1899 1x04 – The Fight

“Isso não é real. Por que isso está acontecendo de novo?”

Agora o Kerberos e o Prometheus seguiram caminhos separados – enquanto a tripulação do Kerberos se pergunta para onde foi o navio que estavam rebocando, eles se dão conta de que talvez não tenha sido o Prometheus a desaparecer, mas eles mesmos, porque a neblina desapareceu, as bússolas voltaram ao normal, mas não estão apontando para a posição que deveriam estar apontando… é como se eles tivessem voltado para o mesmo lugar em que estavam antes do Capitão Eyk decidir desviar a rota do Kerberos. “The Fight” é um episódio interessantíssimo, como todos os outros de “1899” até o momento: traz bastante ação, um pouco mais dos personagens que estamos acompanhando (destaque para o passado de Jérôme, dessa vez), e, mais uma vez, uma conclusão surpreendente e maravilhosa para se levantar debates e teorias.

Quem recebe o “Wake up” do início do episódio em “The Fight” é o Jérôme, e vemos um flashback interessante que nos mostra que ele e Lucien já se conheciam desde antes de subirem no Kerberos. Estou adorando a forma como “1899” traz esses flashbacks à tona, sem que eles sejam apenas memórias ou muito menos à parte da história, porque é como se os personagens realmente fossem levados de volta para aqueles momentos – sem poder alterar nada, mas os obrigando a reviver os traumas dos quais estão fugindo. É um recurso que amplia a sensação de mistério e angústia! Cito como exemplo o momento em que Jérôme está correndo pelos corredores do navio e acontece algo, como se a imagem estivesse falhando, e ele se vê novamente correndo pelas ruas, ou quando ele literalmente reconhece, na fala, que “aquilo está acontecendo de novo” e, portanto, não pode ser real.

Sensacional!

A maior parte da tensão desse quarto episódio vem do motim que tomou conta do Kerberos: a ideia de obrigar o navio a retornar ao seu curso original não parece ruim… mas a maneira como o fazem é, e Jérôme resume tudo o que estamos sentindo em uma fala muito breve quando diz que “já viu pessoas ilegítimas tomando o poder outras vezes, e isso nunca acaba bem”. Por isso, ele pretende encontrar uma maneira de ajudar Eyk a escapar e retomar o controle do navio, mas o próprio Eyk e Ramiro já encontraram uma saída da prisão, e percebemos que as coisas estão se movimentando depressa para algo grandioso – que vem na conclusão do episódio. Diferente dos episódios anteriores, o suspense desse episódio não vem, necessariamente, dos mistérios, embora eles estejam ali… como quando Eyk confronta Maura sobre o seu nome estar na lista de passageiros do Prometheus.

Algo que ela parece genuinamente não entender.

Iben parece ser a grande idealizadora desse grupo assombroso que tomou conta do Kerberos – e é claro que ela é uma fanática religiosa… afinal de contas, quando que um fanático religioso não é o vilão da história?! Com as mortes sem solução se acumulando pelo Kerberos, Iben leva todos a acreditarem que a causa da morte é o garoto que foi trazido do Prometheus, porque, segundo ela, “o diabo veste muitos disfarces”, e então uma parte do navio começa uma caça insana pelo garoto que Maura está tentando proteger… destaco, na construção da personagem de Iben e do asco que já estamos sentindo dela, a sequência da cabine de Ángel, quando ela percebe que Ángel e Krester se conhecem, e então ela comenta que “Deus deveria ter levado ele, e não Ada”. Aquilo foi forte, injusto, cruel e triste… bem como a cuspida que ele dá na cara de Ángel.

Krester, em uma busca desesperada pelo amor/aprovação da mãe, faz coisas que não queria fazer, como negar Ángel (o sentimento e a vontade de ficar ali com ele é visível em sua postura e expressão antes de cuspir no rosto dele) ou levar a mãe e os outros obcecados até o garoto. O grupo de resistência estava se formando de maneira promissora: Jérôme e Clémence tinham se juntado a Eyk e Ramiro, e depois Maura e o garoto tinham se juntado a eles, depois de o garoto ter conseguido escapar da inspeção na cabine de Maura graças a um compartimento secreto embaixo da cama – exatamente como tinha na cabine de Eyk. Quase temos esperança de que eles vão conseguir escapar, mas, ao mesmo tempo, sabemos que “1899” não planeja deixar o Kerberos, pelo menos não por enquanto, então sabemos que alguma coisa vai acontecer, e é a pior coisa possível…

Iben conseguir pegar o garoto.

Assim, o garoto é levado para o convés, onde a multidão enfurecida e fanática pretende jogá-lo no mar… a sequência é intensa porque se torna uma grande briga generalizada (como o nome do episódio sugere, na verdade), até que tudo o mais pareça sair de foco e tudo o que vemos é Iben jogando o garoto pela amurada, enquanto Maura corre para tentar impedi-la, mas não tem tempo de chegar até ele, então ela só vê o garoto caindo no mar… enquanto ela fica ali parada, em choque, em contraste a uma Iben satisfeita, vemos Daniel aparecer para tirar Maura de lá – e percebemos como há, talvez, um sentimento de proteção de Daniel sobre Maura, e essa é uma informação importante e capaz de alimentar teorias… será que Daniel pode ser o irmão que Maura procura? Ou então Daniel vai mesmo ser uma versão mais velha do garoto que ela está tentando proteger?

Só não “bati o martelo” nessa minha teoria ainda porque já tivemos essa história de “versão mais velha” em “Dark”, com o Jonas, e talvez os criadores de “Dark” e “1899” não queiram repetir isso… de todo modo, é uma possibilidade que eu me recuso a tirar da mesa por enquanto. Depois da suposta morte do garoto, Maura está assustada e ainda em choque, dizendo que não acredita que eles o mataram, e ainda mais assombrada pelo fato de que o garoto nem lutou, como se ele já estivesse conformado com o destino que o aguardava… Daniel a observa em silêncio atento e percebemos que ele claramente sabe algo que não sabemos. Pouco depois, então, uma luz brilha dentro do armário do lugar onde eles estão e, de lá de dentro, SAI O MENINO DE VOLTA! Não sabemos como ele sobreviveu, como foi parar ali, mas sabemos de uma coisa: provavelmente o mesmo aconteceu no Prometheus…

Afinal de contas, foi dentro de um armário como aquele que o encontraram, não foi?

Interessante. E intrigante.

 

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