Sítio do Picapau Amarelo (2007) – O Saci Contra-Ataca: Parte 1

Narizinho é transformada em pedra!

É hora de retornar ao Sítio de Dona Benta com a última temporada da segunda adaptação da Rede Globo. Em uma roupagem nova que é uma ruptura com o estilo usado entre 2001 e 2006, a sétima temporada desse “Sítio do Picapau Amarelo” é praticamente um reinício das aventuras da turminha do Sítio, embora não retorne ao Reino das Águas Claras… ainda assim, influências diretas dos livros são percebidas e o programa volta para o formato de histórias independentes, pescando alguns elementos da primeira versão da Rede Globo, de 1977 a 1986, como a própria Emília. Embora visualmente a Emília da Tatyane Goulart seja única e tenha dividido opiniões, sua atuação se assemelha ao tom dado à personagem por Reny de Oliveira, então não tem como eu não a amar.

A Reny é uma das minhas Emílias favoritas, e só o fato de a Tatyane Goulart me fazer pensar nela enquanto eu assisto já é algo que faz com que eu goste muito dela! É até engraçado, pensando que Isabelle Drummond ficou no papel da bonequinha durante seis temporadas inteiras, e embora eu ame a Emília da Isabelle, ela deu seu próprio tom à personagem – provavelmente pelo fato de ela ter apenas 7 anos quando começou a interpretá-la –, e associando a atuação de Tatyane Goulart a Reny de Oliveira, tudo o que eu consigo pensar é: ELA É A EMÍLIA. E ela me convenceu mais ou menos lá na primeiríssima cena, quando ela está conversando com os besouros sobre a chegada do Pedrinho, para as suas férias no Sítio do Picapau Amarelo.

Enquanto Narizinho, Emília e o Tio Barnabé vão ao Arraial dos Tucanos para buscar o Pedrinho, o Arraial está recebendo o seu mais novo morador: o Barão de Tremembé de araque. O suposto Barão (que, na verdade, não passa de um impostor interesseiro) chega à cidade com sua assistente, Minerva, e os dois visitam o Sítio de Dona Benta, que os recebe com a sua educação polida de sempre, dizendo que é um prazer receber um representante da família que fundou o Arraial… e a astuta bonequinha de pano desconfia do bom-caráter do “Barão de Tremembé” desde o primeiro encontro – afinal de contas, os seus olhinhos de retrós veem mais que os olhos das outras pessoas. E quando Dona Benta conta uma fábula de um macaco que bastou colocar uma cartola e falar cheio de pompa para enganar todo mundo…

Bem, é o próprio “Barão”, não é?!

Uma das grandes novidades do “Sítio do Picapau Amarelo 2007” é, com toda a certeza, a Cuca. Pela primeira vez deixando de lado a icônica fantasia de jacaré e cabelo loiro, a Cuca agora é interpretada por Solange Couto, em uma caracterização muito mais macabra do que qualquer outra que a jacaroa já tenha tido… e ela está em busca do título de “Rainha das Coisas Feias”, que, para conquistar, ela precisa fazer uma maldade muito grande. Então, Cuca se volta contra o pessoal do Sítio do Picapau Amarelo, invadindo alguns sonhos em busca de ideias, atormentando o Pedrinho primeiro (que a coloca para correr), e indo atrás dos outros moradores depois… essa coisa de “entrar no sonho das pessoas” é um conceito muito interessante para a Cuca, na minha opinião!

O Saci, por sua vez, está atormentando os funcionários da Dona Benta – que, por sua vez, também me lembram muito os personagens de 1977 a 1986. Ele coloca pregos onde eles vão se sentar, ou salga o café que a Tia Nastácia vai oferecer ao Barão de Tremembé, por exemplo, e é assim que começa essa fixação do Barão com o Saci. Inicialmente, ele acha que isso tudo é “muito imaginativo” e “um disparate”, mas quando o Saci aparece na motinha dele quando ele está indo embora do Sítio, não tem por que ele não acreditar na sua existência… mais do que isso, ele acredita que essa é uma mina de ouro – desde que, é claro, ele consiga capturar um Saci… talvez com a ajuda do neto de Dona Benta, que se vangloriara de já ter capturado um Saci uma vez.

Gosto de como, embora seja um recomeço, a temporada de 2007 já tem coisas estabelecidas… o Pedrinho já capturou um Saci uma vez, já se tornou amigo dele, tudo está encaminhado para ele ser enganado pelo “Professor Camilo Cascalho” (o disfarce do “Barão de Tremembé”), que se diz um pesquisador do folclore brasileiro e se aproxima de Pedrinho para perguntar sobre sacis, e quando o garoto se gaba de ser amigo de um, o Professor o desfia a “provar” o que está dizendo… afinal de contas, ele precisaria basear a sua pesquisa em provas, e não “em relatos duvidosos”. Para não passar por mentiroso, Pedrinho resolve provar que está dizendo a verdade, capturando outro Saci, que ele pega direto de dentro de um gomo de bambu, onde eles vivem por 7 anos antes de sair para o mundo.

Agora, o “Professor Camilo Cascalho” infelizmente tem mesmo um Saci

A Emília, enquanto isso, sai sozinha para o Capoeirão em busca dos “verdadeiros donos da terra”, depois de ouvir uma história de Dona Benta a respeito dos índios – mas a bonequinha acaba dando de cara é com o Caipora, o que rende uma das minhas sequências favoritas nesse início de temporada nova! Sempre gosto de ver a Emília se apresentar como “Emília, a Marquesa de Rabicó”, e o diálogo sobre o cheio dela confundir o Caipora e ela explicando que é porque “é meio gente, meio bicho e meio planta” é sensacional! E a espertinha da boneca fica imediatamente interessada pelo Muiraquitã, o amuleto do Caipora, e encontra uma maneira de o enganar, o convencendo a trocar o Muiraquitã por um “super amuleto” que, na verdade, é um simples botão.

Em posse do Muiraquitã, Emília faz de tudo para escapar da mata antes de ser encontrada pelo Caipora, que logo vai perceber que foi enganado (!), e então tenta convencer o amuleto a ir embora com ela para o Sítio do Picapau Amarelo, em uma fala muito interessante na qual ela tenta convencê-lo de que o Sítio de Dona Benta é o lugar mais incrível do mundo, falando sobre todos os seus moradores, em uma cena que, em 2007, foi usada como reapresentação do “Sítio do Picapau Amarelo” nas propagandas antes da estreia da nova temporada. Emília até convence o Muiraquitã, mas o poder do Caipora é muito grande, e ele faz com que a bonequinha se perca no Capoeirão, e o seu sumiço prolongado começa a preocupar o pessoal do Sítio do Picapau Amarelo.

Afinal de contas, quando Emília some, é sinal de encrenca.

O sumiço de Emília leva Narizinho, preocupada, para a mata, e isso talvez seja tudo o que a Cuca esperava… a oportunidade de fazer uma maldade que a consagre Rainha das Coisas Feias finalmente – “A menina do nariz arrebitado dormindo bem aqui no Capoeirão dos Taquaruçus. A neta de Dona Benta assim, sem mais nem menos, vem aqui no meu quintal!” Então, a jacaroa entra no sonho de Narizinho e, quando a garota desperta, Cuca está ao seu lado, se passando por Pedrinho (!) e a convencendo a ir com ele ver uma tal flor “com todas as cores do arco-íris”, cuja beleza “vai deixá-la paralisada”… uma flor que, quando a menina cheira inocentemente, a transforma em pedra, em um verdadeiro clássico dos livros originais do “Sítio do Picapau Amarelo”.

É um bom começo para um novo “Sítio”.

 

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