Todos Menos Você (Anyone But You, 2023)
“Is that Tasmania?”
Vagamente
inspirado em “Muito Barulho Por Nada”
– peça de William Shakespeare escrita provavelmente entre 1598 e 1599 –, “Todos Menos Você” é uma comédia
romântica divertida sobre duas pessoas que se conhecem em uma situação
inusitada e compartilham um primeiro encontro inicialmente caótico, mas
praticamente perfeito, depois do qual os caminhos acabam se separando por causa
de decepções mútuas… e mal-entendidos. Sydney Sweeney e Glen Powell dão vida a
Bea e Ben, em uma série de situações que tem um pouco de caos, provocação,
sensualidade e muita comédia! O roteiro do filme, que chegou ao Brasil apenas
no comecinho de 2024, no dia 04 de janeiro, fica a cargo de Ilana Wolpert e
Will Gluck, e a direção por Will Gluck.
Eu gosto
muito de como a base de grandes peças de William Shakespeare seguem sendo
importantes em contagens de histórias ao longo dos séculos, sejam elas de época
ou não – temos a brasileiríssima e deliciosa “O Cravo e a Rosa”, por exemplo, que tem por base a comédia “A Megera Domada”; temos inúmeras
versões de “Romeu e Julieta”, sejam
elas oficialmente adaptações e/ou
releituras da peça original ou não, e menciono como exemplo o musical “West Side Story”, de Stephen Sondheim,
que eu adoro; e temos até mesmo “Hamlet”
servindo como base para o famoso “O Rei
Leão”. Você pode até nunca ter parado para ler, de fato, uma peça de William Shakespeare, mas a verdade é que
provavelmente você já teve contato com suas histórias…
Não sei bem
quais eram minhas expectativas para o
filme, mas eu preciso dizer que eu gostei
muito mais do que eu estava esperando. Parte de mim foi inevitavelmente
atraído ao filme pela beleza de Glen Powell, não vou negar, mar o filme é mesmo uma deliciosa comédia – talvez
antes mesmo de ser um romance! Apesar de ser a história de Bea e Ben, e de eles
terem uma química divertida, com direito a um romance fofo pelo qual somos
facilmente capazes de torcer, o filme também se entrega genuinamente à comédia e a faz bem, arrancando boas risadas
sinceras da audiência, e se tornando um daqueles filmes que eu assisto com um
sorriso no rosto… e termino com uma sensação boa, com o coração quentinho. É um filme alto astral que faz bem!
Bea e Ben se
conhecem em uma cafeteria, quando ele é bacana com ela a ajudando a conseguir a
chave do banheiro que os atendentes estão se recusando a dar, e eles passam um
dia – e uma noite – perfeito, com sorrisos, risadas, conexão, bons beijos… até
que Bea resolve ir embora antes de Ben despertar e, quando ela percebe que não
faz sentido o que está fazendo e retorna, ela o escuta falando mal dela para um
amigo (algo que nem é verdade, mas que ele soltou motivado pela decepção de ela
ter ido embora). Seis meses depois do que eles provavelmente passam a chamar de
“o pior encontro da sua vida”, eles se
reencontram porque a irmã de Bea está namorando com uma das melhores amigas
de Ben… e parece que eles se verão mais de agora em diante.
A dinâmica
de constante troca de farpas funciona muito bem, e é uma das melhores coisas no
filme… é curiosa essa “virada” de eles terem parecido tão românticos e tão
“perfeitos um para o outro” nas cenas introdutórias, e então não poderem estar
no mesmo cômodo sem todos aqueles comentários passivo-agressivos e indiretas
(nem tão indiretas assim), de uma
maneira quase infantil. Quando Halle e Claudia anunciam que vão se casar fora
do país, Bea e Ben (e os demais convidados) precisam passar um fim de semana na Austrália – e, no caso deles, dividir a
mesma casa. Agora, eles precisam encontrar uma maneira de conviver, ao menos, e tomar cuidado para não acabar com o fim de
semana perfeito de Halle e Claudia… o que
pode ser um problema.
É um fim de
semana repleto de manipulações e planos… como eles parecem “se odiar” e prestes
a “matar um ao outro”, um grande grupo de amigos se reúne para tentar
manipulá-los para que eles fiquem juntos, e eles percebem rapidinho o que está
acontecendo – como o Ben está querendo fazer ciúmes para “reconquistar” uma
ex-namorada que partiu o seu coração há muito tempo, e Bea tem que lidar com a
pressão dos pais e a presença surpresa do seu ex-namorado, Jonathan, que foi
convidado para o casamento, os dois resolvem “entrar no jogo” e fingir que eles estão mesmo juntos… isso
pode tirar as pessoas do seu pé. Então, eles entram em uma grande brincadeira
até o ponto de não saberem mais o que é real e o que eles estão apenas
fingindo…
Além de ter
o visual lindíssimo da Austrália, eu acho que o filme se sai muito bem tanto na
comédia quanto no romance. Dei boas risadas de toda a falta de jeito de Bea e Ben tentando convencer aos demais de que realmente estão juntos, seja na cena
após a escalada, no topo daquela montanha (é tão absurdo que acaba sendo divertido, e Glen Powell estava um
espetáculo!), ou quando eles tentam reproduzir a famosa cena de “Titanic” em um barco, e acabam caindo no canal – o que, curiosamente,
acaba os levando até um dos momentos mais sinceros dos dois, em que eles
conversam, se conectam, pedem desculpas, e veem um ao outro além de todos os
mal-entendidos, decepções e provocações… e
eles ganham uma reprise da primeira noite deles.
Com direito a um deles fugindo antes do
outro acordar e tudo!
Há aquele
tradicional desvio que faz parte da estrutura do gênero comédia romântica, e
não há melhor maneira de reverter isso do que com o chamado “grande gesto” – e
Ben é um fofo pulando na água no meio do casamento e pedindo que “chamem a
guarda costeira” (ri muito do pai da Bea se preparando para pular também, ele
pulando na piscina é uma das cenas mais engraçadas do filme!) para resgatá-lo e
levá-lo até a Ópera de Sydney, porque ele sabe
que é lá que Bea estará… é um daqueles gestos românticos que representam muita coisa para os dois, graças à construção
do filme, e não tem como não se render à fofura dos dois, a declaração, o beijo
apaixonado… um filme realmente DELICIOSO que me fez bem e me arrancou sorrisos,
risadas e suspiros.
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P.S.: Que DELÍCIA de créditos com o
elenco cantando a “música de conforto” de Ben em diferentes momentos da
gravação do filme, o que rende alguns momentos fofos e outros momentos
hilários. Uma ótima maneira de se despedir de “Todos Menos Você”.
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