Wish: O Poder dos Desejos (Wish, 2023)

“Um desejo só… de que exista algo a mais pra nós”

EU ACHEI UMA ANIMAÇÃO DELICIOSA! Com um visual bonito, uma história emocionante e músicas com grande potencial de se tornarem populares, “Wish: O Poder dos Desejos” é a animação lançada pela Disney para celebrar os 100 anos do estúdio – e eu acredito que esse é o principal motivo pelo qual o filme não é celebrado como ele poderia e deveria ser: o filme carregou o peso dessa responsabilidade gigantesca e, consequentemente, teve uma expectativa exacerbada colocada sobre ele, de modo que muitas pessoas podem ter se decepcionado… talvez não seja a melhor animação lançada pela Disney, mas se você deixa de lado toda essa pressão de “ser o filme a celebrar os 100 anos do estúdio”, “Wish: O Poder dos Sonhos” é de fato um excelente filme!

A animação, que mescla técnicas e, portanto, tem uma cara diferente das últimas animações lançadas pela Disney, em uma tentativa de homenagear diferentes fases do estúdio, nos leva até o Reino das Rosas, um lugar que acolhe pessoas dos quatro cantos do mundo, e é regido pelo poderoso Rei Magnífico, um feiticeiro bonitão e vaidoso que é amado por seu povo e recebe os desejos de todos os moradores do reino quando eles completam 18 anos: os desejos, armazenados em belas orbes iluminadas, são entregues de bom-grado para serem “protegidos” e, quem sabe, realizados, em cerimônias esporádicas que o Rei transforma em um verdadeiro espetáculo… mas, a partir do momento em que são entregues, os desejos deixam de ser parte de quem o desejou…

É como se parte deles estivesse indo embora…

Asha está prestes a completar 18 anos, e ela está quase sendo escolhida para se tornar aprendiz do Rei Magnífico – e é então que ela descobre que o rei não é tão perfeito quanto todos pensam. A maioria daqueles milhares de sonhos armazenados em uma sala no castelo ficarão ali para sempre, porque Magnífico escolhe realizar apenas os que não considera “perigosos” ao Reino das Rosas… mas ele tampouco pensa em devolver os sonhos para as pessoas, para que elas possam tentar realizá-los elas mesmas. Atordoada e desiludida, Asha tem o seu momento impactante de protagonista da Disney ao cantar “This Wish”, e é o momento em que as coisas mudam para Rosas, porque uma estrela cai do céu para ajudar Asha a salvar o reino e os desejos de seu povo!

O filme é uma aventura deliciosa que traz um pouquinho do que a Disney nos entregou ao longo dos seus 100 anos de história: temos animais falantes extremamente carismáticos, como o Valentino; temos um mascote adorável, dessa vez na forma de uma estrela cadente; temos um vilão perverso capaz de tudo para manter a sua posição; e temos uma protagonista sonhadora e decidida, que vai fazer de tudo para conseguir o que quer… a grande missão de Asha é invadir o castelo e libertar todos aqueles desejos que o Rei Magnífico não pretende realizar mesmo – e não é um “roubo”, já que aqueles desejos não pertencem a ele, de qualquer maneira… e Asha tem a ajuda de seu bode de estimação, da estrela que caiu do céu e, é claro, de sete bons amigos…

Como celebração aos 100 anos de Disney, eu acho que “Wish: O Poder dos Sonhos” faz um trabalho muito bacana de brincar com referências que, particularmente, me agradou bastante. Talvez algumas pessoas estivessem esperando algo mais direto, como foi feito no curta “Era Uma Vez Um Estúdio”, mas não era a intenção aqui, já que “Wish” é um filme independente, apesar de suas referências. Temos o fato de Saba, o avô de Asha, estar celebrando seus 100 anos, por exemplo, e todo o conceito de “desejo feito a uma estrela” vem de “Pinóquio”, cuja música “When You Wish Upon a Star” se tornou o tema da Disney. Também temos referências à Fada Madrinha de “Cinderela”, ao “Peter Pan”, a “Zootopia” em uma fala de Valentino, e por aí vai…

Visualmente, também temos referências a várias animações, como “Pocahontas” (o cabelo de Asha ao vento na reta final) e “Enrolados” (os desejos subindo iluminados ao céu). Além disso, o filme brinca com referências quase diretas a “Branca de Neve e os Sete Anões”, que foi a primeira animação lançada pela Disney, em 1937. As referências estão em detalhes como a história sendo narrada a partir da abertura de um livro, visualmente muito parecido com o filme de 1937, ou mais escancaradas, como na concepção do próprio Rei Magnífico, que tem várias semelhanças com a Rainha Má, ou dos sete amigos de Asha, cada um baseado em um dos sete anões (e ouvimos falas como “Você é um gênio!”, “Por que será que eu sou zangado?” e “Atchim!”).

Musicalmente, eu digo sem medo: “Wish: O Poder dos Sonhos” tem uma das minhas trilhas sonoras favoritas dentre as animações da Disney – AS MÚSICAS SÃO TODAS MUITO BOAS! Compostas por Julia Michaels e Benjamin Rice (com JP Saxe colaborando em “This Wish”), o filme conta com 7 músicas originais, e eu as achei bastante modernas… daquelas músicas que eu, como fã de trilhas sonoras e de musicais, devo ouvir bastante no carro e em casa! Asha é originalmente dublada por Ariana DeBose e é sempre um prazer ouvi-la cantar, e Chris Pine, que dá voz ao Rei Magnífico, entrega a poderosa “This is the Thanks I Get?!”, que é uma daquelas músicas memoráveis de vilões… “Welcome to Rosas” também é um convite delicioso para sermos parte disso tudo.

Todo o clímax do filme entrega uma ação deliciosa de se assistir, com direito à ajuda da Rainha Amaya, a traição de Simon e a inteligência do Rei Magnífico que ameaça colocar tudo a perder, e temos aquele momento angustiante no qual o vilão se torna mais poderoso do que nunca, antes de ele ser devidamente detido por tudo o que ele tem feito há tantos anos à frente do Reino das Rosas… e ele é vencido não apenas por Asha ou pela Estrela que é a resposta do seu desejo, mas por todo o povo do Reino das Rosas que se une em uma reprise emocionante de “This Wish/Mais Pra Nós”, em um momento bonito que mostra o quanto o povo tem poder se acredita junto, e que termina com o Rei Magnífico derrotado e as pessoas recebendo de volta seus desejos…

Para que elas tentem torná-los realidade.

É uma animação muito bonita, na minha opinião. Eu me diverti com os personagens, eu me apaixonei por cada uma das músicas, eu me emocionei com a história, e termino o filme com um sorriso no rosto… e sinto que a Disney ainda tem muitas boas histórias para contar! O estúdio que esteve nas nossas vidas entregando, desde “Branca de Neve e os Sete Anões”, animações que nos encantaram ao longo de 100 anos, como “Dumbo”, “Peter Pan”, “Aladdin”, “Lilo & Stitch”, “Enrolados” e tantos outros que, ainda hoje, trazem à tona a criança que existe dentro de nós! Adorei, por sinal, os créditos finais do filme, com tantos personagens que fizeram parte desses 100 anos de história sendo representados em ilustrações iluminadas por estrelas… por desejos.

Eu gostei demais!

 

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