His Dark Materials 3x01 – The Enchanted Sleeper

A guerra contra a Autoridade.

EU ESPEREI TANTO POR ESSE MOMENTO – E FINALMENTE ESTAMOS AQUI! A trilogia “Fronteiras do Universo”, de Philip Pullman, é uma das melhores histórias literárias que eu já li, e eu não me canso de falar sobre isso: temos uma história épica, repleta de ação, de emoção, de filosofia e de teor crítico… a escrita competente de Pullman enche os personagens de humanidade e os mundos desconhecidos que perpassa de tanta verdade que acreditamos a tal ponto de nos ser natural um mundo no qual as “almas” das pessoas são representadas física e exteriormente, na forma de “animais” chamados daemons, ou um mundo no qual criaturas chamadas mulefas se locomovem usando nozes e falam com tanta propriedade sobre o sraf. Em 2019, a primeira temporada de “His Dark Materials” adaptou “A Bússola de Ouro”, e a segunda temporada, em 2020, adaptou “A Faca Sutil”.

Agora, é a hora de “A Luneta Âmbar”, a fantástica e intensa conclusão desse épico!

“The Enchanted Sleeper” reinicia essa jornada, e eu não sei dizer se é o meu imenso amor por essa trilogia (eu realmente amo esses livros e amo essa história), por essa série (uma adaptação competente e bonita, como “Fronteiras do Universo” merecia) ou porque, sendo o fim da história de Lyra e Will (bem, mais ou menos), há um ar de conclusão que torna tudo muito grandioso… Philip Pullman criou um universo riquíssimo, instrumentos fortes e uma missão quase impossível: derrubar a Autoridade. A narração inicial da terceira temporada é uma boa introdução para a história que estamos começando a assistir, e deve colocar os espectadores não familiarizados com o livro no caminho correto da trama central de “A Luneta Âmbar” – ainda que, em parte, eu acredite que essa história seja sobre muito mais do que simplesmente “derrubar a Autoridade”.

A introdução também fala sobre outros elementos importantes dessa última temporada: existe, no mundo, uma nova Serpente com uma missão e uma nova Eva, pronta para “trazer o pecado de volta ao mundo e enchê-lo de Pó” ou qualquer coisa assim. E é nesse contexto que retornamos ao Magistério e somos apresentados ao terrível Padre Gomez (terrível, mas um gato, ainda que eu seja obrigado a detestá-lo), um personagem que competentemente nos causa calafrios pelo seu jeito frio de falar e de se portar. Certamente ainda veremos muito dele nos episódios por vir, mas ele tem um primeiro episódio devidamente impactante pela maneira camufladamente ameaçadora como ele “conversa” com MacPhail, o leitor do aletiômetro que está em busca da localização de Lyra Belacqua para que ela seja morta (!) antes de ser tentada pela serpente.

Lyra, por sua vez, foi capturada no fim da temporada passada, e agora a reencontramos sendo mantida prisioneira pela Sra. Coulter – e há uma quebra de expectativa interessante aqui. Sempre vimos a Sra. Coulter como “vilã”, e ela de fato está drogando Lyra para que ela continue sempre adormecida, e age depressa toda vez que Pantalaimon acorda antes de Lyra ou quando os dois tentam escapar daquele lugar distante para o qual a Sra. Coulter os levou… mas e se existir algo mais por trás de suas intenções? Afinal de contas, há um resquício de humanidade na personagem, que talvez não conhecêssemos até então, e ela quase parece sincera quando tenta convencer Lyra de que o que está fazendo é para mantê-la segura das pessoas que estão vindo atrás dela… e, bem, nós já vimos que o Magistério está de fato mandando pessoas atrás dela.

Interessantes, também, os breves sonhos de Lyra – que no livro eram trechos que lemos entre um capítulo e outro.

A adaptação de “His Dark Materials” gosta de dar destaque ao Lorde Asriel – e, bem, eu não me incomodo de vê-lo em cena, porque ele realmente tem um quê magnético que nos atrai a ele… talvez seja a sua imensa determinação e o fato de ele ter tanta clareza de quais são seus planos: ele vai levar sua República para uma guerra contra a Autoridade, porque derrotar o Magistério não era o suficiente… é apenas um braço do monstro. Em seu recrutamento, a história de Lorde Asriel se encontra com a de Ogunwe, e eu adorei aquela sequência com a filha mais velha de Ogunwe, uma garota com o daemon separado ou retirado dela, e é possível notar essa ausência mesmo em um mundo no qual os daemons não são vistos de forma tão material, do lado de fora… essa cena é importante para reforçar essa conexão de humanos e daemons, que Philip Pullman traz tão bem em suas páginas.

E que é um ponto essencial para “A Luneta Âmbar”.

Por fim, também acompanhamos mais de Will Parry – e eu realmente gostaria que Will tivesse mais tempo de tela… especialmente nessa primeira parte da temporada, porque ele tem histórias muito interessantes para contar. Enquanto busca Lyra, na verdade sem saber muito bem para onde ir (até porque, mesmo estando com o aletiômetro, ele não sabe lê-lo), Will percebe que está sendo seguido e observado. Há duas coisas que eu AMO nessas sequências: primeiro, é sempre prazeroso demais ver o Will usando a Æsahættr para cortar janelas entre mundos e as atravessar, e cada cena daquela coloca um sorriso no meu rosto; depois, o fato de que os anjos Baruch e Balthamos são dois dos melhores personagens de “A Luneta Âmbar”, e eu precisava ver mais deles, enquanto a relação deles com Will se estreitava… infelizmente, tudo é muito rápido.

Mas fico feliz pelo fato de Baruch e Balthamos terem ganhado um beijo em “His Dark Materials”, durante a sua despedida – é fascinante (e extremamente IMPORTANTE!) que Philip Pullman tenha incluído tamanha representatividade em seu livro, e que isso tenha sido mantido na adaptação… poderia ter sido explorado por mais tempo? Sim, mas eu estou feliz por ter estado ali. E eu sei que temos uma série de 8 episódios para um livro de mais de 500 páginas, e há muita coisa para acontecer pela frente – espero que a Dra. Mary Malone tenha bastante tempo de tela, porque eu PRECISO explorar aquele mundo com calma! Os anjos, sentindo a presença da Æsahættr, estão ali para chamar Will para “lutar” ao lado de Lorde Asriel, mas, naquele momento, tudo o que ele quer é encontrar Lyra… por fim, ele faz um acordo: os acompanhará, se eles o ajudarem a encontrar Lyra.

E o aletiômetro conta aos anjos que Lyra está com a Sra. Coulter.

Will precisará de toda a ajuda que puder conseguir para resgatar Lyra – e é muito legal como o seu caminho encontra o de Iorek Byrnison, no meio de uma situação caótica da qual Will se aproveita de maneira muito astuta… lembro de ter me divertido enquanto lia essa passagem no livro, e embora tenha sido extremamente breve, Will é esperto ao desafiar Iorek para um confronto que Iorek não acha que é capaz de perder e usar a Æsahættr “despretensiosamente” para cortar o seu elmo supostamente impenetrável e fazer com o que o urso de armadura recue… e, de uma maneira inesperada, surge uma amizade entre os dois, e a verdade é que os dois amam muito Lyra Belacqua, então é justo que eles se unam para resgatá-la. Agora, o caminho de Will já está apontado para um reencontro com Lyra, e mal podemos esperar por isso!

 

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