Lost 2x14 – One of Them

“I will never do that again”

QUE EPISÓDIO FOI ESSE?! “One of Them”, exibido em 15 de fevereiro de 2006, é um dos melhores episódios de “Lost”, e eu fiquei até sem fôlego quando encontramos aquele rosto conhecido que, por ora, conhecemos como “Henry Gale”. É tão bom revisitar “Lost” e ver as coisas que conhecemos sendo construídas – e sempre tão bem construídas. O episódio é focado em Sayid, e tem algumas surpresas interessantes, como a sua ligação com o pai de Kate nos flashbacks (é sempre muito bom ver os personagens principais contracenando com personagens que são centrais em flashbacks de outros protagonistas) e, é claro, toda a construção de como ele se tornou um torturador. A trama de “Lost” está crescendo e o tipo de contar histórias também: agora, a série está focando bastante na mesma pessoa na ilha e no passado, com poucas histórias paralelas.

Na primeira temporada, víamos duas ou três histórias se desenvolver paralelamente na ilha.

A única história paralela que o episódio contou brevemente foi protagonizada por Sawyer e Hurley, uma dupla interessante – a pessoa mais amada pelo grupo de sobreviventes e, possivelmente, a pessoa mais odiada, especialmente agora, depois dos acontecimentos do último episódio. Sawyer está incomodadíssimo com um sapo que está fazendo barulho por perto e o impedindo de dormir, e ele sai à mata para caçá-lo, sem conseguir ajuda de ninguém… na verdade, ele só pede a ajuda de Jin, mas parece que “eles não são mais amigos”. Então, ele acaba encontrando Hurley comendo escondido na mata, e os dois formam uma dupla inesperada com algumas cenas fortíssimas, como quando Hurley fica magoado e quase deixa o Sawyer sozinho e temos um momento raríssimo em que Sawyer pede desculpas e talvez tenha se importado de fato.

Mas a principal trama do episódio acontece quando Ana Lucia aparece correndo na praia, perguntando por Jack (o insuportável do Jack), mas acaba encontrando Sayid, e o leva para ver o que ela acabou de ver: uma mulher que pode ser parte dos Outros. A mulher, na verdade, é Danielle Rousseau, e Sayid diz que “ele pode cuidar disso”. É interessante rever essa “dupla”, porque Sayid e Danielle entregaram, também, um dos melhores episódios da primeira temporada, e agora Rousseau quer levá-lo para ver algo e pede que ele confie nela: ela capturou um homem que acredita ser um dos Outros – e que claramente o é. Quando ele quase escapa, no entanto, Danielle atira nele, mas não para matar, e Sayid acaba levando o suposto “Henry Gale” para a Estação Cisne… afinal de contas, ele vai precisar de um médico… e, quem sabe, de uma tortura.

Sayid quer arrancar informações dele, quer interrogá-lo enquanto ele está fraco, com dor e, consequentemente, vulnerável. Jack, por sua vez, quer apontar dedos para a cara de todo mundo. É muito estranho pensar no personagem de Jack e o quanto eu o detesto, porque eu não acho que, de modo geral, o que ele fez nesse episódio fosse errado, ainda mais como médico: ele queria cuidar do machucado do cara e dar a ele um crédito de confiança, sob a possibilidade de ele não ser um Outro. Mesmo assim, eu não suporto acompanhar as cenas do Jack porque, verdade seja dita, EU O ACHO INSUPORTÁVEL. Jack é chato, arrogante, se acha melhor do que todo mundo e adora dar lições de moral, repleto de hipocrisia. Por isso, foi bem legal ver o Locke ajudando o Sayid para que Sayid pudesse interrogar “Henry” dentro do antigo cofre das armas.

É bom ver o Jack fora do “comando”.

Quem quer que aquele homem seja, ele tem a história muito bem ensaiada. Ele passa longos minutos com Sayid preso dentro daquele cofre, e ele consegue não entrar em contradição… ele tem uma história convincente a contar e resposta para todas as perguntas que Sayid faz, mas, ainda assim, Sayid tem certeza de que ele está mentindo e é, sim, um dos Outros. Como ele pode provar isso a Jack é que é o problema e Jack não vai permitir que ele continue torturando o “Henry”. Infelizmente, Locke acaba voltando atrás e abrindo a porta para Jack “salvar Henry” no fim das contas quando o alarme da Estação Cisne toca e Locke tem pouco tempo para ir até o computador e digitar o código… o medo de que algo de ruim vai acontecer se ele não apertar o botão é maior do que qualquer coisa, então ele cede. E, por um momento, parece que ele não vai conseguir apertar o botão…

Imagens começam a aparecer no relógio no lugar dos números, e então tudo volta ao normal.

Estamos perto de descobrir o que acontece quando o botão não é apertado?

Nos flashbacks do episódio, retornamos a um momento da vida de Sayid na qual ele era um simples soldado iraquiano, até ele ser capturado por soldados americanos e obrigado a torturar um colega seu em busca de uma informação que eles desejam. É a primeira vez que Sayid faz aquilo, e é o que o torna o torturador que conhecemos eventualmente. Durante a cena final do flashback, quando Sayid é liberado, ele diz com gosto que “nunca mais fará o que fez”, mas aquilo não é verdade, embora ele não tenha essa noção na hora… de qualquer maneira, Sam Austen, o pai de Kate (!), diz a Sayid que “um dia ele vai precisar saber a resposta de alguma coisa e essas habilidades serão úteis”. E não é a primeira vez que o vemos fazer o que ele jurou que nunca mais faria na ilha… e se uma guerra está de fato prestes a começar, talvez ele ainda precise fazer mais.

A cena final do episódio é uma cena incrível. Depois de Jack ter salvo “Henry Gale” (e a cara com que ele olha para o Sayid é quase de satisfação, é uma prova de que ele está, de fato, mentindo), Sayid retorna para a praia e conta toda a história para Charlie, dizendo que sabe que “Henry” está mentindo porque “não sentiu remorso em torturá-lo”. Quando Charlie pergunta por que ele está contando aquilo tudo, Sayid tem uma fala PERFEITA sobre como Jack e vários outros se esqueceram das coisas que os Outros são capazes de fazer… eles se esqueceram de quando o Charlie foi amarrado pelo pescoço e deixado para morrer, por exemplo, ou quando Claire foi sequestrado e passou dias em que os Outros fizeram sabe-se lá o que com ela. E é verdade… eles de fato esqueceram, eles de fato sentam e não fazem nada. Era o que queriam que o Michael fizesse, por exemplo, há uns episódios.

Mas não dá para ficar sem fazer nada. Jack fala tanto de “montar um exército”, mas ele claramente não está preparado para nada do que está por vir.

 

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