Raya e o Último Dragão (Raya and the Last Dragon, 2021)

Bem-vindo a Kumandra!

Eu estou completamente apaixonado por tudo nessa animação… “Raya e o Último Dragão” é o mais novo filme da Disney, e é uma história bonita, divertida e emocionante do início ao fim. Eu adoro as histórias que finalmente estão sendo contadas atualmente, quando podemos viver uma trama repleta de aventura sem a necessidade de um “Príncipe Encantado” nem os antigos clichês que viveram por tanto tempo. “Raya e o Último Dragão”, além de ter um visual lindíssimo e uma bela história, também tem uma galeria de personagens carismáticos que fazem com que o filme seja memorável. O filme começa em um cenário pós-apocalíptico, com uma amazona solitária percorrendo o mundo em busca de uma maneira de salvar esse mundo fragmentado – em parte por causa dela. A jornada de Raya, então, é tanto pelas terras de Kumandra quanto dentro de si mesma.

Só assim ela pode reunificar o país e salvar as pessoas que foram transformadas em pedra.

Na primeira parte do filme, Raya nos conta como chegamos a esse cenário pós-apocalíptico da primeira cena. Há 500 anos, o reino de Kumandra vivia em paz, em um mundo que era povoado por dragões, que lhe traziam paz, água e harmonia – até que as terras fossem atacadas por Druuns, criaturas assustadoras que devoravam tudo o que viam pela frente e transformavam os humanos e dragões em pedra… o mundo parecia perdido, até que o último dragão, Sisu, concentrasse toda sua magia em uma pedra e a usasse para espantar os Druuns de uma vez por todas. Raya até comenta sobre aquele era o momento de todos se unirem e agradecerem a Sisu pela sua magia, mas os humanos se voltaram uns contra os outros brigando pela pedra mágica, e então Kumandra se desfez… fronteiras foram traçadas e as diferentes “nações” passaram a se odiar.

Agora, 500 anos depois, o pai de Raya, que é o guardião da Pedra Mágica de Sisu, sonha com a reunificação de Kumandra, embora ela pareça impossível… as cinco nações, agora nomeadas com diferentes partes de um dragão (Coração, Cauda, Presa, Coluna e Garra), parecem não saber conviver em harmonia, e quando o Chefe Benja os convida todos ao Coração, para um jantar, Raya, uma garota inocente, acaba cometendo um erro gravíssimo… ela confia em quem não devia, a Princesa Namaari, da Presa, e a convida para ver a Pedra Mágica de Sisu – e é claro que ela tenta roubá-la, e sinaliza para todos onde a pedra está escondida. Ali, todas as cinco tribos lutam pela pedra, e quando eles a derrubam, os Druuns se erguem mais uma vez e assolam novamente o mundo, causando caos e destruição… o Chefe Benja é um dos que viram pedra, e Raya vive com essa culpa.

Seis anos depois, retornamos ao início do filme, aquele cenário pós-apocalíptico com Raya sendo uma amazona solitária, em busca do último dragão, seguindo uma antiga lenda que ela espera que a leve até Sisu – e é muito legal vê-la encontrando o dragão. Essa é, ainda, a introdução do filme, e a querida Sisu faz sua estreia sendo totalmente diferente do que podíamos esperar, pelas lendas, mas sendo absolutamente encantadora, porque ela é um dragão meio desajeitado, talvez não tão talentosa quanto seus irmãos, e com um timing de comédia realmente fenomenal. Além de ser linda. Raya espera que Sisu possa fazer o que fez mais de 500 anos atrás, quando usou sua magia para derrotar os Druuns, mas nem tudo é como a lenda conta, e talvez ela não consiga sozinha… por isso, ela e Raya se colocam a reunir as 5 partes da pedra quebrada há 6 anos.

E essa é uma jornada DELICIOSA. É aqui que está a alma do filme: essa constante aventura por diferentes cenários, cada uma das partes da antiga Kumandra tendo sua própria cara e personalidade, e cada pequena conquista é admirável. Enquanto reúnem diferentes partes da Pedra Mágica, Sisu vai ganhando diferentes poderes, que foram de seus irmãos (poderes como brilhar, se transformar em humana, névoa…), e Raya vai ganhando companheiros em sua aventura, formando um grupo muito interessante. Eu estava fascinado pela estética do filme e pela sinopse curiosa e instigante, mas foram os vários cenários e possibilidades, além dos vários personagens carismáticos, que me conquistaram de fato… no fim, eu queria continuar nesse mundo de Kumandra por muito mais tempo, conhecendo cada detalhe e cada uma dessas pessoas.

Além de Tuk Tuk, o tatuzinho de Raya que é uma gracinha, e da Sisu, que é um verdadeiro espetáculo à parte, outros personagens que se juntam a Raya são: o “Capitão Boun”, um garotinho de 10 anos que vive sozinho em um barco, para escapar dos Druuns que levaram toda sua família, e que rende ótimos momentos divertidos; a bebezinha Noi, que é uma graça, mas um tanto quanto assustadora, porque Raya a conhece quando é enganada por ela e ela rouba as partes da pedra que Raya está reunindo, mas seus talentos como ladra acabam sendo bastante úteis eventualmente; e Tigon, um homem que vive sozinho depois de os Druuns terem levado sua família também. Esse é o cenário desolador de Kumandra atualmente, depois que as brigas entre os humanos fizeram com que o cenário fosse propício para o retorno e destruição dos Druuns.

Um dos momentos mais bonitos do filme acontece quando Sisu adquire o poder de controlar a água e a chuva, e então ela meio que “voa” em volta do barco deles, em um momento simples e bastante emocionante do filme… também é nesse momento que Sisu leva Raya de volta para casa, de volta para o Coração, que foi onde tudo começou, não só há 6 anos, mas também há mais de 500: foi ali que os irmãos confiaram nela para que ela usasse a Pedra para derrotar os Druuns, e Sisu conta toda a história, de como eles juntos construíram aquela Pedra, e ela foi apenas a escolhida… ela não sabe por quê, mas confiaram nela. E percebemos que é o que Raya vai ter que fazer agora: desde que foi enganada por Namaari, Raya desistiu de acreditar nas pessoas, mas Sisu a mostra que ela vai ter que voltar a fazer isso se quiser derrotar os Druuns dessa vez.

Como foi há mais de 500 anos. Confiando um no outro.

Então, Raya vai até Presa para falar com Namaari e, quem sabe, conseguir a última parte da Pedra do Dragão, e nós mesmos queremos acreditar em Namaari naquele momento, mas a verdade é que ela ainda é muito influenciada pela mãe, e foi angustiante acompanhar o momento em que Raya confia nela e ela a trai novamente, e é Sisu quem paga por isso, levando um tiro – e, com a morte do último dragão, a água também se vai de Kumandra e não há mais nada que possa deter os Druuns. É desesperador, com os Druuns atacando por todos os lados, o poderoso Reino da Presa ruindo, e o grupo formado por Raya, Boun, Noi e Tigon fazendo de tudo para salvar as pessoas daquele lugar e afastar os Druuns, mas eles percebem, eventualmente, que eles não vão conseguir. Que só existe uma maneira de fazer isso, e é unindo as 5 partes da Pedra Mágica.

Como Namaari se recusa a entregar a sua, Raya então resolve dar o primeiro passo e entrega para ela a sua própria parte da Pedra, para que ela os reúna todos e derrote os Druuns – e, ao fazê-lo, Raya é a primeira a se transformar em pedra. É a recriação da cena com os dragões, há mais de 500 anos, e agora Namaari vai ter que fazer o que Sisu fez na época. Quando todos entregam suas partes da pedra para Namaari e são devorados por Druuns, Namaari pensa em fugir, mas percebe que confiaram nela e que ela não pode fazer isso, então ela se abaixa para montar a Pedra Mágica e, como Sisu, ela afasta todos os Druuns, salvando Kumandra… os Druuns são derrotados e a chuva traz de volta todos que viraram pedra, inclusive o Chefe Benja e, dessa vez, OS DRAGÕES. É uma sequência tão bonita dos dragões voando e, depois, trazendo Sisu de volta à vida.

UM MOMENTO EMOCIONANTE.

O filme é lindíssimo. Ele tem toda uma mensagem contra o egoísmo da humanidade, a busca por poder, a inveja… fala sobre a necessidade de se confiar nas pessoas, de deixar diferenças de lado e unir-se, e faz isso tudo através de uma narrativa repleta de cor, cenários diferentes, muita aventura e, por isso, é um verdadeiro espetáculo, tanto aos olhos quanto ao coração. Uma animação que deve agradar às crianças, por causa do seu visual deslumbrante e dos personagens divertidos e carismáticos que o compõem, mas também deve fascinar os adultos pelos mesmos motivos, além do tom reflexivo que ele eventualmente proporciona. “Raya e o Último Dragão” é uma das melhores animações que eu assisti nos últimos anos, e não é à toa que ela está com 94% de aprovação no Rotten Tomatoes. Realmente, é um filme espetacular, para se assistir, sorrir, chorar, pensar e guardar no coração.

 

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