My School President – Episode 11

Interpretando a regra do Clube.

Sabe quando as pessoas falam sobre “o temido episódio 11”? É o mesmo princípio de um filme de comédia romântica, em que alguma coisa dá muito errado antes de o casal principal conseguir acertar as coisas e seguir adiante, felizes juntos, enfim. É natural, faz parte do gênero, é de se esperar. Ainda assim, eu fico muito contente com a maneira como algumas séries conseguem “escapar” dessa tradição e, ainda assim, manter a dramaticidade, o suspense e, é claro, a preparação para o grande clímax no episódio final. Assim como aconteceu com “Bad Buddy”, “My School President” FELIZMENTE não apostou em uma separação forçada e sem sentido para Tinn e Gun, e construiu um episódio com tom melancólico por outros motivos, ao mesmo tempo em que fortaleceu o romance do casal principal.

Na minha opinião, não poderia ser mais perfeito.

O episódio anterior terminou logo depois da apresentação da Chinzhilla na final da Hot Wave, pouco antes do momento em que o resultado é anunciado… e esse episódio traz um Gun cabisbaixo antes mesmo de vermos oficialmente o resultado, mas isso nos prepara para sabermos o que esperar daquele momento: Chinzhilla não foi a grande vencedora. O que não quer dizer que eles não tenham dado o seu melhor e não tenham arrasado na apresentação, porque eles foram INCRÍVEIS. Mas eles não foram os grandes vencedores, e agora precisam lidar com a frustração, já que muita expectativa e trabalho duro tinham sido colocados sobre aquele concurso… e é natural que eles não estejam em seu melhor humor ou com tanta vontade de voltar a cantar.

Acho que “My School President” lida bem com sentimentos compreensíveis pelos quais todos nós já passamos em algum momento da vida, quando planejamos algo, ansiamos por algo ou torcemos por algo, e as coisas não saem conforme planejamos… há um quê de desânimo natural que não chega a ser prejudicial, desde que ele não se prolongue indefinidamente: Gun e os demais têm o direito de passarem pelo “luto” em relação ao Hot Wave, até que eles estejam prontos para voltar com tudo. E, como sempre, Tinn está ali por Gun, fazendo companhia para ele, mas também dando a ele o seu tempo e o seu espaço, e ele acredita ter encontrado a oportunidade perfeita para a Chinzhilla voltar a ensaiar (como não fazem desde a final) e voltar a se apresentar:

UM SHOW NO BAILE DE FORMATURA.

Bem, já podemos esperar um último episódio no Baile de Formatura e vai ser perfeito!

Gun até fica todo animado com a ideia, e a banda se reúne mais uma vez para ensaiar, e é doloroso ver a maneira como eles não conseguem… tudo parece voltar à tona para Gun em pensamentos e memórias negativas, e ele simplesmente não consegue cantar, e os demais integrantes da Chinzhilla tampouco estão em sua melhor forma – Win está esquentado de uma maneira preocupante que diz coisas impensadas e que magoam, algo que vai escalando ao longo do episódio até um momento que parece irreversível… mas felizmente não é. E quando Gun sai no meio de um ensaio, antes de conseguir voltar a cantar, Tinn o segue até a piscina, onde eles ficam sentados lado a lado e conversam, como sempre fazem. Gun sabe que sempre pode contar com Tinn.

Tinn é o namorado mais perfeito que qualquer pessoa poderia ter.

Mas falando em namoros, o episódio brevemente se dedica ao romance de outros personagens. Temos um pouco de Sound e Win porque Sound está tentando “controlar” o Win toda vez que ele explode e diz o que não deveria dizer aos amigos, e fico contente de perceber que eles já estão oficialmente se tratando como “namorados”. E temos o início de um romance quase “esquecido”, que é o de Por e Tiw – e é uma pena que não tenhamos ganhado mais desenvolvimento para esses dois, porque eles provaram que entregariam algo muito fofo. Afinal de contas, Tiw sempre foi um dos melhores personagens de “My School President”, e quando ele é o único que sobra no ensaio da Chinzhilla que todos abandonam, sobra ele para jantar com Por.

E mandar a melhor indireta diretíssima possível.

Para fins dramáticos, Por acaba se acidentando e acredita ser uma punição por ele não ter cumprido a promessa que fizera naquela viagem à praia antes da Hot Wave… então, fica decidido que todos vão juntos: afinal de contas, todos fizeram pedidos, todos foram atendidos (porque nenhum pediu para ganhar a Hot Wave, no fim das contas), e todos precisam fazer a sua parte – quando Gun convida Tinn para ir junto e ele pergunta se “está tudo bem ele ir”, percebemos uma provocação dos minutos finais do episódio e a compreensão de Tinn a respeito da regra do Clube de Música, mas isso fica ainda para mais tarde… primeiro, eles têm uma road trip divertidíssima para fazer, que termina com uma estrada fechada e uma longa e inesperada caminhada a pé.

E, ali, tudo parece explodir. Eu adoro como “My School President” é uma série leve, divertida e que nunca falha em colocar um sorriso no nosso rosto – e como ela conseguiu incluir, sem perder a sua identidade, uma sequência extremamente dramática e forte que dá ao episódio um tom de melancolia e uma conclusão ainda mais emocionante para os eventos. Pressionados pela frustração após terem perdido a Hot Wave e pela exaustão de subir aqueles longos quilômetros a pé, os nervos acabam à flor da pele em algum momento da caminhada, Pat toma um suco que era parte da oferenda, Win surta e acusa Gun de ser o responsável por eles terem perdido a competição… as coisas saem tanto de controle, coisas tão pesadas são ditas, e Gun passa tanta emoção na sua postura e no seu olhar…

Eu me questionei se haveria retorno dali.

E há.

Fiquei muito chateado com Win – de verdade. Acho que ele disse coisas descabidas que um simples pedido de desculpas não resolveria tão simplesmente, mas Pat começa os pedidos de desculpas, e Win eventualmente se junta a ele e parece sincero e arrependido quando se desculpa com Gun, e é brilhante ver a expressão de Gun se transformar aos poucos até que ele abrace Win e, logo, todos estejam unidos em um único abraço. Esse é um momento particularmente forte do episódio, na minha opinião, porque mostra a realidade de um grupo de amigos que não é perfeito, e no qual brigas vão acontecer às vezes, mas isso não quer dizer que eles não se amem e não se entendam e, naquele momento, depois de tudo ser colocado para fora, eles se entendem…

Dali em diante, o episódio nos conduz por sentimentos sinceros e emocionantes, o ápice vindo em duas partes. O primeiro grande momento emocionante da viagem da Chinzhilla acontece quando eles falam sobre o que pediram na primeira viagem que fizeram, e percebem que nenhum deles pediu pela vitória, mas pediram coisas que eram importantes para que eles fizessem a sua parte, e todas elas se realizaram… Gun é o último a falar a respeito do seu pedido (destaque para o Tinn, absolutamente fofo, dizendo a Gun que o seu pedido era que o que quer que Gun tivesse pedido se realizasse), e ele fala do medo que sentiu ao assumir o Clube, e como ele desejou que eles não se arrependessem de ser parte dele… e nenhum deles jamais se arrependeu.

O segundo grande momento é logo depois do jantar (destaque para o Tiw aparecendo com uma surpresa para o Por e mais uns flertes fofos), quando Yak liga para Gun para se gabar por uma competição que eles ganharam na faculdade, e diz que vai enviar para eles uma música que foi a que ouviram e que os fez querer voltar para a música depois de eles terem perdido a Hot Wave no ano anterior: e a música que ele envia é um vídeo deles mesmos, quando eles cantaram para Yak e os amigos depois da derrota deles… é tão simples e, ao mesmo tempo, tão grandioso. A música é lindíssima, e a edição da cena também é muito simbólico, porque mostra Gun e os amigos assistindo a eles mesmos. É lindíssimo o que Yak fez, na verdade, e eu não sabia que ele era capaz disso.

Não poderia haver força melhor.

Agora, eles estão prontos para VOLTAR COM TUDO.

Assim, a viagem cumpre seu papel: Chinzhilla está de volta! E ainda ganhamos aquela cena fofíssima de Gun e Tinn quando Tinn vai deixar Gun em casa depois da viagem, e cita a regra do Clube de Música, dizendo que não se importa em esperar até que Gun esteja na faculdade… e, caso lá também exista alguma regra que o impeça de namorar, ele pode esperar até ele se formar e conseguir um emprego. Adoro que o Gun, travesso que só, deixa o Tinn falar tudo o que ele tem a dizer (e não posso culpá-lo, porque é fofo demais), com um quase sorriso debochado no rosto, antes de relembrar a regra do Clube de Música e pedir que ele escute com atenção: a regra dizia que ele não podia namorar ninguém até que a Hot Wave terminasse; nunca falou nada sobre ganhar.

Era mais uma questão de dedicação plena do Clube à competição, sabe? Infelizmente (ou não, porque cria essa expectativa para o último episódio, propositalmente), “My School President” ainda não entrega o beijo de Tinn e Gun, mesmo quando parece que está para acontecer e tudo foi construído para isso, porque Gun fala alguma coisa a respeito de “conversar com a sua mãe quando ela sair do hospital antes”, mas na verdade eu acho que ele só gosta de provocar o Tinn mesmo… e o faz muito bem. De todo modo, o episódio termina com os dois felizes, sorridentes, e mais apaixonados do que nunca. “My School President” construiu uma belíssima relação pura e saudável para esses dois, e eu fico muito contente que isso não tenha sido maculado por caprichos do roteiro.

Eles sempre foram e continuam sendo perfeitos.

Por fim, preciso comentar a respeito de Photjanee, a mãe de Tinn, que descobrira a respeito dele e de Gun no episódio passado, e cuja reação nos deixou apreensivos desde então… ao longo do episódio, no entanto, eu fui começando a respirar mais aliviado, porque ela não parecia realmente problemática, homofóbica ou prestes a proibir o romance quando ela vai até a loja da mãe de Gun para vê-lo e conversar com ele (embora acabe não conseguindo perguntar o que foi perguntar), nem quando, naquele mesmo dia, Tinn pergunta para ela se pode ir em uma viagem à praia para a qual um amigo seu o convidou… acho que ajuda o fato de Tinn não ter mentido para ela e ter dito que “era um amigo do Clube de Música”, e ter confirmado que era o Gun quando ela perguntou.

Parece-me que Photjanee pode ser uma boa mãe. Ela reconhece o bem que Gun tem feito a Tinn quando descobre, por exemplo, que Tinn voltou a subir ao palco, mesmo que isso tenha sido um trauma que o acompanhou desde a infância, desde aquela apresentação sobre a qual ele já contou ao Gun. E sabe que foi graças ao Gun. Seu receio fica claro, enfim, em um diálogo muito bonito com o pai de Tinn, depois de ela assistir ao vídeo do filho cantando na internet, quando ela externa uma preocupação comum de muitos pais de filhos LGBTQIA+: e se o mundo for cruel com o Tinn? Infelizmente, ela não tem como impedir que o mundo o seja, mas o pai diz algo lindo: se o mundo for cruel com ele, eles devem ser a paz de espírito que Tinn encontrará quando voltar para casa.

Chorei nessa cena. Forte e bonito.

 

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