Desejos S.A. 1x03 – A Senha

“Eu quero a senha do celular do meu marido”

No primeiro episódio de “Desejos S.A.”, eu comentei sobre como o episódio me lembrara uma mistura de “Black Mirror” e “Nerve”. Chegando ao terceiro episódio (e metade da série já!), estou com uma sensação de “The Twilight Zone” e “Justiça”. De um jeito ou de outro, COMO ESSA SÉRIE ESTÁ BOA! Protagonizado por Carol Castro, “A Senha” é o terceiro episódio de “Desejos S.A.” e traz a história de Flávia Martins, uma empresária de sucesso que quer a senha do celular do seu marido, Thiago Ferrare, para saber o que ele esconde. O episódio é, talvez, o mais intenso e o mais angustiante até aqui, e Carol Castro está dando um show de atuação! Além disso, o episódio brinca com elementos passados e futuros, conforme as peças vão se encaixando…

O personagem de Silvero Pereira, cujo nome ainda desconhecemos, aparece pela terceira vez para tentar avisar que “O desejo é uma armadilha” – embora eu deva dizer que, nesse caso, Flávia estava certa em querer aquela senha e, de quebra, ela ainda mandou para a cadeia um pedófilo filho da p*ta. O episódio também conta com duas aparições breves de Alejandro Claveaux como Josué, o protagonista da primeira história de “Desejos S.A.” (vemos o outro lado da cena da senha no celular), além de um pouquinho do que ainda veremos, de outros pontos de vista, em algum episódio futuro da série: toda a história do cantor Yaco Silva, seu empresário querendo um investimento de 10 milhões que depende de Flávia, e uma mulher que é fã de Yaco.

Mas isso fica para outro episódio!

Na história de “A Senha”, Flávia Martins desconfia que o marido esteja escondendo alguma coisa… e eu confesso que, inicialmente, eu achei que ou 1) ela estava sendo paranoica e não havia nada; ou 2) ele a estava traindo. Mas a coisa é muito pior do que ela podia ter imaginado. Na verdade, Flávia estava parcialmente convencida de que Thiago estava tendo um caso com alguém, então ela tenta pegá-lo na mentira escondendo um par de brincos nas suas chuteiras, por exemplo, para saber se ele estava mesmo indo jogar bola com os amigos como dissera que ia, mas ela não consegue nada – e, por isso, movida inteiramente pelo desespero e pela desconfiança, ela faz uma ligação à Desejos S.A., aceita os termos, e consegue a senha do celular do marido.

Com a ajuda de Josué Camargo.

O episódio constrói o suspense de maneira competente, e gera uma sensação sufocante no meio de toda a afobação de Flávia para verificar o celular do marido enquanto ele ainda está desacordado com um remédio que a Desejos S.A. enviou para ela poder colocá-lo para dormir, e especialmente quando ela descobre o seu segredo… acho que, de certa forma, o episódio também funciona como um alerta e uma denúncia para a prática perversa de pessoas como Thiago Ferrare, que se passa por uma criança fã de animes na internet para se aproximar de outras crianças e conquistar a sua confiança. Enojada, Flávia toma o seu tempo para decidir o que vai fazer, e nos sentimos em seu lugar em cada cena seguinte com Thiago, na qual o olhamos com desprezo, asco, pavor e nojo.

A conclusão do episódio é incrível – e perturbadoramente dúbia. Eu acho que esse episódio tem a conclusão menos irônica dos três até o momento, mas é um final excelente! Na cena em que Flávia recebe o marido em casa com uma taça de vinho, eu sabia que havia algum plano, porque ela não ia simplesmente seguir como se nada tivesse acontecido, e parte de mim achou que ela fosse matá-lo colocando mais gotas do que o indicado em uma taça para ele, mas é muito melhor que ela O DENUNCIE PARA A POLÍCIA. É prazeroso ver um monstro como o Thiago indo preso. O que torna o final angustiante é a dúvida do que aconteceu a Flávia: quantas gotas ela colocou em sua própria taça, no fim das contas? Ela se matou? Ou ela só queria “dormir” depois daquilo tudo?

Talvez saibamos em outro episódio seu destino.

E talvez não… talvez a intenção seja justamente que não se saiba.

 

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