouco a desejar no quesito “emoção”. É muito mais emocionante, por exemplo, quando os Meninos Perdidos pedem que Narizinho conte outra história para eles, e ela começa a contar a sua história, com as emocionantes primeiras linhas de “Reinações de Narizinho”, mas então não consegue acreditar, pois está morrendo de saudades da vovó e do Sítio. Assim, ela, Pedrinho e Emília decidem VOLTAR PARA CASA. Depois de algumas despedidas, breves, é hora de partir de volta para casa.
Os Meninos Perdidos, no entanto, anunciam que “vão com eles”. Peter Pan resolve ficar na Terra do Nunca mesmo, porque ele não quer crescer. Então as crianças voltam para o Sítio, correndo para abraçar a Dona Benta e a Tia Nastácia, com a surpresa de trazer com eles novos seis meninos, que vão dividir o quarto com o Pedrinho. Eles fazem bagunça, conhecem o Sítio, mas não ficam ali por muito tempo… durante a noite, Peter Pan vai visitá-los e contar-lhes que os índios venceram os piratas, e que agora “eles vão poder se divertir muito mais”, sem contar que, na Terra do Nunca, “eles vão poder ser crianças para sempre”. Assim, os Meninos Perdidos resolvem voltar com o Peter Pan, e vão embora deixando apenas um bilhete para o Pedrinho, enquanto o menino dorme, explicando que foram embora. E, assim, a história do “Peter Pan” chega ao fim!

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